Capítulo um

125 11 135
                                    

O restante do dia fluiu bem para os dois. Os Barbixas deram uma entrevista incrível para um podcast e Karina e Rodrigo receberam elogios do chefe que foi visitá-los; e era um dos mais rigorosos, de acordo com uma lista de chefes que eles fizeram há alguns anos pontuando aqueles que queriam impressionar um dia. E foi isso o que fizeram.

A mulher ruiva só lembrou que a sua manhã havia sido péssima quando, preparada para ir embora, foi para o estacionamento e se deparou com seu carro com aquela batida na lateral.

—É, ficou feio mesmo. - Boschi fez uma careta, e Karina o encarou como quem dizia “Jura?” em puro tom de deboche.

—E eu não sei? - suspirou. —Agora é só esperar para ver se aquele homem tem palavra e vai pagar o concerto disso ou eu vou ter que caçar ele até no inferno.

—Não fica estressada com isso. - tocou os ombros dela, começando a insinuar uma massagem. —Se precisar, eu dou um jeito nisso aí.

—Você não, que você não tem culpa de nada. - negou com a cabeça, se afastando mais uma vez e andando em direção à porta do motorista. —Pior é que eu não anotei placa e nem sei o nome do miserável.

—Ih, aparentemente, você está naqueles dias. - ela o olhou e teve vontade de rir da forma que o amigo falou. —Normalmente você não é nervosa assim.

—Pode ser também. - deu de ombros. —Ih, lembrei que nem meu nome eu salvei no celular dele. Parabéns, Karina! Parabéns! - aplaudiu a si mesma, antes de se despedir de Rodrigo com beijos no rosto e entrar em seu carro.

Ou o que restou dele.

Brincadeira, não é para tanto.

Daniel lembrou de ligar para ela, mas já era mais ou menos meia-noite quando ficou por quase dez minutos encarando o celular e vendo como tinha salvo o contato da ruiva.

Ela era ridícula. Ridiculamente bonita. Mas o comediante não gostava de pensar nessa parte.

Ele bufou, sentado no sofá. Tinha acabado de tomar um banho e estava prestes a se preparar para dormir. Mas acredito que todo mundo tem aquele momento de ligar a televisão para não ser assistida e se sentar no sofá com o celular na mão.

Nascimento pensou, pensou e discou o número dela. Chamou uma, duas, três vezes. Ela não atendeu. Considerou que estivesse tarde demais para a mulher e deu de ombros, fazendo uma nota mental para ligar para a estressada pela manhã.

Na verdade, ela estava sentada na cama com o notebook apoiado nas pernas. Parecia pesquisar coisas relacionadas ao trabalho.

Ela não parava um segundo.

Karina tinha visto a chamada, porém recusado. Não pensou que poderia ser o desatento do incidente daquele dia e, olhando o horário, ficou ainda menos a fim de atender. Após recusar e praticamente jogar o celular em cima da cama, recordou que o homem que bateu na lateral de seu carro a ligaria. Pegou o celular de novo e quase retornou. Quase. Mas olhou mais uma vez para o relógio e desistiu. Falaria com ele no outro dia.

Não entendeu o fato de pegar o celular umas três vezes pensando na possibilidade de ligar de volta para o homem e nem porquê o simples fato da existência dele conseguia incomodá-la tanto. Ia além da batida no carro. Ele tinha alguma coisa. Mas ela também não conseguia entender o que era.

Era pouco mais de seis e meia da manhã quando a sócia de Rodrigo despertou. O mais ridículo para ela era ainda estar com o tal homem na cabeça. Pegou o celular assim que voltou para o quarto e encarou o aparelho. Franziu o cenho e tinha um biquinho adorável em sua boca enquanto ela se perguntava mentalmente se ele já estava acordado.

Rola Um LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora