Quando um diamante se quebra.

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O som do salto-alto ecoa por onde passa, os corredores estão cheios. Agentes andando para lá e pra cá, fazendo seus trabalhos, focados em seus afazeres. O lugar era um conjunto de corredores brancos que davam para salas e mais corredores, ali parecia um formigueiro.

A mulher atravessava com rapidez o mar de pessoas uniformizadas, até chegar aos elevadores, onde seleciona o andar que deseja. Alguns colegas acenam, outros estão conversando e ela, segurando vários papéis em seus braços, balança de leve a cabeça, fazendo seu rabo de cavalo ruivo chacoalhar.

O elevador chega e ela adentra, junto a mais pessoas, ela olha para o relógio de pulso e suspira. Se arrependia de ter descido para buscar umas rosquinhas granuladas. Suas mãos ainda tremiam e as palavras daquela ligação ressoavam em sua mente.

Segue pelo corredor, ainda com pressa até uma porta mais trabalhada em detalhes pratas. Passa por sua mesa, despeja os papéis e bate na porta à sua frente. Sem muita demora, recebe a aprovação para entrar. Se esgueira sem jeito entre a porta semiaberta e começa a falar com um certo receio.

— Diretor Vasconcelos, recebemos um chamado de possível ataque Sobrenatural em Forctown.

O homem, sentado em sua grande poltrona, estava focando em assinar alguns papéis. Usava o seu usual sobretudo negro, óculos de graus despojados e tinha o seu cabelo branco, da cor da barba, penteado para trás.

— De que tipo? — Heitor Vasconcelos questiona, sem tirar os olhos de seu trabalho.

— Assasinato de Volvycans... Possivelmente, já que até o momento houveram duas vítimas e a filha do prefeito foi parar no hospital.

— Como saber se não são coincidências?

— Não creio que precisamos deixar que uma terceira vítima apareça para ir averiguar. — A ruiva deixa sair, ajeitando seus óculos de grau. — Com todo respeito.

— Ora, Wanda... — Ele finalmente retira o olhar dos papéis e o lança para a mulher que parece estar firme em suas palavras. — Lembrei o porquê de eu gostar de você aqui. Sempre me puxa pro chão.

— O que devemos fazer? — A mulher ajeita os óculos, enquanto aguarda uma ordem do diretor. O mesmo suspira.

— Mande Rebecca e Anna.

— Elas estão no Amazonas, senhor, em uma missão.

— Hum... — O homem pensa um pouco. — A Força Alfa já retornou da última missão?

— Já sim.

— Então mande-os. —  Ele pega o telefone e começa a discar. — Irei ligar para o prefeito...

Wanda afirma com a cabeça e volta por onde veio, fechando a porta. Heitor sabia que Forctown era berço de uma singularidade bem peculiar e já deveria ter aprendido a não subestimar aquela cidade.

*

O jato corta os céus do país, rápido como um raio. O objeto metálico passa por nuvens como se as mesmas o vestisse com grandes vestidos brancos, antes de sumir. O cenário mais atrás era do nascer do sol no horizonte, digno de uma pintura renascentista.

Do lado de dentro do grande pássaro de metal, iam cinco pessoas, cada uma em seus mundos de pensamentos e devaneios. Na direção, Jéssica Rue permanecia concentrada, suas mãos firmes manuseiam o manche com agilidade.

Ao seu lado, seu co-piloto via algo no celular, ele era magro, alvo como um floco de neve, tinha sardas no rosto, seus cabelos curtos e lisos foram tingidos de azul-escuro e seu olhar, também azul, porém bem mais claro, lia a tela do aparelho com o cenho franzido.

A Herança Animal 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora