81- Pior dia

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Sofia Maia 📷

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Sofia Maia 📷

Parece que o meu mundo ficou em total silêncio, não escuto nada mais a não ser os caquinhos se quebrando dentro de mim. Enquanto eu assisto pessoas com as suas lágrimas falsas irem até o caixão e falarem palavras vazias que nem mesmo elas acreditam, eu sinto como se eu fosse explodir.

E eu quero muito colocar tudo pra fora, quebrar todas essas merdas que fazem o enterro do meu pai parecer um circo para esse palhaços passearem e nos oferecerem os seus sentimentos. Por mim nenhum deles estariam, a maioria nem sem lembrava mais do pai, e agora está aqui, como se fossem amigos próximos.

Uma porra que eram. Falsos do caralho.

Passei a mão na minha barriga sentindo um leve dor pela segunda vez no dia, estou tentando ficar tranquila para não colocar esse neném em risco, os garotos, a tia Miriam, a minha cunhada, Carol e Laura estão fazendo de tudo para que esse estresse não aumente drasticamente. Foram tantos remédios que eu tomei, que me sinto até drogada.

— Princesa, quer que eu faça alguma coisa por você? - Olho para o Thiago e mesmo querendo, não consigo responder. Apenas sinto os meus olhos encherem de lágrimas.

Eu simplesmente me sinto travada.

Ele suspirou tentando manter a calma e engoliu em seco saindo do meu lado e  se abaixando na minha frente, suas mãos se apoiaram no meu joelho e com os seus olhos castanhos começou a me avaliar.

— Quer dar uma volta? Respirar um pouco? Eu te levo, é só pedir que eu faço tudo o que você quiser.

Thiago está se esforçando mais do que o normal pra me ajudar, e isso me faz sentir uma culpa que nem eu sei da onde que vem. Ele está sendo perfeito, um verdadeiro príncipe e cada vez mais parece ter menos defeitos, enquanto eu me sinto mais complicada conforme os minutos se passam.

Os hormônios junto com o Luto estão deixando os meus sentimentos a flor da pele, e eu mal sei o que eu quero no momento, além de chorar até não aguentar mais.

Mas sair daqui seria uma ótima ideia, e eu acho que ele entendeu isso já que se levantou e estendeu as mãos pra mim, segurei elas e me levantei com a sua ajuda.

Me sinto tão quebrada por fora, quanto por dentro, tudo em mim dói. Cada passo, eu seguro mais forte nele.

Andando devagar, finalmente conseguimos nos afastar do velório, o vento gelado misturado com alguns pingos de chuva bateram no meu rosto e só nesse momento, eu percebi o quão real é isso o que tô vivendo.

Nos sentamos em um banco coberto e eu deitei em seu ombro.

— Eu tô com medo - meio que expulsei as palavras - muito medo.

Jeito Bandida|| Thiago VeighOnde histórias criam vida. Descubra agora