POV Camus

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Ouvi batidas na porta. Suspirei. Estava lotado de serviço, detestava ter que parar. E o mais engraçado é que todos sabem o quanto detesto ser interrompido, mas parece que fazem questão de ignorar. Levantei da minha cadeira e fui abrir a porta. Surpreendi-me com a presença daquela pessoa.

– Shaka? – perguntei em tom surpreso.

– Sinto interromper seu trabalho, Camus. Sei que detesta isso, mas o que tenho para falar é importante. – ele disse sério.

– Bom, vindo de você, sei que não viria se não fosse realmente urgente. Por favor, entre. – abri espaço para que ele pudesse passar.

– Obrigado.

Ele entrou e eu fechei a porta. Fiquei me perguntando que tipo de notícia ele me daria para que o fizesse interromper meu trabalho. Aquilo me deixou preocupado. Shaka sempre fora o tipo que não suportava inconveniência. Para ele se dar o trabalho de o ser, com certeza era algo sério. Dirigi-me até minha mesa e me sentei. Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e meu queixo sobre as mãos cruzadas.

– E então, meu amigo? A que deve a sua visita? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

– Hyoga. – ele falou e eu franzi o cenho.

– O que tem ele?

– Camus, há alguns dias atrás eu ensinei ao Hyoga como meditar, porém isso se tornou um grande problema. – ele falava calmamente e eu fiquei confuso. Como ensinar alguém a meditar podia ser um problema?

– Não estou entendendo, Shaka. Poderia ser mais específico? – estava estranhando o fato de ele estar sendo tão subjetivo. Justo ele que detestava rodeios.

– Camus, você precisa conversar com Hyoga. Acredito que a situação chegou a um nível que só você pode ajudar. Eu tentei ajudá-lo, por isso ensinei-o como meditar. Mas, agora que ele aprendeu, parece estar descontrolado.

– Shaka, ainda não entendo. Como alguém meditando pode causar problemas?

– Talvez se você conferir com seus próprios olhos, você vai entender melhor. – ele se levantou. Fiquei olhando para ele, confuso. – Por favor, venha comigo.

– Shaka, sabe que não posso. Estou muito ocupado. Você poderia ser mais objetivo e me explicar o motivo disso tudo? - eu realmente estava estranhando o comportamento dele.

– Camus, por favor. Sabe que eu não lhe pediria algo tão inconveniente se eu não considerasse sério.

Ainda fiquei olhando para ele durante um tempo e depois suspirei. Eu estava cansado e ainda tinha muito trabalho a fazer. Parar daquele jeito era muito pior para mim. E dependendo o tempo que aquilo demorasse, eu ia acabar saindo mais tarde do serviço e Milo ia encher meus ouvidos. Mas Shaka parecia estar mais sério que o normal. Levantei.

– Peço que seja rápido, Shaka.

– Não se preocupe. Vendo, nem precisarei lhe explicar muita coisa.

Saímos da minha sala e segui Shaka. Eu estava intrigado. O que Hyoga podia ter feito de tão sério assim para que Shaka tivesse o trabalho de vir me avisar? Hyoga nunca me deu muito problema. Antes de todas as batalhas ele já era um garoto muito tranquilo. Aprontou uma vez ou outra, mas nada que umas palmadas ou um castigo não resolvessem. Agora, em tempo de paz e com ele já adolescente, que tipo de problemas ele poderia me dar? Ele me conhecia muito bem. Sabia que eu não admitia mau comportamento ou coisas fora das regras do Santuário e, acima de tudo, das minhas regras. Então, o que poderia ser? Ainda mais que Shaka disse que, por ter lhe ensinado a meditar, Hyoga estava descontrolado. Como assim alguém meditando pode se descontrolar? Era tão contraditório que eu não conseguia sequer imaginar alguma situação.

Aprendendo a ser paiOnde histórias criam vida. Descubra agora