19. do better.

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Through Jackson's eyes

Pânico.

Sim, é pânico que eu sentia agora e isso não era um sentimento novo para mim. Normalmente vinha em situações onde eu tinha que falar ao microfone ou aparecer em eventos nos quais eu era convidado.

É claro que eu estava acostumado com o microfone, afinal, eu canto. Eu vivo de música e é o que eu mais amo no mundo, mas era isso, minha familiaridade com o microfone era somente para cantar e ponto. Meu coração disparava e meu corpo inteiro tremia com a ideia de falar no microfone ou dar entrevistas, Deus sabe quantas foram as vezes que eu corri e fugi de um discurso porque meu corpo inteiro estava entrando em colapso e minha mente não conseguia formar uma frase coerente.

Sinceramente, não sei até que ponto era timidez e até que ponto era ansiedade social, mas eu sobrevivi até aqui então de que importava realmente?

Quando eu tinha que ir aos eventos em que eu era convidado, Theo estava ao meu lado e quando ele não estava, meu assistente estava, então as coisas ficavam mais fáceis porquê eu nunca estava sozinho.

Quando saímos daquele salão de festas, eu e Grace, e passamos por todos aqueles repórteres e paparazzis, parte de mim instintivamente se segurou em Grace, procurando por apoio, como se a presença dela de alguma forma fosse me ajudar a passar por aquilo. Eu estava acostumado a ter alguém comigo, era ela quando eu era uma criança, depois foi Theo. Eu queria tão desesperadamente me sentir em casa assim como eu me sentia quando eu era uma criança, mas naquele momento eu não sentia nada e isso era frustrante. Era como se eu estivesse sozinho.

O engraçado é que na minha humilde visão, estava tudo bem. Estava tudo bem depois que conversamos na biblioteca, estava tudo bem quando caminhamos até o salão, estava tudo bem quando eu subi no palco e estava tudo bem quando voltamos para o camarim.

Aparentemente não estava tudo bem.

Não tive reação quando Grace cuspiu todas aquelas palavras na minha cara. Na hora, nenhuma delas realmente chegou aos meus ouvidos mas segundos depois a dor era física. A dor de ouvir de alguém — não só alguém, mas dela— palavras que eu sei que em partes, eram verdades, era uma dor difícil de colocar em palavras. Já me lesionei tantas e tantas vezes por conta da dança e dos treinos intensos desde que eu era um trainee, mas nenhuma dor física era tão insuportável quanto a dor emocional.

Eu deveria ter avisado, eu reconheço meu erro. Mas de verdade? Nem passou pela minha mente que fosse grande coisa, que ela reagiria assim. Convivo com pessoas acostumadas com palcos, com câmeras e estar em evidência, então pensei que Grace estivesse também, mas estava errado. Não fazia o menor sentido.

Bufei, estressado, andando de um lado para o outro em frente à entrada do studio. Enfiei a mão no bolso de trás da minha calça, pescando um cigarro solto que eu sinceramente não me lembro de deixar ali e coloquei entre os meus lábios, buscando nos outros bolsos por um isqueiro. Minhas mãos estavam trêmulas e a cada segundo que passava eu ficava mais ansioso. Revirei os olhos, grunhindo em reclamação quando eu finalmente percebi que eu não acharia um isqueiro ali. Olhei em volta na esperança de um milagre, e o milagre que recebi não foi exatamente o que eu esperava mas ei, quem sou eu pra julgar os milagres que Deus escolhe fazer né?

Em um piscar de olhos o cigarro tinha sumido dos meus lábios e eu franzi o cenho, virando meu rosto e encontrando Grace com as sobrancelhas levantadas me encarando. Quando percebi que ela não ia falar nada, olhei para o cigarro no chão que ela já tinha pisoteado. "Era o único." eu disse.

"Problema é seu. Não deveria nem ter um pra começo de conversa." rebateu, me fazendo arregalar os olhos e olhar para ela novamente.

Eu ri, balançando a cabeça sem acreditar no que tinha acabado de acontecer e da mesma forma que ela apareceu, ela saiu andando. Maluca.

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⏰ Última atualização: Oct 04 ⏰

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