don't LEAVE.

9. the blame is on me.

Through Grace's eyes.

Eu tentei não parecer tão óbvia, não transparecer meu desespero a reunião toda. A verdade era que embaixo da mesa eu estava balançando o pé incontrolavelmente e vez ou outra eu brincava com o meu brinco, torcendo para que Jackson não notasse minha inquietação. Acredito fortemente que a minha tranquilidade falsa durante a reunião foi convincente, mas minha atuação foi boicotada pela equipe de Jackson que me deixou sozinha com ele e Killian assim que a reunião acabou.

Um silêncio constrangedor se instaurou, em seguida a voz de Jackson chegou aos meus ouvidos e eu senti um desespero repentino. Não tinha mais controle sobre a minha boca e minhas pernas, quando me dei conta, meus pés disparavam em alguma direção que eu não escolhi ir, foi um mecanismo de defesa do meu cérebro contra a simples ideia de ter uma conversa com o Jackson, mesmo sabendo que era uma rua sem saída. Eu não poderia fugir por muito tempo.

Meus pés me levaram até um banheiro, abri a porta e me tranquei lá dentro, encarando meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam tão abertos que eu me senti um animal empalado, uma boneca de pano, qualquer coisa sem vida e assustadora. A que ponto eu cheguei?

Nunca imaginei que reencontrar Jackson fosse ser tão assustador. Eu deveria estar feliz, não deveria? Eu senti tanta falta dele durante tanto tempo que o mínimo que eu poderia sentir agora era felicidade, gratidão.

Mas não era isso que eu sentia.

Eu estava assustada como um cervo fugindo de um leão enorme. Alguma parte do meu cérebro identificava Jackson como uma ameaça, ou talvez eu só estivesse tentando escapar das mãos de um trauma e meu cérebro estivesse agindo pelas minhas costas e dando ordem para os membros do meu corpo. Como Jackson poderia ser uma ameaça? Talvez por aparecer de repente e abalar as estruturas dos prédios que eu cuidadosamente reconstruí depois que ele foi embora. Talvez porquê com ele vinha a fama, a falta de privacidade, a falsidade, a inveja, o status, a falta de controle da minha própria vida, os segredos e uma provável amizade que eu perderia. Eu definitivamente deveria ter pensado nisso antes de aceitar a proposta.

Mas agora eu já tinha aceitado e não poderia voltar atrás.

Virei de costas para o espelho, enjoada do meu próprio rosto e do medo que ele transparecia. Me sentei no mármore da pia e cobri meu rosto com as mãos, bufando. Eu conseguia escutar as batidas do meu coração, quase como se meu coração estivesse na minha garganta. Respirei fundo, segurando o ar por alguns segundos antes de soltar e inspirar mais uma vez até que meu coração estivesse batendo na sua velocidade normal e meus olhos não estivessem mais assustadores e sem vida.

Saí do banheiro e torci para que meus pés, que me trouxeram até o banheiro, me levassem de volta para a sala porque eu não fazia a menor ideia do caminho. Deus mandou um anjo, um anjo de 1,60 de altura, cabelos alaranjados e muitas tatuagens.

"Licença, você sabe se o Jackson já terminou a reunião? Tenho que entregar isso aqui pra ele mas não queria chegar lá e acabar atrapalhando." Ela balançou uma caixinha de leite de... banana?

Eu franzi o cenho quando vi os desenhos na caixinha. Estava em coreano mas se lá eles levam a sério a ilustração, era mesmo um leite de banana.

Ew.

Meu olhar demorou alguns segundos na caixinha antes que eu olhasse seu rosto novamente. "Sim, acabou agora há pouco."

"Legal, valeu." Ela sorriu e virou seu corpo, entrando em um outro corredor, eu fui atrás. "Você vai pra lá também?" perguntou olhando pra mim por cima do ombro e desacelerando o passo até que estivéssemos andando uma ao lado da outra. Eu assenti em resposta. "Ah, você conhece a Grace?" Levantou as sobrancelhas, de repente parecendo muito interessada em descobrir quem eu era.