Capítulo 1

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Cheguei na empresa um pouco antes das oito, como de costume. O edifício imponente da Andrade Corp. sempre me fazia sentir pequena, mas a familiaridade dos corredores me dava um certo conforto. Afinal, passei os últimos cinco anos sendo a secretária do Sr. Andrade, um homem gentil que sempre tratou seus funcionários com respeito. Hoje, no entanto, tudo parecia diferente.

Sentei-me à minha mesa, reorganizando papéis e verificando e-mails. Os rumores sobre o afastamento do Sr. Andrade corriam soltos pelos corredores, mas ninguém sabia ao certo o motivo. O que todos sabíamos é que seu filho, Gabriel, havia assumido o comando da empresa. E desde então, a atmosfera estava pesada.

O telefone tocou, me tirando dos meus pensamentos. Atendi rapidamente, esperando que fosse algo rotineiro.

"Senhorita Eloise, o Sr. Gabriel gostaria de vê-la em sua sala imediatamente," disse a voz da assistente do andar executivo.

Engoli em seco. "Claro, estou indo." Desliguei e me levantei, tentando controlar a ansiedade que se espalhava pelo meu corpo. O caminho até o escritório dele parecia mais longo do que o normal.

Bati na porta e entrei sem esperar resposta, como sempre fazia com o Sr. Andrade. Gabriel estava ao telefone, sua expressão severa. Ele levantou a mão, indicando que eu esperasse. Cruzei os braços, tentando parecer mais confiante do que me sentia.

"Eu já disse, quero isso resolvido hoje," ele disse com firmeza antes de desligar. Seus olhos se voltaram para mim. "O que foi agora?"

Tentei não me abalar pelo seu tom rude. "Eu preciso da sua assinatura nesses documentos. São os relatórios financeiros do último trimestre."

Ele pegou os papéis sem me olhar, assinando rapidamente. "Mais alguma coisa?"

Respirei fundo. "Na verdade, sim. Gostaria de saber qual é o seu plano para a empresa. Desde que você assumiu, tem sido... complicado."

Gabriel levantou os olhos, seu olhar gelado. "Complicado?"

"Sim, complicado. As pessoas estão confusas, inseguras. Elas precisam de liderança, não de um tirano."

"Um tirano, é?" Ele se recostou na cadeira, cruzando os braços. "Não tenho tempo para ser simpático, Eloise. Tenho uma empresa para salvar."

"Salvar de quê, exatamente? Do seu próprio mau humor?" Minha voz saiu mais desafiadora do que eu pretendia.

Os olhos dele se estreitaram. "Você não faz ideia do que está falando."

"Então me faça entender," desafiei. "Porque se continuar assim, vai acabar perdendo mais do que apenas a paciência dos funcionários."

Gabriel ficou em silêncio por um momento, me avaliando. Finalmente, ele suspirou. "Estou fazendo o melhor que posso, Eloise. Meu pai não me deixou escolha. Eu preciso disso, a empresa precisa disso."

Relutante, suavizei meu tom. "Sei que é difícil. Mas você não está sozinho. Se quiser ajuda, pode contar comigo."

Ele me olhou por um longo momento antes de falar. "Agradeço, mas algumas coisas preciso resolver sozinho."

Assenti, entendendo que ele não estava pronto para se abrir. "Tudo bem. Mas lembre-se, você tem uma equipe aqui. Não precisa carregar o peso do mundo sozinho."

Gabriel voltou a olhar para os papéis na sua mesa, mas eu sabia que minhas palavras tinham feito algum efeito. Saí da sala, sentindo que, talvez, aos poucos, pudesse alcançar o homem por trás da máscara de dureza.

Enquanto caminhava de volta para minha mesa, não pude deixar de me perguntar o que realmente estava acontecendo com o Sr. Andrade e por que Gabriel parecia carregar um fardo tão pesado. Estava determinada a descobrir, não só pelo bem da empresa, mas também pelo homem que claramente estava sofrendo por trás de sua fachada impenetrável.

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Uma Esposa para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora