POV Camus

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Eu acordei bem cedo. Não porque não consegui dormir, muito pelo contrário. Dormi bem até demais. Era uma questão de hábito mesmo. Olhei para o lado e vi meu escorpiano dormindo, quase desmaiado. Sorri. Beijei sua testa e me levantei. Fui até o banheiro, escovei meus dentes e lavei meu rosto. Depois eu trocava de roupa, resolvi comer algo primeiro. Estava vestindo apenas um short de seda preto. Estava muito calor naqueles dias. Desci as escadas em direção à cozinha. Senti um aroma no ar e sorri. Aquele garoto não perdia tempo mesmo. Entrei na cozinha e vi Hyoga cozinhando. Sorri ainda mais. Ele estava ali. Meu coração se aquecia só de pensar nisso. Meu filho. Meu filho. Finalmente poderíamos viver em paz, adequadamente, do jeito que eu e ele sonhamos. Eu sabia bem que as coisas mudariam muito de agora em diante. Eu teria que trabalhar menos e despender um pouco mais de tempo com a minha família. Não que eu não quisesse isso antes, mas eu conseguia lidar com Milo e achava que conseguia com Hyoga também. Agora que tudo estava claro, eu precisava conciliar melhor meu tempo. Teria que conversar com Dohko e Shion. Se eu reduzisse minha carga horária de trabalho, precisaria de mais alguém para que conseguíssemos fazer tudo dentro do prazo. Mas isso eram detalhes para depois. Eu ainda estava de férias e queria curtir aquele tempo com a minha família. Quem sabe sair com os dois, viajar. Tinha muita coisa para pensar. Sabia que Milo ia adorar a idéia. Talvez Hyoga nem tanto, já que agora ele se envolvera com o garoto de Fênix. Poderia sugerir de levá-lo à Sibéria por uma semana. Sabia que ele sentia falta do pessoal da vila e poderíamos visitar o mar congelado onde sua mãe estava. Talvez até pudéssemos nadar até o navio. Se eu estivesse com ele, estaria tudo bem. E agora ele já tinha força suficiente para alcançar o local. Planos, planos e planos.

Meu filho estava tão concentrado em sua tarefa que nem percebeu minha presença. Quando foi que esse menino passou a tomar conta daquela casa? Aposto que Milo empurrava todos os serviços para ele. E como Hyoga não era de reclamar, provavelmente fazia tudo. Agradava-me que Hyoga gostasse de ajudar, mas não era justo com ele. Ele precisava estudar e treinar. Milo era um desocupado que mal treinava três vezes por semana. Precisávamos distribuir aquelas tarefas melhor. Eu mesmo precisava fazer mais coisas naquela casa. Não podia deixar tudo nas mãos do meu filho. Eu disse que queria dar uma vida normal a ele na medida do possível. Então já estava na hora de tomar as rédeas daquela casa. Fui me aproximando de Hyoga e baguncei seus cabelos.

– Muito cedo, não acha? – perguntei. Ele virou-se para mim, sorrindo.

– Bom dia me... – ele parou. – Pai.

Como era bom ouvir aquilo.

– Bom dia, meu filho. Dormiu bem?

– O suficiente.

– Está muito cedo para preparar o café da manhã do Milo. – falei sorrindo.

– Ah não! O do Milo eu só faço mais tarde. Esse é o seu. Sei que você sempre acorda cedo.

– Não precisava se incomodar. Você também está de férias, não é?

– Sim, mas não gosto de ficar na cama até tarde. Daqui a pouco tenho que sair para treinar, então não me importo em acordar um pouco mais cedo para fazer o café.

– Entendo. Mas você não vai treinar hoje. – falei me sentando à mesa.

– Hã? Por que não? – ele olhou confuso para mim.

– Você está de férias e eu também. Então, vamos à cidade. Já faz um tempo que estou prometendo te levar até a biblioteca, não é?

– Mesmo? – ele me deu o sorriso mais lindo possível.

– Sim. Depois podemos dar umas voltas. O que acha?

Ele deu a entender que ia falar alguma coisa, mas logo murchou o sorriso e abaixou a cabeça.

Aprendendo a ser paiOnde histórias criam vida. Descubra agora