2019
***DULCE***
9 de novembro de 2019, Tequesquitengo, no estado de Morelos, México
Em uma ensolarada manhã de novembro, no estado de Morelos, México, um novo capítulo da minha vida estava prestes a começar. Após anos de desilusões e desafios no amor, eu estava prestes a embarcar em uma jornada que mudaria tudo.
Quem poderia imaginar que, em meio a tantas adversidades, eu finalmente encontraria alguém que me fizesse sentir verdadeiramente confortável e amada? À medida que me preparava para o meu casamento, uma mistura de emoções tomava conta de mim - nervosismo, antecipação e uma profunda sensação de gratidão por ter encontrado meu parceiro de vida.
À medida que o grande dia se aproximava, eu me vi inundada por lembranças do meu passado, dos desafios que enfrentei e das lições que aprendi ao longo do caminho. Cada obstáculo, cada decepção, havia me preparado para este momento, para reconhecer e valorizar o amor verdadeiro que agora tinha diante de mim.
Às vezes, as coisas acontecem onde menos esperamos. Foi assim que aconteceu comigo e Paco Álvarez. Nos conhecemos em uma gravação de clipe, um encontro que mudaria o curso das nossas vidas de uma forma inesperada. O que começou como uma conversa profissional rapidamente se transformou em algo mais, e antes que percebêssemos, estávamos embarcando em um relacionamento.
Paco não era o amor da minha vida, pelo menos não da forma como eu imaginava. Mas ele era alguém que gostava de mim, alguém que me trazia conforto e companheirismo. E em um mundo onde o amor muitas vezes se mostra esquivo e imprevisível, eu decidi valorizar o que tínhamos juntos.
Embora eu não pudesse garantir o futuro, eu sabia que estar ao lado de alguém que se importava comigo era um presente que não deveria ser subestimado. Quem sabe, com o tempo e a dedicação mútua, eu pudesse aprender a amá-lo de uma maneira que nunca imaginei ser possível. E mesmo que esse amor não fosse o que eu esperava, ele ainda poderia ser significativo e gratificante em sua própria maneira.
Ao contrário de tudo o que dizem pela mídia, eu convidei sim todos os ex-RBDs para o meu casamento. Para mim, eles faziam parte de uma parte importante da minha vida e queria compartilhar esse momento especial com eles.
No entanto, para minha decepção, nenhum deles compareceu à cerimônia.
Confesso que ingenuamente esperei até o último segundo a Maite chegar, para pelo menos me dar um abraço. Mas nem desculpas ela deu. Pela mídia eu fiquei sabendo que ela não foi pois estava em período de gravação e não podia faltar.
Todos os outros me avisaram que não podiam ir. Christian, com outra festa em seu cronograma, Christopher com um show, Anahí ocupada com os compromissos políticos do marido e até Poncho, que também estava envolvido em gravações - cada um tinha seus próprios compromissos profissionais e pessoais.
Embora tenha sido um pouco decepcionante que nenhum deles pudesse estar presente fisicamente, compreendi que suas agendas lotadas refletiam a natureza agitada de suas vidas após o RBD. Afinal, eles eram artistas e figuras públicas, com agendas exigentes e muitas responsabilidades...
Mas a Maite?
Essa não me disse absolutamente nada.
Em dezembro nós nos reunimos para um encontro entre amigos na casa de Poncho.
O encontro entre amigos uma oportunidade para nos reunirmos e compartilharmos momentos juntos, apesar das agendas ocupadas e das responsabilidades. Foi reconfortante ver todos reunidos novamente, cada um acompanhado de seu respectivo parceiro.
Maite chegou com o Koko e cumprimentou a todos com alegria, inclusive a mim, como se nada tivesse acontecido.
Embora no fundo eu ainda carregasse algumas mágoas e incertezas em relação ao nosso relacionamento, escolhi seguir o exemplo de Maite e deixar de lado qualquer ressentimento. Afinal, o que importava naquele momento era a amizade e o companheirismo que compartilhávamos como grupo de amigos, independentemente das turbulências do passado.
Quando Anahí perguntou sobre o meu casamento e pediu desculpas por não ter comparecido, senti um calor reconfortante em meu coração. Era reconfortante saber que ela se importava o suficiente para mencionar o assunto e pedir desculpas, mesmo que não tivesse sido possível estar lá pessoalmente.
Todos os outros amigos presentes fizeram o mesmo, compartilhando suas desculpas e expressando arrependimento por não terem podido participar.
Olhei para Maite, esperando alguma resposta ou reação dela, senti um misto de emoções. Uma parte de mim esperava que ela reconhecesse a ausência no meu casamento, talvez com uma palavra de desculpas ou um gesto de compreensão. No entanto, suas palavras e ações permaneceram neutras, sem nenhum sinal de reconhecimento sobre o assunto.
- Você também estava ocupada, Maite?
Foi então que a vi desconfortável. Ela mexeu no cabelo, olhou para o namorado, para Anahí, para mim, para o chão e depois para mim de novo.
- Eu estava em meio a gravação.
Era evidente que Maite estava tentando encontrar uma desculpa plausível para sua ausência, mas suas palavras pareciam carregadas de uma tensão não dita. Ela parou por um segundo e me olhou novamente.
- Mas você estava linda, Dulce. - disse fitando os meus olhos.
Nessa hora minha memória sensorial foi destravada e pude sentir os seus dedos tocarem a minha pele e os seus lábios tocarem o meu rosto. Um arrepio percorreu minha espinha, e meu coração parecia bater descompassado no peito. Engoli em seco, lutando para manter a compostura diante da intensidade do momento.
Tentei oferecer um leve sorriso em agradecimento, mas as palavras pareciam ter fugido de mim, deixando-me incapaz de expressar verbalmente o que estava sentindo. Não sabia se os outros presentes haviam notado a tensão que se apoderara de mim naquele instante, mas Maite, com certeza, percebera.
Foi então que ela se aconchegou mais nos braços de Koko e olhou para ele, pedindo um beijo em seus lábio, aquilo claramente era um sinal claro de que ela estava buscando uma distração, uma forma de desviar a atenção do momento constrangedor que havia ocorrido entre nós. Seu pedido foi prontamente atendido por Koko, que a beijou brevemente, enquanto eu tentava processar o turbilhão de emoções que se agitava dentro de mim.
Virei o rosto em direção a Anahí na vã tentativa de esquecer aquela cena que eu acabara de ver e buscando refúgio em sua presença acolhedora, na esperança de encontrar algum conforto para minha alma atribulada. Seus olhos transmitiam compreensão e solidariedade, e aquele simples gesto de cumplicidade foi o suficiente para acalmar um pouco a tempestade que se agitava dentro de mim.
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Nunca fomos amigas - SAVIRRONI
RomanceDesde os tempos de Rebelde, Dulce Maria sempre se sentiu à margem da amizade entre Maite e Anahí. Enquanto observava a forte conexão entre elas, Dulce se via deixada de lado, especialmente por Maite. Havia algo na presença da morena que a deixava de...