Será que é um sonho?

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(S/n)


Eu e Jax subimos pelas escadas cobertas por tapetes vermelhos, até chegarmos naquele corredor com várias portas, e os os rostos nas molduras.

Encontramos no meio do caminho a Ragatha, a boneca de pano, junta a bobo da corte, Pomni. Eu desloquei meu olhar para Jax que me olhou com um sorriso travesso.

Eu reviro os olhos sem jeito e  gemia interiormente, cada centímetro do meu corpo coberto por uma sensação irrealista de cansaço.


— E é aqui que nós moramos. Ou melhor, onde dormimos noite. — Ragatha diz. — Mesmo que nós não precisamos dormir, é uma maneira de pormos nossa cabeça no lugar, entendem?

— E para evitar a insanidade? — Eu pergunto.

— Mais ou menos isso. Já deve ter um quarto... Ah! Vocês já tem os seus quartos. — Ela diz.

Paramos no meio do corredor para vermos a porta a minha esquerda, onde havia o rosto de Pomni em uma moldura. Para minha infelicidade, do meu lado direito ficava o meu quarto. Bem ao lado de um certo coelho roxo. 

— Que maravilha, agora meu quarto é do lado do seu. — Eu zombo para ele.

— Considere isso um privilégio. Mas cuidado, todos que se hospedaram perto de mim acabaram enlouquecendo. — Jax sorri maliciosamente.

Novamente eu reviro os olhos.

— Eu... Ainda não entendo sobre essas aventuras. —  Pomni pergunta. — E por quê participar delas ao invés de procurar uma saída?

— Bem, nós tentamos ao chegar aqui, mas você com o tempo percebe que não dá para ir embora, e essa obsessão te deixa doida, e perde a noção de tudo, e sente que algo ruim pode acontecer... — Ragatha resmunga enquanto entrava em  colapso.

Eu olho preocupado para ela. Paramos em frente a uma porta com a foto de uma palhaço.

— Que bom que isso é tudo um sonho não é? — Jax pergunta ironicamente.

— Com certeza. — Digo a ele.

Pomni parecia estar entrando em colapso de novo. Eu a cutuco para que ela volte a realidade.

— Por quê estamos aqui mesmo? Pra fazer o que? — Ela perguntou confusa.

— Estamos atrás de uma amigo nosso! — Ragatha aperta uma campainha.

Depois de cinco segundos nada acontece e ninguém saiu de dentro daquele quarto. Eu começo a ficar desconfortável.

— Acho que esse seu amigo não está no quarto. — Eu resmungo.

— Ele geralmente não sai muito. Será que ele tá bem? — Ragatha se preocupa.

— Fica tranquila, projeto de Emília. Eu tenho a chave do quarto dele. — Jax puxou uma chave do bolso do seu macacão.

— Quê? Você não devia ter a chave de ninguém! — Ragatha exclamou com suas mãos em sua cintura mostrando indignação.

— Eu tenho chave pra todos os cantos. — Jax riu. — Falando nisso, eu deixei uma coisinha no seu quarto hoje. Me avisa quando achar. Você não tem medo de centopéias tem?

— JAX!! Esse é literalmente meu único medo, por quê você fez isso? — Ele gritou.

— Ah para, eu posso ter perguntado só por curiosidade. Nunca se sabe não é mesmo? — Ele riu, virando seu pulso e abrindo a porta.

Eu cruzo os braços. Ragatha mostrou gentileza e hospitalidade desde o momento que coloquei os pés nesse lugar. Quanto a Jax não posso dizer o mesmo. Eu sinto um gosto amargo por parte dele.

Jax abriu a porta. Meus dentes se cerram e meu olhar observa com desgosto o quarto todo rabiscado com a palavra "Saída". Com imagens grotescas e desenhos desnecessários.

E no meio da sala tinha uma criatura gigantesca, escura e distorcida, coberta por olhos desconfigurados, soltando um rugido ensurdecedor.

Jax olha para baixo e nota uma bola de boliche azul e pega, se levantando em seguida.

— Nossa, eu tava procurando por isso aqui. Valeu por guardar isso pra mim amigo. Falou! — Jax diz.

Pude sentir a mão enluvada de jax segurar meu ombro e nós dois fomos repentinamente transportados para a área principal do circo.

Enquanto ele jogava a bola de boliche fora eu ainda tentava me recuperar da tontura. Ele olha para mim com um sorriso sínico levantando a sobrancelha. Eu o chuto na canela.

— Que Po@$% S/n! Por quê isso? — Ele bufou.

— Por quê isso? — Eu o imito com raiva. — Nunca mais faça isso, além do mais, por quê deixou a Ragatha e a Pomni com aquela coisa?

— Eu te salvei. — Ele se gaba — Se tivéssemos ficado mais um minuto, estaríamos abstraídos também.

— Abstraídos? — Pergunto confuso.

— É o que aconteceu com o Kaufmo. É o que dá perder o controle. Kaufmo era um incômodo, e suas piadas eram insuportáveis. — Ele revirou os olhos.

— Isso só pode ser piada. Eu não quero que isso aconteça comigo. — Eu digo levando as mãos a cabeça.

— Relaxa. Isso tudo é só um sonho. — Ele sorri.

Eu o chuto de novo, só que um pouco mais forte dessa vez. Ele grunhi e caiu de joelhos novamente.

— Tô começando a achar que você não gosta de mim. — Ele gemeu de dor.

— Desculpe, só que o último não foi tão forte assim. — Eu sorrio presunçosamente ao olhar para ele.

Jax se levantou e olhou para mim. Um certo brilho contornando seus olhos seguido por um olhar de admiração. Ele deu de ombros e começou a andar.

— Anda logo, vamos atrás do Kinger a da Gangle.

Sentimentos Digitais? | Jax x Male ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora