Capítulo onze

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Daniel tinha se acostumado a acordar uma hora mais cedo para buscar Karina. Então, mesmo que tivesse voltado a colocar seu alarme para despertá-lo no horário normal, seu relógio biológico surtou novamente - foi a primeira coisa que ele pensou quando se sentou na cama.

Pensava nela quando ia dormir. Pensava nela quando acordava. Pensava nela em praticamente todo o tempo e até em seus sonhos ela marcava presença.

Imaginou o quanto seria incrível se tivesse aquela mulher com ele todos os dias - ela já estava, involuntária e inconscientemente, muitas vezes, mas estava. Todos os dias.

Estava ansioso como há muito tempo não se sentia. Parecia ter realmente voltado à adolescência; ao primeiro amor. E se fosse parar para pensar realmente, Zoca era seu primeiro amor. Porque tentava buscar algum momento em sua vida onde tivesse amado assim, e não conseguia encontrar.

Nenhuma paixão de adolescência sequer havia sido minimamente próxima do tão avassalador sentimento que nutriam um pelo outro, sabiam disso.

Mas não era cedo demais?

Enquanto a filha de Wagner deixava martelar em sua cabeça as palavras de Samara quando a morena disse que essas coisas não são escolhidas por um limite de tempo e simplesmente acontecem, o filho de Otávio também matutava se o que sentia não era exagerado. Deu de ombros. Se fosse, culparia Cazuza – porque já estava praticamente jogado aos pés dela.

Como se Zoca tivesse sido invocada por ele através de pensamentos, recebeu uma chamada de voz da mulher quando estava quase pronto para descer e sair.

Daniel, onde você tá? - ela questionou assim que o homem atendeu.

—Ãn... Bom dia? - respondeu confuso, escutando a gargalhada dela do outro lado da linha.

Bom dia, Daniel. - era impossível não notar que ela falou sorrindo. —Onde você está?

—Eu... - franziu o cenho. —Eu tô em casa. Quase saindo. Por quê?

Se você já tiver pedido Uber, trate de cancelar. Estou chegando aí. - encerrou a chamada, antes que ele pudesse responder qualquer coisa.

Ele começou a rir, sozinho. Não conseguiu tirar o sorriso do rosto por nem um segundo até abrir o portão. Ela não precisava fazer isso – mas estava muito feliz por ela estar fazendo. Mais feliz que o recomendado.

No momento que ele estava fechando o portão, já fora de casa, o carro de Karina parou em frente a sua residência. Ela abriu a porta por dentro para que ele pudesse entrar.

—Bom dia. - ele saudou, já se sentando e se inclinando pronto para dar um selinho nela.

—Bom dia, gatinho. - falou, ao mesmo tempo que se inclinou também, recebendo o selar nos lábios e a mão dele tocando seu rosto.

A forma pela qual ela o chamou alterou completamente a química de seu cérebro e o homem podia jurar que ia derreter, mas ela não precisava saber disso.

Já estavam parecendo um verdadeiro casal.

—Você sabe que não precisa fazer isso, não sabe? - arqueou uma das sobrancelhas.

—O que disse? Não estou te ouvindo. - usou um tom de deboche cantarolado.

—Estou falando sério. - soltou um riso nasal.

—Eu também. - deu de ombros, focando o seu olhar na estrada. —Quando é que o seu carro fica pronto?

—Quem sabe... - bufou. —Hoje é quarta? - pareceu fazer contas. —Então hoje a noite ou amanhã de manhã. Tinham mais coisas nele para serem resolvidas além da batida e eu estava atrasando de levar ao mecânico.

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