4. Coração- Anne

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Ao sair de uma aula de educação física (a disciplina que eu mais odeio) encontro o Simon a beijar a Ângela. Ela era realmente bonita. O seu corpo era perfeito. Sem algum defeito. Metia inseguranças a qualquer rapariga. Era tão estúpida estar enciumada por causa do rapaz que odeio. Mas sei lá, aquele casal que era o mais "invejado" ou o mais "fofo" como todos da escola diziam, parece que não está correto. Parece forçado. Os seus olhos não brilham. Não à química. Não existe chama. Não existe amor...

Oiço a murmurar algo. Mas não quero saber nem ouvir. Neste momento só quero ir para casa.

***

Vou para o conservatório o mais tarde possível. Não quero ver o Simon. Só quero me encontrar com o Oliver. Cumprimento todos menos o Simon. Depois sento-me nas escadas o meu sitio favorito. É confortável e a madeira é quente. O Simon passa por mim e olha-me por algum tempo. Quando levanto a cabeça ele pisca-me o olho esquerdo. O meu coração dispara. Mas que raio era isto. Não posso sentir estes sentimentos. Ele é o meu INIMIGO. Não se pode sentir algo quando o odeias, certo?

Quando ele entra na sal mando logo mensagem à Mary

Anne: Mary?

Mary: Sim?

Anne: Sabes o Simon?

Anne: O rapaz que eu odeio

Anne: Passou aqui ao meu lado.

Mary: O que tem de mal?

Anne: Ele piscou-me o olho e continuou a andar

Mary: Isso é grave

Mary: Ele não namora?

Anne: Sim.

Anne: Ele namora

Anne: E o pior é que o meu coração começou a bater muito mais depressa. Porque raio é que ele me fez isto?

Mary: talvez tu gostes dele

Anne: Achas? Alguma vez? Eu a gostar do Simon? Estás doida. Eu gosto do OLIVER. Tu sabes bem

Mary: Está bem. Não vou discutir contigo.

Mary: Depois não digas eu não avisei.

Anne: Nunca vai acontecer algo entre mim e ele ok?

Vista

Será que eu estou mesmo a gostar dele? Não. Anne. Tu nunca podes dele. Tu odeias o Simon. Ele odeia-te sempre assim foi.

***

Quando estou com o Oliver. Não resisto a o beijar. Aqueles eram os lábios que mais ansiava. Mas foi estranho. Não foi como sempre. Desta vez ele afastou-me... estamos assim à meses. Ele nunca mais quer assumir. E se continuar assim ele vai me trocar. Ele depois vai a correr para perto de outra rapariga. Estas atitudes desiludem-me tanto.

Quando olho para trás tinha o Simon, com o seu skate na mão. Parecia que ele estava a entender o que se passava. Os meus olhos que antes brilharam estavam apagados e o meu sorriso sem motivo de existência. Hoje parecia aqueles dias de primavera em que chove e faz sol. Mas sempre conta mais um dia...

***

Este fim de semana pude ficar com aa minha avó. A casa dela é tão mais pequena mas amorosa. Não é uma mansão como o da mãe e do pai. Mas vale mais que uma. Porque esta tinha muito amor.

-Olá avó- beijo-lhe a testa e sento-me a seu lado

-Passa-se algo, querida?- ela conhecia-me tão bem... é a minha avó

- Eu queria tanto dizer de não mas- seguro a minha cara e começo a chorar enquanto ela faz umas vestinhas no meu cabelo

-Podes falar. A avó está aqui para ti... sempre.

-Avó o rapaz que gosto não me quer assumir. Beijamos-nos normalmente tem tanto valor mas hoje ele trocou-me.

- Ele deve ser tão estúpido por não ver que tem a maior riqueza do mundo. Querida se ele não te quer assumir talvez não seja para ti... Talvez ele não te ame como deve ser. Eu sei que é duro ouvir isto. Sei que o amas. O teu amor... mais precioso que qualquer coisa... ele talvez esteja a procura de alguém que ame...

Suspiro. Tudo que ela tinha dito era verdade.

-Avó,lembras-te do Simon?

-É claro que lembro. Ele vinha aqui sempre brincar. E depois as vezes que choraste por ele.

-Espera eu chorei por ele? Eu já fui amiga dele?

-Foste. Quando tinhas 4, 5 anos tu e ele eram inseparáveis. Diziamos que um dia iam se tornar um casal. Eram melhores amigos. Andavam sempre de mão dada. E oh era tão adoravel. E quando a tua mãe te proibiu de falar com ele. Tu ficaste furiosa. Tinhas dito que tu amavas mais ele do que a mãe. E depois fizeste uma promesa que ias começar a odiar rapazes. A tua mãe ficou felicíssima já que não teria de se preocupar com candidatos. Mas é claro que me lembro do Simon. Ele foi o teu primeiro amor.

-Primeiro quê? - digo estupefacta- Avó o meu primeiro amor foi o Oliver.

- Não querida. Foi o Simon.

-Deves estar a confundir tudo.

-Não estou. Eu sei o que digo. Vocês atualmente só se odeiam tanto porque já se amaram muito. O amor e o ódio são opostos e é muito fácil um tornar o outro e vice-versa. Muitas vezes não temos tempo para repara que mudou. Por isso digo te querida, quando tiveres certeza. Diz. Poderá ser tarde.

-Avó obrigada por seres tão sabia.

-É da experiência.

-Avó. Tens que cá ficar pelo menos até eu escolher alguém. Tens que aprovar essa pessoa.

-Esse Oliver não aprovo- rio. Foi estranho teve piada. Eu já não sinto nada por ele. O meu coração libertou-se destas correntes. Nunca me senti tão livre...

-Avó posso tirar umas fotos para juntarmos ao álbum?

-Claro e também posso te mostrar fotos de vocês os dois

-Adoraria.

Ela lembrava-se de todos os pormenores das fotos. Eu não sabia. Mas era mesmo verdade. Eu tinha gostado dele. Ele de mim. E tinhamos sido melhores amigos. O que mais me chocou foi ver fotos de mão dada com ele e até uma a beijar ele na boca e a minha mãe atrás de mim.  O que me fez rir um pouco.

Juro Que Foi Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora