***MAITE***
Andrés estava mais cuidadoso do que o normal. Seus gestos carinhosos tornaram-se mais intensos e suas palavras ainda mais suaves. Era claro para mim o motivo por trás dessa mudança. A sombra da insegurança pairava sobre nosso relacionamento.
Eu sabia que isso era porque ele ciente da presença de outra pessoa em minha vida, alguém que despertava uma chama diferente em meu coração. Essa consciência estava deixando Andrés vulnerável, e eu podia sentir o peso de sua insegurança em cada olhar e toque.
Eu entendia as razões de Andrés, mas também compreendia que a atração que eu sentia não poderia ser ignorada. Era como se estivéssemos dançando em uma corda bamba, equilibrando-nos entre o desejo e o compromisso.
Ao chegar ao restaurante para tomar o café da manhã, acompanhada por ele e pela pequena Lia, meus olhos capturaram a imagem de Dulce e Anahí conversando.
Só pelos olhares, eu sabia que eu era o tema central daquela conversa.
Assim que me viu, Dulce abriu um largo sorriso e se levantou para me receber.
- Bom dia, meu amores! - ela se referiu a mim e a Lia.
Assim que se aproximou, tão empolgada, eu tive medo que ela me beijasse na boca. Porém, ela segurou o meu rosto e deu um beijo demorado próximo da minha orelha. Logo em seguida, levantou um pouco a coberta que tampava o rosto de Lia e deu um beijo em sua pequena bochecha.
- Bom dia, meu amorzinho.
Sorri, sem esconder o meu derretimento. Era lindo como ela nos tratava, principalmente a nossa filha.
- Bom dia, Dul! - falei.
- Bom dia! - Tovar disse sério.
Dulce parecia ter se despertado ao ouvir a voz dele. Ela respirou fundo e deu um sorriso visivelmente forçado.
- Bom dia, Andrés!
Talvez por perceber o clima tenso que havia se instalado, Anahí se levantou animada.
- Bom dia! Deixa eu ver como está a minha pequeninha! Meu filhos toda hora me perguntam quando eles vão poder brincar com a Lia!
- Falta pouco - dei risada.
Fui também olhar as crianças, dei um beijo no Manu, no Emiliano e segurei o rostinho da Mapí para lhe dar um beijo na bochecha.
- Oi, meu amor!
- Oi... - ela disse timidamente.
A Mapí é encantadora. Muito tímida e reservada de começo, mas depois fica super comunicativa e espertinha. Não vejo a hora de ela me chamar de "mamãe". Pelo menos ela já sorria para mim e aceitava os meus beijos, isso já me encantava.
***DULCE***
Acho que não vou me acostumar tão cedo com a presença do Andrés ao lado da Maite! Mas fazer o que, era isso ou nada!
Durante todo dia esperei ansiosamente meu marido chegar, pois precisava conversar com ele sobre toda a situação.
Depois de ele ver a Maria Paula pedi para conversar a sós com ele. Nossa filha ficou com a babá e nós ficamos sozinhos no quarto.
- O que está acontecendo? - Paco perguntou preocupado.- É difícil para mim admitir isso, mas eu acho que é importante ser honesta. Eu tenho sentido algo... diferente recentemente. - eu disse olhando em seus olhos.
- Diferente? O que você quer dizer? - ele perguntou surpreso.
Tentei escolher as palavras para encontrar a melhor forma de dizer.
- Eu tenho estado próxima de alguém. Alguém que despertou sentimentos em mim que eu não esperava. É a Maite.
Ele parou por um momento processando a informação.
-Maite? Como assim?
- Eu tenho me sentido atraída por ela de uma maneira que vai além da amizade.
- Dulce, eu... Eu não sei o que dizer.
- Eu não quero esconder nada de você. Você merece a verdade. Eu ainda me importo muito com você, Paco, mas não seria justo continuar com algo que está me fazendo questionar meus próprios sentimentos.
- Eu aprecio sua honestidade, Dulce. Mas isso significa que...
- Significa que precisamos repensar nosso relacionamento. - eu disse sinceramente. - Eu não quero machucar você, mas também não quero ser desonesta comigo mesma.
- E você já conversou com ela sobre isso?
Mordi o lábio. Era a hora de dizer a verdade e eu não sabia como ele reagiria.
- Bom... Eu e ela estamos namorando!
Vi os olhos dele se abrirem assustado, porém continuei falando sem dar espaço para que ele tomasse a palavra.
- A primeira vez que fiquei com ela foi no dia daquela reunião na casa da Anahí. Desde então nós ficamos algumas vezes e agora, com a nossa proximidade aqui na tour, nossos encontros aumentaram cada vez mais. Tanto de frequência como de intensidade... Bom, você me entende, né?
Ele apenas balançou a cabeça ainda em choque.
- Então, - continuei. - nós estávamos nos encontrando escondidas. Só que o marido dela descobriu essa semana. Ela ficou bem balançada e eu, no meu desespero, propus um relacionamento aberto. Então ela dorme uma noite com ele e outra comigo. Ontem foi a vez dele e hoje é a minha.
Paco franziu o cenho incrédulo ao que eu estava falando.
- Eu não consigo acreditar nisso!
Dei um suspiro.
- Mas é a verdade. E... Eu não sei o que você pensa sobre isso. Se você aceitaria um relacionamento aberto...
- Olha, Dulce. - ele balançou a cabeça.- Isso é demais para mim, eu não estou conseguindo nem processar o que você está dizendo! Ainda não consegui acreditar, quem dirá aceitar!
Suspirei novamente.
- Tudo bem, eu entendo... Mas hoje é a minha noite com ela.
- Você enlouqueceu, Dulce... -ele disse decepcionado.
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Nunca fomos amigas - SAVIRRONI
RomanceDesde os tempos de Rebelde, Dulce Maria sempre se sentiu à margem da amizade entre Maite e Anahí. Enquanto observava a forte conexão entre elas, Dulce se via deixada de lado, especialmente por Maite. Havia algo na presença da morena que a deixava de...