Capítulo sete

208 8 142
                                    

E foi só ao entrar em seu apartamento que Karina parou para pensar no que Daniel havia dito.

Amanhã eu passo aqui de manhã e te levo no mecânico para pegar o carro. Por favor, me deixe fazer isso. Uma última vez.”

Piscou os olhos algumas vezes e respirou profundamente. Estava feliz por finalmente ter o seu carro de volta e não precisar mais incomodar o comediante; mas não podia negar que iria sentir falta daquilo.

Ela ia sentir falta das implicâncias. Ela ia sentir falta das discussões sem motivo. Ela ia sentir falta das brigas que aconteciam pelo simples prazer que tinham de brigar. Ela ia sentir falta de vê-lo ficar levemente nervoso assim que entrava no carro. Ela ia sentir falta do humor quebrado dele, que às vezes ria sem nada ter graça para a mulher. Ela ia sentir falta da ansiedade por saber que iria vê-lo. Ela ia sentir falta de seus beijos...

Ela ia sentir falta de tê-lo todos os dias.

Engoliu em seco, sentada no sofá. A ruiva continuava piscando os olhos, brincando com o pingente da correntinha que usava. Tinha que admitir; por mais que ele a irritasse, por mais que ele a fizesse ficar confusa sobre os seus sentimentos, por mais que ele tivesse certo poder sobre ela, por mais que ele a tirasse do sério, ela gostava de sua companhia.

Por algum motivo, se sentia segura com Nascimento. Desde a noite em que seu carro parou e ele se ofereceu para levá-la em casa pela primeira vez, se sentia protegida quando o homem estava por perto. Naquela noite ela sentiu medo. A avenida estava deserta e ela estava sozinha com o carro parado e não sabia o que fazer. Vivia dizendo não precisar de proteção, mas parecia, na verdade, precisar dele.

Negou mais uma vez, dando alguns leves socos em sua cabeça. Não podia continuar fingindo que não entendia, mas era o melhor e possivelmente o mais fácil.

Se levantou disposta a esquecer tudo aquilo e foi para o banheiro. Iria tomar um banho, na pretensão de que ele lavasse não só o seu corpo, mas a sua alma.

Já Daniel, sabia que a noite seria longa. Não queria acreditar que era por causa dela, mas sabia que era. Se fosse para ser sincero mediante a tudo aquilo, diria que, sem dúvidas, era a primeira vez em sua vida que estava realmente apaixonado – e por isso não sabia como lidar com tudo o que estava sentindo ou muito menos sabia o que fazer.

Ele também tinha certeza de que não deixariam de se ver com frequência, afinal, parecia que o universo fazia questão de manter algo em comum entre eles. Mas se perguntava sempre que podia: por que ela e por que agora? Talvez não obtivesse resposta alguma. Ia além da compreensão.

Decidiu parar de pensar naquilo e foi olhar as mensagens do WhatsApp. Viu que o grupo de Belo Horizonte já havia sido criado e começou a ler algumas mensagens. Dentre elas, Bella dizia que já estava em sua terrinha desde o dia anterior e Andy dizia que sábado às nove da manhã o trio pegaria o vôo para a capital mineira.

Foi num estalo que ele lembrou. Sábado era dia oito. Aniversário de Marco Gonçalves. Consequentemente, aniversário de Karina. Pareceu ficar estático por alguns segundos. Não estaria por perto nem que fosse apenas para provocá-la. Pensaria no que fazer.

Ao olhar para o relógio e ver que já era quase a hora de levantar, considerou que um de seus maiores problemas era pensar demais. Suspirou, colocando o alarme para dali os trinta minutinhos que ainda tinha.

E enquanto Nascimento ia tentar ao menos tirar um cochilo, Karina despertava. Sentou na cama, se espreguiçando. Seu semblante ainda parecia cansado. Fez uma careta ao pegar seu celular e ver que faltavam apenas trinta minutos para o despertador tocar. Não iria adiantar mais tentar dormir mesmo, então se levantou.

Rola Um LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora