82- Minha pessoa.

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Sofia Maia 📷

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Sofia Maia 📷

O caminho para a casa dos meus pais depois do enterro foi angustiante, o silêncio que me incomodava e ao mesmo tempo eu sentia ser o melhor no momento, foi o que pairou sobre nós até pararmos em frente ao portão automático de madeira.

Até os cachorros ficaram em silêncio, eles também devem estar de luto. Como fomos os primeiros a chegar, tudo ainda está do mesmo jeito que meu pai deixou, as ferramentas amontoadas em um canto da garagem, as bandeiras do Corinthians cobrindo boa parte das paredes brancas... Tudo da forma que ele organizava. Desci do carro com as pernas ainda bambas, Laura fez com que eu me apoiasse em seus ombros e seguimos pra dentro da casa.

Eu não queria estar aqui, mas sinto se tivesse que estar, faz sentido? Mesmo sabendo que é apenas um sentimento mentiroso, eu sinto como se essa casa fosse o único lugar que ele quisesse que nós ficássemos, como se o nosso senhor Paulo estivesse nos esperando aqui, pronto pra colocar em um jogo qualquer na televisão e dizer o quanto que o nosso timão era superior.

Seria uma boa se isso acontecesse. Seria uma boa pra essa merda toda ser mentira e eu acordar desse pesadelo.

— Soso, quer água? Você ainda tá tremendo muito - olha para a minha amiga e mexo a cabeça em negação - quer comer algo?

— Não precisa Lau, eu tô bem

Ela me lança um olhar de quem sabe que a última coisa que eu estou no momento, é bem, é meio óbvio isso.

— Deixa que eu levo ela - Gustavo fala se aproximando de nós dois - ajuda o Thiago, eu preciso de tempo com a dorinha.

Eles trocam um olhar silencioso e eu deixo de me apoiar em Laura, para me segurar no Gustavo. Estamos a caminho do quarto dos meus pais, onde eu sei que tem uma enorme caixa cheia de lembranças fotografadas.

Assim que entramos no cômodo, o cheiro dele me invadiu e  os meus olhos voltaram a lacrimejar. Com a ajuda do Gustavo, eu me sentei na cama e logo em seguida, ele se sentou do meu lado. Deitei a minha cabeça no seu ombro e fechei os olhos, respirando fundo e tentando acalmar o meu corpo.

Estou tão trêmula, que provavelmente não conseguiria beber água sozinha, derrubaria tudo em segundo, além disso, minhas palmas soam como se estivesse escorrendo um riacho delas.

No momento eu estou toda bagunçada, tanto por dentro, quanto por fora.

— Se ele tivesse mais tempo, com certeza se apaixonaria ainda mais por vocês - eu sou a primeira a cortar o nosso silêncio - virariam filhos do senhor Paulo.

Jeito Bandida|| Thiago VeighOnde histórias criam vida. Descubra agora