Heloísa chegou em casa depois dele e notou que estava no banho. Foi para o quarto e guardou suas armas na gaveta, se sentou na frente da penteadeira e passou a tirar os brincos, anéis e colares.
— Amor! Chegou! — Ele se surpreendeu ao ver a delegada e foi até ela dar um selinho. — Você jantou? Quer que eu peça algo pra você.
— Já jantei. E você? — Heloisa rebateu.
— Eu te avisei pô. Teve jantar da empresa com um cliente importante.
— Que cliente é esse? — Ela fingiu interesse. Tudo para não perguntar "quem é ela" e dar na cara que ela sabia.
— Fechamos negócio com uma empresa grande que vive de processos e precisa muito de ajuda na parte burocrática. Melhor que soltar os seus presos, né? — Ele brincou, apertando o ombro dela.
Era melhor ele soltar seus presos
— E como foi o jantar?
— Tá detetive hoje? — Stenio riu, se vestindo. Agora estava de cueca e procurava o pijama.
— Quero saber mais. A gente mal se vê hoje em dia. — Ela deu de ombros. — Você chega tarde sempre.
— Negócios, né amor. Pelo visto tem muito trabalho a frente.
Heloísa se virou para ele, encarando seu corpo. Não queria que aquela conversa se tornasse sexo como normalmente seria.
— E como foi o jantar?
— Foi bom. Muita coisa pra fazer, muita dor de cabeça para resolver.
— A Laís tava la?
Stenio lançou um olhar confuso para Helô.
— Estava. Por que tantas perguntas?
Heloísa se levantou balançando a cabeça negativamente com a lingerie e a camisola em mãos.
— Eu preciso tomar um banho, estou esgotada.
Disse antes de se fechar no banheiro. Trancou a porta, o que Stenio notou, porque não era comum.
A mulher chorou copiosa e silenciosamente debaixo do chuveiro enquanto lavava os cabelos e finalmente se livrava daquele peso da delegacia. Toda aquela energia negativa, casos difíceis, abusos, pedofilia. Sua cabeça estava muito carregada. Ter visto Stenio daquele jeito com outra mulher tinha sido o ápice para estragar seu dia, sua vida.
Depois que saiu do banho, aproveitou para secar os cabelos e os deixou lisos mesmo. Vestiu a lingerie, a camisola de sempre, se perfumou, passou seus cremes. Encarou seu reflexo no espelho mais uma vez e respirou fundo. Estava com uma leve carinha de choro, com sorte Stenio não iria notar.
Quando saiu, Stenio estava enfiado ao celular.
Ela se sentou na cama e respirou fundo.— Vamos assistir um filme juntos? — Ela sugeriu, olhando no relógio.
— Foi mal amor, ainda to trabalhando. — Ele respondeu mal tendo ouvido o que ela disse.
Heloísa silenciosamente se deitou. apagando seu abajur, deixando o celular para carregar no horário de despertar de sempre.