16. day one dating a popstar.

13 3 9
                                    

Through Grace's eyes.

Limpei minha garganta tentando chamar sua atenção, ganhando um levantar de sobrancelhas.

Estávamos atravessando a escola e o gramado extenso até o salão de festas, em silêncio desde que deixamos a biblioteca. Nunca fui a maior fã do silêncio quando estou acompanhada, ainda mais quando a companhia em questão é o meu antigo melhor amigo, agora namorado de mentira, e está me puxando como se estivesse levando um cachorro para passear.

"Meu Deus, você tem pernas de pau no lugar de pernas normais?" resmunguei, franzindo o cenho.

Jackson, que me olhava por cima do ombro apenas esboçou um sorriso seguido de uma risada quase inaudível.

"Jackson, minha perna tá doendo." falei. "Tô quase abrindo espacate a cada passo que você dá pra tentar manter o mesmo ritmo."

"E ainda sim você está ficando pra trás."

Levantei as sobrancelhas, assentindo. "Pois é."

Seu esboço de sorriso se transformou em um sorriso de verdade e, dessa vez, escutei sua risada. Ele assentiu antes de respirar fundo e parar de andar, soltando minha mão para dar tapinhas nas suas costas. Franzi o cenho, confusa e ele flexionou os joelhos até que estivesse da mesma altura que eu. "Sobe, você não entendeu?"

Fiquei alguns segundos congelada no meu lugar, olhando e analisando a situação em silêncio até que ele bufasse pela minha falta de resposta.

"Não vou subir nas suas costas." Eu balancei a cabeça.

"Sobe." ele disse.

"Não."

"Grace, sobe." Insistiu, levantando as sobrancelhas e me olhando por cima do ombro, sem sair da posição, nem mesmo tremer as pernas.

"Eu não." neguei mais uma vez, torcendo o nariz. Seria humilhante, no mínimo. Até 20 minutos atrás nós não éramos amigos, ainda não acho que somos, não porque eu não gosto dele ou por birra, mas simplesmente porque não somos, e eu não saio andando de cavalinho nas costas de qualquer um.

"Então não sobe." ele disse por fim, dando de ombros e arrumando a postura, assim como a roupa social antes de voltar a andar.

Suas pernas eram longas, muito longas, tenho certeza disso, pois em três segundos — em que eu demorei para processar a informação — ele já estava bem longe. Grunhi, encolhendo os ombros. "Jackson!" eu reclamei, me arrastando pelo gramado.

Ele fingiu não me ouvir, mas eu vi pelas suas bochechas e pelo jeito que suas costas tremeram que ele estava rindo. Franzi o cenho antes de chamar o nome dele mais uma vez e acelerar o passo.

______

A música ficava mais alta conforme nos aproximávamos do salão de festas, em certo ponto Jackson parou de andar para me esperar e agradeço mentalmente por ele ter feito o esforço de andar torturosamente —se isso sequer é uma palavra— devagar se isso significasse não me ouvir chamar seu nome como uma criancinha que se perdeu no mercado.

Agora, na porta dos fundos do salão, ele se ajoelhava no gramado e assentia às instruções de Lia e de um outro rapaz ao seu lado, que falavam sobre uma apresentação que Jackson teria que realizar em alguns minutos.

Por que Jackson estava ajoelhado? Você se pergunta, e eu também me perguntei nos primeiros segundos, o encarando como se ele fosse o maior mongol do planeta até que ele desse dois tapinhas no meu tornozelo, segurando o meu salto alto com a outra mão e eu entendesse.

don't LEAVE.Onde histórias criam vida. Descubra agora