Capítulo 16

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Vegas

— Para onde vamos?

—  Odongdo — replico, sem desviar o olhar da estrada.  É uma cidade a pouco mais de cem quilômetros de distância, famosa pelo vinho de arroz.

Pete tenta repetir o nome, mas acaba caindo na risada.

— Sério, não consigo. São muitas consoantes — reclama, me olhando.

Repito mais duas vezes, mas ainda assim, ele não consegue.

— Ok, o que Allan está fazendo em Odo alguma coisa? — diz, me fitando, curiosa. — Você disse vinho ?

— Trabalhando, proteção de uma testemunha — digo, saindo da rodovia e olhando pela enésima vez no espelho. —E sim, eu disse vinho —
confirmo com um sorriso. — A cidade é famosa pela produção de Makgeolli ,podemos comprar alguns, se quiser.

Pete  bate as mãos, empolgado, e pelo menos algo bom surge com a viagem inesperada.

— Como não é tão perto de casa, faz mais sentido já ficarmos por lá e amanhã seguir para Seul. Já estaremos na metade do caminho.

— Entendo, por isso pegamos nossas coisas no apartamento. Não vou atrapalhar você e Allan ?

— De forma alguma, enquanto eu o ajudo, você pode fazer companhia para o homem que ele está protegendo.

—O que houve? — pergunta e posso notar a preocupação em sua voz.

— Não tenho todos os detalhes, mas ele testemunhou um crime federal e agora está sob proteção policial.

— Proteção policial? Mas então, o que tem a ver com vocês?

— A polícia pediu nossa ajuda, moreno. Aparentemente, há um informante vazando informações.

— Sinto que assunto não faltará — retruca, desviando o olhar em direção à janela.Apoio a mão na sua coxa, atraindo sua atenção.

— Vai dar tudo certo, Pete. No seu caso e no dele.

— Espero que você esteja certo, Vegas.
Realmente espero — diz, colocando sua mão sobre a minha e dando um sorriso torto.
Porra.

Quero tranquilizá-lo e garantir que estamos próximos de descobrir quem matou seu amigo, mas ainda temos um grande monte de nada.O resto do trajeto é feito em silêncio, mas quando pegamos a estrada de terra que leva à vinícola, Pete abre a janela e deixa aquele cheiro gostoso de mato entrar.

O sorriso brota em seu rosto e é difícil não se encantar com tamanha beleza.

Foda.

Foco, Vegas !

São quase dez horas da noite, quando finalmente estaciono o carro em frente à casa principal.Os grandes pastores alemães são os primeiros a chegar, mas ao ouvir o comando de A voltam logo e sentam ao seu pé.

— Oh Deus! São enormes! É seguro descermos?

— Sim, fique tranquilo, moreno. Os cães são obedientes.

— Ok — concorda, ainda inseguro.
Faz anos que não venho aqui, mas tudo parece igual.Pego as nossas mochilas no porta-malas, e ajudo Pete a descer do carro.

Juntos, caminhamos em direção a Allan.Sigo seu olhar e só então noto que estou de mãos dadas com ele.Ahh, foda-se se serei zoado, só parece certo.

— Hey, Vegas. Obrigado por ter vindo, cara! — diz, batendo seu punho no meu.

— Não por isso, irmão.

Destemido: VegasPete (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora