36. Entre a distância e o silêncio

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TONY STARK

Estava em meu laboratório envolto em uma aura de atividade frenética, mas, mesmo entre a parafernália tecnológica, havia um silêncio tenso. Receber a notícia que, mais uma vez, minha filha voltou de uma missão ferida me deixa em um estado de nervos crítico! Parece ser sempre assim, se Sky for a uma missão e não voltar machucada, ela não completou a missão. Pensar assim me causa arrepios, pois lembro bem da missão que quase custou a vida dela.

Foi difícil ter que engolir a ordem do Fury de mandar Sky para uma missão antes mesmo de termos 100% de certeza que ela está bem. Até mesmo eu, Tony Stark, não tive forças para ir contra a ordem dada pelo caolho.

Logo agora que estávamos construindo uma boa relação de pai e filha, Fury vem com essa. Eu já não estava feliz por minha garotinha estar namorando Bucky Barnes e nem com a aproximação de Steve Rogers, espero estar enganado, mas ainda terei dores de cabeça com o Picolé.

NA ENFERMARIA

A sala estava envolta em um silêncio desconfortável quanto eu observava Sky deitada naquela maca, mais uma vez. Uma barreira invisível parecia nos separar, composta por anos de distância emocional. Esfrego as mãos, buscando coragem para tentar, novamente, dar mais um passo na trilha incerta da reconciliação.

— Devo perguntar como foi a missão? — Pergunto, tentando romper o gelo.

Sky encarava o teto com um olhar vítreo.

— Foi um sucesso.

Suspirei, eu sabia que aquelas breves palavras eram um código para "não quero falar sobre isso". Sinto o peso da decepção que causei a ela, por permitir que ela fosse para uma missão estúpida e tenha se machucado lá. O peso do tempo perdido entre nós, também recai sobre mim, uma lacuna que eu estava totalmente disposto a preencher há tempos.

— Filha, eu estava pensando... — Começo, escolhendo cuidadosamente as palavras. — Que talvez poderíamos fazer algo juntos neste fim de semana. O que acha?

Sky finalmente me olha, surpresa. Era evidente que a proposta a pegou desprevenida. Ela hesitou por um momento antes de murchar os ombros, parecendo relutante.

— Eu não sei, pai, tenho algumas lições para fazer com a Wanda.

Escondo um pouco da decepção. Eu estava ciente de que os escombros da nossa relação não poderiam ser reconstruídos assim tão rápido, ela confiou que eu a protegeria e eu a magoei novamente, mas estou disposto a tentar.

— Tudo bem, quem sabe depois. Só quero que saiba que estou aqui, quando quiser desabafar sobre qualquer coisa.

O silêncio se instalou novamente, mas me recuso a permitir que tudo isso se tornasse uma parede intransponível. Aproximo-me de Sky e coloco delicadamente a mão sobre a dela.

— Sinto muito se sou falho em estar presente em sua vida, filha. Saiba que quero ser uma parte da sua vida, não apenas um estranho qualquer que perambula entre os corredores do Complexo.

Os olhos de Sky encontram-se com os meus, revelando uma mistura de emoções. Podia sentir a resistência dela cedendo lentamente. Continuo falando com sinceridade.

— Sei que não podemos recuperar o tempo perdido e nem apagar o passado, mas podemos começar de novo. O que você acha?

Sky desvia o olhar, mas não retira a mão da minha.

— Eu não sei, pai. Eu só... sinto que você nunca tem tempo para mim, é sempre viajando ou sei lá o quê.

— Tenho tentando dar seu espaço, filha. Além do que tenho tentado deixar você curtir seu namoro com o soldadinho.

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