Capítulo dez

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Daniel soltou um pigarro, se mantendo no campo de visão do sócio de Karina. Os dois respiraram fundo ao mesmo tempo.

—Eu estou bem, Rodrigo. E você? - seguiam se encarando pelo reflexo do espelho.

—Vou bem também. - assentiu.

—Se você quiser falar da cena que viu, eu queria dizer que...

—Não, não quero falar do que vi. Eu quero esquecer. - negou com a cabeça. —Karina já tinha me falado de você antes daquilo.

O mais velho franziu o cenho, se perguntando o que a mulher teria dito.

—Olha só... - enfim, se virou para ele. —Eu já tinha percebido alguma coisa, mas depois do que ela me falou e do que vi, a questão agora é só aceitar. Eu acho que não escondo de ninguém o que sinto.

—Realmente. - o improvisador resmungou, mas o outro não ouviu.

—Você deve saber também. - suspirou. —E o que tenho a dizer é que por amar tanto a Karina, eu quero que ela seja feliz... - antes que Daniel pudesse falar ou até fazer uma espécie de juramento, o cozinheiro completou. —E ela parece estar. Fazia muito tempo que não a via... ou melhor, acho que nem lembro quando foi que a vi desse jeito.

O amigo de Elídio sorriu fraco, porque uma parte dele se aqueceu ao escutar isso.

—Só... - encarou o teto por alguns segundos, antes de continuar. —Ela é muito importante para mim...

—E é muito importante para mim também. - falou. —Eu sei que não é a mesma coisa, claro, vocês tem uma parceria de anos; isso não vai mudar agora porque eu ‘cheguei’. Só se você quiser. - apontou com a cabeça. Boschi até ia falar alguma coisa, porém desistiu. —Mas se é sobre importância ou fazer uma espécie de juramento em relação à estar com ela e tentar ao máximo fazê-la feliz, você pode ficar despreocupado.

—Eu espero mesmo. - soltou um riso nasal, tentando soar divertido. Nascimento o acompanhou. —Enfim. Vou voltar ao trabalho. Fique à vontade.

Por mais que tivesse agido daquela forma, o filho de Otávio percebeu que o homem que saía do banheiro naquele momento se esforçava para esconder o quanto estava destruído. Deu de ombros em seguida.

Esperou quase cinco minutos para poder sair do lavabo também. Até esqueceu o que realmente tinha ido fazer lá. Se bem que ir ao banheiro naquele momento havia sido apenas uma desculpa do grisalho para ir atrás de Karina. Era óbvio. E ele imaginava que todos os amigos sabiam que era aquilo.

Ele voltou para a mesa sendo olhado de rabo de olho pela maioria. Menos Andy, Elídio e Samara, que o encaravam sugestiva e indiscretamente. Fingiu ignorar.

—O que eu perdi?

—Por aqui eu acho que nada, né? - Eduardo comentou de maneira irônica, observando os olhares sobre o mais velho.

Todos na mesa riram.

Não demorou muito para que Karina se aproximasse da mesa novamente, sem querer contato visual com Nascimento.

Diferente dele, que não tirava os olhos dela.

—Já estão trazendo os pratos de vocês...

—E você? Não vai jantar? - a mãe de Andy e Luana a olhou.

—Nah... eu ainda estou em horário de trabalho. - negou com a cabeça. —Daqui a pouco eu como alguma coisa.

—Aqui fecha que horas? - Anderson questionou.

—Geralmente às nove e meia. Dez horas ou dez e meia estourando um dia bom. - ajeitou o relógio em seu pulso. —Vai dar nove...

—Então! - Cecília apontou. —Aproveita que os dois casais que estavam ali saíram, chama o seu amigo e jantamos todos juntos.

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