Capítulo 26

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Vegas

Ele foi embora.

Não posso acreditar, porra.

Sinto meu peito apertado e é difícil respirar.

Respire, caralho!

1, 2, 3...

Inspira...

Solta...

Alguém buzina, me fazendo voltar à realidade.

Pete escolheu ir.Não há nada que eu possa fazer a respeito.Bato minha mão contra o volante, desejando poder socar alguma coisa.

Normalmente, eu iria até a casa de Allan, mas ele está todo enrolado e não quero levar meus problemas para ele.

Kinn atende à porta e nos cumprimentamos.

— Desculpe vir assim, sem avisar, Kinn.

— Vai se foder... — xinga, direto como sempre.
— Está tudo bem? — pergunta Porsche saindo da cozinha.

— Onde está o Pete?

— Ele... foi embora — conto, como se fosse uma notícia banal e não algo que está me cortando ao meio. — Deve estar embarcando enquanto falamos.

— Mas que merda! Como você pôde deixá-lo ir?

— Ele que quis... Não posso forçá-lo a ficar.

— Você falou como se sente? — questiona, se aproximando.

O que respondo?O caralho se eu falei alguma coisa... O que eu poderia ter dito?

— Eu sabia! — rebate, me dando um leve tapa no ombro.

— E eu que achava que você era o gênio da equipe — diz, inconformado

Kinn assiste seu homem e ri sentado no sofá.Mas que porra é essa?

— Porsche... acho que Vegas veio aqui para conversar e não ser agredido— diz, puxando-o para seu colo.

— É sério... não entendo como vocês homens podem ser tão lerdos — rebate. — Ele te ama, seu bobo — diz, voltando sua atenção para mim.

— Ele foi embora — rebato, seco. — Ele escolheu ir. Se me amasse, não teria ido.Porsche revira os olhos e corre para a cozinha.

— Está quase pronto — grita. — Você vai ficar para jantar, Vegas?

— Não... eu já vou indo. Só vim conversar. — Levanto-me.

— Venha sempre que quiser, irmão! — diz Kinn, me puxando para um abraço. — Se vale de algo, esfrie a sua cabeça. Tenho certeza de que as coisas vão se ajeitar.

Queria acreditar nisso, porra.

— Valeu, Ji. .

— Boa noite, Porsche— grito e caminho em direção à porta.

— Espere — grita, vindo ao meu encontro. — Desculpe se fui durodemais com você, mas é tão óbvio o quanto se gostam. Só vocês não veem!

— Somos amigos, Porsche— replico o discurso de sempre, que é a maior mentira de todas.

— Aff, sem comentários... só vai embora, antes que eu esqueça que estou com dó de você e resolva pôr juízo na sua cabeça, na marra — diz, me fitando, sério, mas então me abraça.

— Não desista dele, Vegas — sussurra no meu ouvido.

Porra, eu estou perdido aqui.Saio da casa de Kinn e dirijo sem rumo.Voltar para casa, está fora de cogitação.

Seu cheiro está lá... Suas roupas.

Porra.

Tudo lembra ele...

Quando percebo, vejo que estou no estúdio de tatuagem.E até aqui as lembranças dela me atingem.Um dos últimos lugares que estivemos juntos.Sinto meu peito a ponto de explodir.

Foda-se esta merda.

Eu preciso fazer isso.

Marcar no meu corpo aquilo que já sei há muito tempo.Todas as minhas tatuagens têm um significado e essa não é diferente.

— Vegas, você por aqui, mano? Não me lembro de termos agendado algo

— Lee, meu tatuador e amigo, diz, confuso, olhando sua agenda.

— Nós não temos, mas eu preciso da sua ajuda, cara — retruco e Lee sabe que eu não pediria isso se não fosse importante.

— O que você precisa?

Meia hora depois, está feito!Porra, e ficou perfeita pra caralho.Logo abaixo da palavra amo, no meu pescoço, agora está tatuado “do Pete”

— meu moreno.

— Hey, Vegas, como você está, cara? Tinta nova? — diz Kim, outro tatuador, se esticando para espiar o resultado.

— E aí, cara? Só complementando uma antiga tatuagem.

— Caralho, que coincidência — comenta.

— O quê?

— Hoje cedo, atendi um moço, veio com uma tatuagem horrenda, ao invés de cobrir, ele pediu para melhorar, o que devo dizer, deu um trabalho da porra.

— Qual é a coincidência, caralho? — revido, impaciente.

— Ah sim, a tatuagem dizia: Propriedade da morte e ele pediu para mudar o final para mestre V.

Puta merda... Não pode ser.

— Lembrei disso, pois o nome dele não é comum...Fecho os olhos e respiro fundo. Eu já sei o nome.

— É Pete — complementa Lee, ainda olhando para o meu pescoço.

— Quais as chances, hein? — diz, mas nem presto mais atenção.

Foda!

Eu o deixei ir...

Eu tive medo...

Fecho os olhos com uma única certeza.

Preciso trazê-lo para casa, de uma vez por todas.
Só espero que ele ainda me aceite.

Destemido: VegasPete (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora