POV Ikki

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Eu não sabia exatamente o que tinha acontecido comigo. De repente me vi beijando aqueles lábios tão convidativos. Já fazia algum tempo que eu queria tentar aquilo. Aquele loiro metido ficava me provocando! Sempre achei aquele Pato sexy. Aquela pele branca e gelada como a neve, aqueles olhos sedutores e brilhantes como pedras de diamantes, aqueles cabelos loiros como fios de ouro, aquele corpo definido de maneira elegante e máscula ao mesmo tempo, tudo nele era atraente. Nem precisava falar de sua personalidade única. Ele era o único que batia de frente comigo sem medo. Eu amava nossos joguinhos e alfinetadas. Era sincero, era... especial. Eu não precisava tratá-lo como uma boneca, não precisava ficar pisando em ovos. Claro que eu sabia que ele tinha pontos em que eu não deveria tocar, mas essas coisas eram tão escondidas naquele coração de gelo que nem mesmo eu tinha consciência. E talvez seja isso que me fez tomar coragem e ter aquela atitude. Nos últimos dias reparei que o que ele lutava em esconder estava forçando a armadura que ele construíra. E, mais cedo ou mais tarde, aquilo explodiria. Qual seria o tamanho do estrago? O que aconteceria se tudo aquilo que foi suprimido dentro daquele castelo de gelo viesse à tona? Eu me preocupei. Sim! E o fato de ter me preocupado me fez abrir os olhos para algo que eu estava tentando negar. Eu estava apaixonado por aquele Pato! Nós conversávamos poucas vezes, mas era suficiente para que eu soubesse quanto nos entendíamos, o quanto nossas almas combinavam. Eu sabia que ele se sentia da mesma forma. Nossa sintonia era impressionantemente perfeita.

Estávamos andando pela cidade. Eu estava me segurando para perguntar o que tinha acontecido. Eu tinha certeza de que ele não queria falar sobre isso. Ele deixou claro o quanto estava relutante em tocar no assunto. Mas vê-lo daquele jeito e ser incapaz de fazer algo me deixava maluco. Eu sou assim. Demoro a me apegar a alguém, mas quando o faço me dedico de corpo e alma. Shun que o diga! Eu diria até que era um tanto quanto possessivo. Eu precisava saber de tudo, estar ciente de cada passo, porque eu queria que tudo estivesse ao meu controle. Eu queria fazer tudo que estivesse ao meu alcance para manter a pessoa amada segura, feliz, em paz. Mas eu sabia muito bem que com Hyoga não seria desse jeito. Aquele Pato sabia ser teimoso e orgulhoso como ninguém! Então o que fazer? Só conseguia pensar em uma coisa; fazê-lo esquecer-se dos problemas. Eu sempre fazia isso para me acalmar. Dava uma relaxada, fazia o que gostava. Assim, quando a realidade voltava, eu tinha mais força para encará-la. Talvez não fosse o suficiente, mas era o que eu podia fazer no momento. E eu faria o necessário para ver aquele sorriso que eu tanto gostava. Talvez eu estivesse sendo um pouco egoísta, mas isso não importava.

Decidi levá-lo para um lugar mais isolado. Se eu estivesse sozinho, iria para uma boate ou algo do tipo e beberia até não aguentar mais. Eu era menor de idade, mas era muito fácil usar o título de cavaleiro nessas horas. E não é como se eu estivesse fazendo algo errado, já que não prejudicava ninguém. Shaka sempre vinha com aqueles papos moralistas pra cima de mim. Era sempre a mesma ladainha: “você é menor de idade, não pode beber sem minha autorização, isso é contra a lei e blá blá blá”. Isso era ridículo! Eu era um cavaleiro! Não aceitava ser tratado como criança! Aquele loiro filho da puta conseguia me bater quando queria. Ele era forte demais. Se eu fosse fazer alguma coisa, seria uma briga feia e eu não queria causar problemas pro meu irmãozinho. Ele realmente gostava daquela vida que estávamos levando. E não é como se eu não suportasse uma surra de vez em quando. E também sou obrigado a concordar que toda vez que ele o fazia, eu merecia. Claro que eu jamais diria isso a ele, apesar de que ele provavelmente sabia que eu pensava assim. Enfim, não seria esse o caso naquele momento. Claro que eu queria tomar algumas e faria Hyoga tomar também, afinal, eu queria que ele se divertisse um pouco. Mas não o deixaria se embriagar. Até porque eu tinha planos para essa noite. Eu queria que fosse algo especial, que nos aproximasse mais.

Eu andava na frente e Hyoga vinha atrás. Isso estava me incomodando.

– Dá pra você andar ao meu lado, Pato? – falei.

Aprendendo a ser paiOnde histórias criam vida. Descubra agora