O medo de escrever a primeira palavra;
Só artistas entendem essa pressão.
A primeira nota, o primeiro toque, a primeira linha...
Há uma pressão pulsante no mero ato de começar.
A tela (instrumento, caderno, etc) é como um espelho.
Deveria refletir somente nosso interior, mas...
Sempre focamos, ao invés disso, na luz no fundo.
Uma luz que guia, mas também cega.
Sempre está ali, aquela luz.
Sempre está ali, o medo de nunca alcançá-la.
Agora mesmo, cada palavra desse texto é um tiro na minha mão.
Cada movimento é carregado de um medo de que esse texto não seja tão bom quanto o anterior, de que ninguém goste.
Em algum momento, a pressão se estende até às ações avulsas do dia.
Não tem um dia, uma hora, um minuto, um segundo, um milésimo,
onde eu não pense em arte.
Apaguei uma frase aqui, pois achei incoerente.
Igualmente, deixo de fazer uma ou outra coisa, porque não vai ser útil pra minha arte.
Sou um produto dos meus textos e desenhos tanto quanto eles são fruto de mim.
Não há um certo perigo eminente em depender de algo que deve ser apreciado por outros?
Se bem que esse texto não vai ser lido por muita gente.
Arte, público, indivíduo. Reflexo, palavra, luz...
Onde começa? Onde acaba?
Uma borda indecifrável.
Não que importe muito...
Estou perdida, de qualquer forma.
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textos do bloquinho de notas
PoesiaAVISO: isso é um compilado pessoal, sem filtros, e por isso pode citar muitos assuntos delicados e pesados (como inseguranças, ideações su!cidas, entre outros). Eu geralmente esqueço de pôr aviso de gatilho, então leia por sua própria conta e risco...