Um corpo morto no chão da estrada.
Caiu do décimo primeiro andar do prédio
– tão rápido quanto a gravidade permitiria —
Rodeado por corpos vivos.
O sangue se espalha por todo o chão
Tanto sangue em um pequeno corpo
Rápido, indelicado, mancha as ruas todas
Quando para de sangrar?
E os outros? Os outros de pronto ignoram
Porque há muito mais o que fazer
Do que olhar para um corpo que já morreu
Mas é tão frio...
Encarar o corpo e o corpo lhe encarando
E ainda sim, precisa ser ignorado
A noite vai descer e ainda estará calor
E, portanto, o calor vai secar o sangue
Que evaporaria entre as águas
Que chovem em chuva de outono
Passando quase despercebido
Mas contaminando um mundo inteiro
Talvez fosse melhor que não ignorassem
O corpo morto no chão da estrada.
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textos do bloquinho de notas
PoesíaAVISO: isso é um compilado pessoal, sem filtros, e por isso pode citar muitos assuntos delicados e pesados (como inseguranças, ideações su!cidas, entre outros). Eu geralmente esqueço de pôr aviso de gatilho, então leia por sua própria conta e risco...