Through Jackson's eyes.
Em certo momento a sala começou a ficar menor e o oxigênio foi se esgotando. Eu balançava minha perna e não conseguia parar de brincar com o piercing com a ponta da minha língua, isso incomodou tanto Anna que só com o seu olhar furioso eu entendi que estava na hora de tomar um ar.
Eu não deveria ter convencido Grace de que o baile é uma boa ideia, eu poderia ter ficado quieto e ela lidaria com Lia depois, tudo ótimo também, certo? Peeeeh! Erradíssimo. Admito que a ideia de ir ao baile, ver todas aquelas pessoas que uma vez eu estudei com, entrar naquela escola depois de tanto tempo, ver todas as mudanças, relembrar de quando eu era criança e tinha uma vida anônima, e, é claro, descobrir o que deixava Grace tão nervosa, era tentadora. A este ponto eu acredito que já esteja bem claro que eu não penso duas vezes antes de obedecer meus pensamentos intrusivos e é isso o que deixa a vida mais emocionante.
Se eu for sincero, minha maior motivação é realmente descobrir o que deixa Grace aflita. O que ela esconde?
Minha mente estava me torturando.
"Como pode uma cabeça tão pequena pensar tanto?" fiz uma careta, massageando minha testa com uma das mãos.
"Pequena?" Anna me olhou com as sobrancelhas arregaladas e soltou uma risada baixa. "Tubarão martelo."
Arregalei os olhos com o seu comentário e inclinei a cabeça para o lado, ainda processando a ofensa.
Anna não me deu tempo de pensar e saiu do elevador antes de mim, eu a segui até a porta que levava à saída do prédio.
"E a sua cabeça é bem pequenininha né?" semicerrei os olhos quando nos sentamos em um banco de madeira que fazia parte da fachada do prédio. "Igualzinha aqueles bonequinhos que balançam a cabeça no painel do carro." eu dei uma risada e Anna fechou a cara.
"Horroroso." disse amarga, me fazendo rir outra vez.
Anna é minha maquiadora desde que eu comecei a ficar famoso. A agência não confiava em outras mãos que não fossem as dela para me maquiar, então, Anna me acompanha em cada lugar que eu vou desde que nos conhecemos. Foi graças a falta de confiança em outras profissionais ou, na confiança exclusiva nela, que hoje somos amigos.
Quando Theo me disse que seu voo estava marcado para o meio da semana e que não chegaria a tempo de me acompanhar na reunião, eu liguei imediatamente para ela e implorei que viesse. Ela fingiu fazer o maior esforço, como se não planejasse ficar deitada na cama do hotel esperando seu namoradinho chegar o dia todo.
Mesmo que eu soubesse que ela não estaria dentro da sala comigo, ao menos eu teria alguém além da equipe de Lia para me socorrer caso eu tivesse um AVC.
Tirei do bolso da calça jeans um maço de cigarro e um isqueiro. Com os lábios entreabertos eu segurava o cigarro na boca e tentava acende-lo.
Anna franziu o nariz quando eu finalmente consegui acender e soltei a fumaça pra cima. Segurei o cigarro entre o dedo indicador e o médio e estendi na direção dela. "Quer?"
Ela balançou a cabeça e olhou para o lado contrário. "Tô bem."
"Você parou mesmo de fumar, né?" perguntei curioso.
Anna fumava tanto quanto eu, certa época. Foi exatamente quando a nossa rotina ficou extremamente agitada e eu comecei a ficar cada vez mais ansioso. Os minutos que eu tirava para fumar eram os minutos que eu estava mais tranquilo e aproveitava para conversar com Anna, quem imaginaria que algo tão assassino como o cigarro nos aproximaria tanto?
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don't LEAVE.
Romance"Grace Walker." Ele parou ao ouvir aquele nome. Congelou completamente na cadeira e travou seu maxilar. "Não." foi rápido. "Ela não."