A Herança Animal 2 (CONCLUÍDO)

Tão Singular quanto o Infinito

— E terminando a sessão de notícias do mundo com o boletim global, há um mês, centenas de pessoas espalhadas pelo mundo entraram em uma espécie de sono profundo, médicos e cientistas ainda não chegaram a uma causa, uma vez que os exames e testes não mostram nada de anormal. Os fatos ainda são um mistério total, o pensamento de antes de que poderia se tratar de uma epidemia foi descartado e a população pode voltar a respirar. Os cientistas continuarão atrás de respostas e os órgãos responsáveis pedem que a sociedade não perca a fé.

A voz melancólica e firme do âncora do telejornal sai de uma das várias TVs ligadas na vitrine de uma loja de eletrodomésticos, uma das poucas que ainda teimavam em abrir naquela cidade. A rua estava vazia, vestígios do grande ataques ainda eram nítidos por todo lugar. Forctown não teve forças para se reerguer. Muitas pessoas foram embora dali, deixando para trás traumas e destruição.

Após o fim do embate contra Selene Topson, o D.E.C.A.S. até mandou a sua agência de controle de danos para avariar a destruição e entender o que fazer para reconstruir a cidade, principalmente na praça principal, onde de fato a batalha maior aconteceu, porém ao que parece, a operação não foi nada fácil. As pessoas que foram evacuadas não puderam retornar por um mês e quem não teve onde ficar nesse meio tempo, teve suas estadias em hotéis bancadas pelo governo em conjunto com a organização.

Mais da maioria não retornou.

O acontecimento na cidade chegou a ganhar algumas pautas em telejornais, com testemunho de quem saiu da cidade em entrevistas, com imagens gravadas em celulares, relatos em rede sociais, fato que causou medo e revolta no começo, porém, com influência do governo do país, as mídias fizeram um ótimo trabalho de descredibilizar tudo e qualquer coisa relacionada ao ataque e no fim, o que aconteceu em Forctown "não passou de uma guerra entre facções muito perigosas que usou a cidade como arena".

Já o fato de várias pessoas ao redor do globo terem entrado em um coma profundo, ninguém conseguiu camuflar ou esconder por debaixo dos panos, tal evento de certa forma até serviu para fazer os olhos do povo irem para outra direção e esquecer a merda que aconteceu na pequena cidadezinha de Forctown e da sua provável ruína.

Se eles soubessem que tudo isso está interligado.

Seria alarmante.

*

O prédio da prefeitura está bastante avariado. O hall principal já quase não existe mais e muitos funcionários do controle de dano do D.E.C.A.S. ainda tentavam ver o que fazer ali. Arthur Clark segue pelos corredores após sair de seu antigo escritório, segurava uma caixa com alguns pertences pessoais e seguia em silêncio.

Não havia mais ninguém além do pessoal do controle de danos, funcionários não quiseram voltar para a cidade, os que voltaram, não passam nem perto dali e com a sua filha em coma, ele achou melhor renunciar o cargo e mesmo assim, ele achava que tais pessoas não ficariam lá por muito tempo. Uma coisa ele tinha certeza, iria passar, a partir dali, todo o tempo com sua Amy e seu Pither.

Com Forctown praticamente fora do mapa, ele não achava útil ficar ali, naquele cargo, tinha quase certeza de que a cidade não precisaria de prefeito nunca mais. Se perguntava até onde o governo e o D.E.C A S. iriam para proteger seus segredos, uma vez que preferiram apagar uma cidade inteira do que credibilizar as descobertas feitas pelo povo.

Saiu do prédio, sem olhar para trás, não queria dar esse gostinho para aqueles que ficaram. Entrou em seu carro e seguiu pelas ruas, suspirava, enquanto via as marcas por todo o lado. Nunca imaginou que o fim daquela cidade seria assim, na verdade, Arthur nunca imaginou que Forctown chegaria a um fim. Um sentimento de pena inundou o seu coração. Sentimento esse que só não era maior que o de dor e preocupação com a sua filha.