I

452 29 5
                                    

Yuka estava colhendo algumas frutas selvagens enquanto sua mente divagava pelos acontecimentos mais recentes. A guerra tinha acabado, mas não significa que as coisas estavam menos agitadas, apenas não havia mais aquela urgência de vida ou morte.

A nova missão era encontrar uma forma de salvar Tsukasa, no caso a ideia de Senku era petrificar e reviver, o que significava uma viagem exaustiva até o outro lado do mundo. Para isso a Jornalista loira, Ukyo, Senku e Kohaku procuravam dia após dia por uma pessoa famosa chamada Ryusui. Um homem ganancioso, porém habilidoso e que sabia navegar.

Yuka admitia que não era lá muito fã da sensação pegajosa do sal vindo da maresia ou da própria água, mas gostava da ideia de atravessar o oceano.

Maresia.

Espera, quando ela estava na vila ela nunca sentiu o vento carregado com o cheiro de peixe, muito menos a sensação de pegajosidade na pele.

Como se uma lâmpada tivesse se acendido acima de sua cabeça a garota saiu correndo, com o cesto ainda cheio de frutinhas em mãos. Ela correu e atravessou o "QG" como Keigo havia passado a chamar o local antes conhecido como "Reino da ciência".

-- Aconteceu alguma coisa? -- Preocupado pela correria da irmã, Keigo tentou se aproximar, mas o cesto com frutinhas foi empurrado para seus braços enquanto sua irmã lhe dava um sorriso radiante.

-- Acho que percebi algo importante -- Ela desceu pelo terreno, chegando a apenas alguns sentimentos da água e a imensidão além. Como esperado, não havia a sensação de pele grudenta de quando ia na praia, o cheiro de peixe era suave e quase inexistente. Ela mergulhou as mãos na água cristalina e bebeu.

-- Se está com sede temos água limpa das fontes, é certamente melhor que essa daí-- Keigo finalmente a alcançou, devia ter deixado o cesto em algum canto, já que tinha os braços livres.

-- Não é água salgada -- Yuka sorriu, o irmão arregalou os olhos, entendendo a linha de raciocínio dela -- Como não enxergamos o outro lado presumimos que aqui era o oceano. No Japão não havia lagos sem que pudéssemos ver o outro lado, mas o terreno mudou em todos esses séculos.

-- Bem, eu entendi essa parte, só não entendi porque da animação por algo assim -- Keigo zombou de como a irmã parecia uma criança quando ganha um doce.

-- Chato -- Ela joga um pouco de água nele.

-- Ei! -- Keigo sentiu vontade de empurrar a irmã na água, mas se conteve -- Lembro que quando eu estava no Império do Tsukasa, que futuramente vai ser o novo "Reino da Ciência" -- Ele obviamente mencionaria aquilo outra vez para ela -- eu senti a sensação do mar.

-- Então lá perto que deve ficar o oceano -- Yuka encarou a água por um instante, se lembrando de uma conversa com o namorado -- Senku disse que planeja fazer um balão para podermos ver o terreno de cima. Isso vai ser muito útil.

-- ótimo, mas agora... -- Keigo apontou para trás de si, onde ficava o QG -- Bora terminar o que começamos.

Os dois voltaram para o vilarejo, Yuka entregou a Yuzuriha as frutinhas, para que ela pudesse usar a tinta para tingir as novas roupas que fazia.

-- Você não acha isso estranho? -- Keigo comenta enquanto ambos param um pouco, observando as pessoas caminharem para seus afazeres -- 3.700 sozinhos no mundo, deveriam ser uma população bem maior, talvez formado até uma cidade grande, sem contar que teriam mudado algumas coisas na cultura ou na língua. Mas de alguma forma as pessoas do Vilarejo Ishigami não se desenvolveram bem.

Yuka estagnou no lugar, ela não tinha pensando sobre isso até esse momento, mas analisando... Tinha algo errado. Yuka colocou o cérebro para trabalhar, tentando se lembrar dos tempos antigos, medievais, em diversas culturas. Tantas populações se tornaram prósperas, devia haver algum segredo importante aí, algo que tomasse mais atenção das pessoas e atrapalhasse a capacidade delas de explorar sua criatividade e melhoria de vida.

3.700 Anos de amor Parte 3 (Senku X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora