"Borderland" - 15 de maio de 2024

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Eu sinto as vezes que a vida é uma tortura. E os momentos felizes são apenas ilusões que existem pra fazer a queda mais alta e o sofrimento mais doloroso.
Eu carrego um vazio em mim. E pra onde vou, levo esse vazio junto. E na ausência de matéria, acabo virando buraco negro, arrastando todos para o nada.
É como se houvesse uma inversão irônica, onde só me sinto viva se me desligar da vida e procurar descanso na quietude dos devaneios. A vida, enquanto isso, se torna purgatório, que me mata lentamente enquanto eu tento apenas sobreviver.
E é isso que faço: sobrevivo. Não importa como. As vezes, me deixo levar por ápices ilusórios de propósito. As vezes, só largo o peso e me permito afundar e assistir os peixinhos nadarem inocentemente, enquanto a pressão da vastidão desconhecida me consome. As vezes, eu não tenho nada. Então eu espero que algo venha me salvar, mas geralmente não vem. A vida é só minha, afinal; a tortura é toda minha.

textos do bloquinho de notasOnde histórias criam vida. Descubra agora