Capítulo 1: O restaurante

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Safira

  Está chovendo, minha jaqueta gruda no meu corpo, minha calça jeans e botas estão parecendo esponjas, junto com minha regata. Minha moto, uma Harley Davidson vermelha, passa velozmente pela estrada. Odeio dirigir na chuva, mas não tinha outro jeito.

  Meu nome é Safira Andrews, e tenho 20 anos. Estou na faculdade de Arquitetura, já que quero ser arquiteta. Estou estudando na faculdade de Nova York.

  Nasci e vivi em Nova York, em Manhattan. Minha infância foi até que de boa, com nenhum problema. Meu pai é psicólogo e minha mãe é professora. Mas porque eu estou na costa leste dos EUA?

  Simples: Meu irmão mais novo, Dave, está estudando para ser embaixador e ele foi estudar em São Francisco, mas decidiu visitar a cidade de Diamond City, que não fica muito longe. Então decidi ir fazer uma visita surpresa. Soube que ele está ficando em um prédio com um amigo, o Gary.

  Infelizmente, não tinha dinheiro para uma passagem de avião, então peguei minha moto e viajei de NY até a costa leste. Faz dias que estou viajando e eu dormi em motéis péssimos. E teve dias que eu nem dormi, pois não tinha achado nenhum lugar que tivesse uma cama.

  Vejo um restaurante e vou até ele. Sua estrutura é retangular, com uma grande janela em formato de retângulo. Estaciono minha moto e leio o letreiro enorme em neon: Jenny's.

  Retiro meu capacete e o coloco na moto. Meus óculos redondos e meus cabelos negros cortados até os ombros começam a ficar encharcados, então entro no restaurante.

  Primeiramente, o lugar está mais do que vazio. As mesas estão jogadas de lado, sanduíches espalhados no chão... e claro, está escuro, iluminado apenas pela luz dos postes do lado de fora.

  CRASH!

  Ouço um barulho de vidro quebrando e olho para uma porta nos fundos, que deve dar na cozinha. Vou até a porta e a abro. Realmente, dá na cozinha, que é grande, com várias pias, bancadas, geladeiras e instrumentos. Mas tudo está bagunçado. Somente uma lâmpada funciona, fracamente.

  Ouço o barulho de algo caindo e gritos de alguém. Gritos de dor. Vou até a origem dos gritos. Estão vindo ainda mais fundo na cozinha.

  -- Tem alguém aí? -- pergunto, me aproximando quase às cegas do barulho.

  Os gritos aumentam e vejo que estão vindo atrás de uma porta, que tem a placa dizendo que é o refrigerador.

  Abro a grande porta de ferro com dificuldade, mas consigo. Sinto o frio atingir meu rosto e me afasto instantaneamente. Os gritos param e ouço um rosnado, de um... cachorro? Mas o que um cachorro tá fazendo em um refrigerador?

  Semicerro os olhos para ver melhor e vejo um ser quadrupe me encarando. Atrás dele, tem um... braço humano. Posso ver um pouco de sangue escorrendo...

  Em um momento, eu estava de pé, no outro, jogada no chão, com um cachorro enorme, um labrador, em cima de mim, babando e rosnando loucamente, tentando morder minha cara. Grito e seguro o pescoço dele, impedindo sua aproximação. Seus olhos estão brancos, seu pelo e dentes sujos de sangue, parte de sua carne está exposta, com pus saindo... Aquilo não é um animal normal.

  Empurro o animal para longe e levanto, escorrendo e correndo. O cachorro corre em disparada, batendo na bancada.

  Saio da cozinha e corre até a entrada do restaurante. Abro as portas e as fecho. O cachorro da de cara nas portas e começa a arranhar e latir loucamente.

  Ouço grunhidos atrás de mim e olho para trás. Vejo dez pessoas, andando estranhamente em minha direção. Suas peles estão amareladas, seus olhos brancos, roupas rasgadas e sujas de sangue... de suas bocas saem grunhidos estranhos e agonizantes.

Penso em apenas uma coisa: Sair dali.

  Corro para a minha moto e subo nela, mas uma daquelas pessoas avança e me segura. Agarro meu capacete e o jogo na cara do idiota. Ouço o som de algo quebrar e o homem cai, com o nariz sangrando. Dou partida e saio dali em alta velocidade, em direção à cidade.

  O que eram aquelas merdas? Canibais? O cachorro parecia estar bem ferrado... talvez estivesse com raiva?

  Acho que era outra coisa.

  Acelero ainda mais a moto e não demora para eu alcançar os 130 KM de velocidade. Nunca dirigi tão rápido, mas quero me afastar dali o mais rápido possível. A imagem daquele cachorro não sai da minha mente... balanço minha cabeça, afastando o animal da minha visão.

  Passo por um carro que está com o pisca-alerta ligado, no meio fio. Se eu estivesse calma, eu até pararia, mas minha adrenalina está a mil, então ignoro.

  Aos poucos, vou me acalmando. Jesus... o que eu acabei de ver? Talvez tudo seja uma brincadeira de muito, mas muito mal gosto, mas meus instintos negam. Tinha uma pessoa no restaurante e ela... acho que a pessoa morreu. Aquele cachorro a matou e eu seria a próxima.

  Diminuo um pouco a velocidade. Agora estou aos 70 KM, rápida? Sim, mas não tanto quanto andar aos 120 KM.

  Penso no que eu vou fazer quando chegar a cidade... talvez ir a delegacia e registrar o ocorrido... ou ir ver logo meu irmão e procurar um apoio familiar.

  Olho para meu relógio de pulso: 19:48. Devo chegar na cidade perto das 20:00...

  Passo por uma enorme placa, escrito:

  BEM-VINDO À
DIAMOND CITY
ONDE VIVE A MAIOR JOALHERIA DO ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
VENHA CONHECER A BELA ARQUITETURA E HISTÓRIA DA CIDADE MAIS BRILHANTE DA COSTA LESTE!

  Ao longe, vejo a cidade com seus enormes prédios, com luzes acesas. É, lá vou eu...

 

 
 

Diamante de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora