Capítulo cinco

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De todas as coisas que Daniel havia dito, a que Karina mais tinha certeza de que ele estava certo foi quando disse “Impossível” no momento em que ela tinha dito que não queria mais ter contato com ele.

Poucas vezes o Destino tinha sido tão caprichoso e esforçado como estava sendo com o caso deles. Ai dos dois se não entendessem!

Felizmente, tanto um como o outro estavam começando a entender, por mais que não quisessem nem conseguissem admitir realmente.

Ambos se pegaram pensando naquela troca, muito mais que uma vez, em absolutamente tudo o que faziam antes de se deitarem para dormir. E enquanto já estavam deitados também. Talvez, fosse mesmo uma missão impossível não pensarem um no outro. Ela soltou um riso frouxo ao constatar.

Suspirou coçando os olhos e parecia se forçar a soltar um bocejo. Precisava dormir.

O homem já tinha aceitado que não iria conseguir dormir tão cedo. Sentado em sua cama, se viu recapitulando tudo o que tinha acontecido e em que momento alguma coisa teria permitido os dois chegarem ao ponto em que estavam.

Estavam, talvez, fosse apenas uma palavra solta, até porque, ele não sabia como seria o dia seguinte. Ou, no caso, mais tarde, porque já passava da meia noite. Não tinha ideia de como Karina reagiria; ele sentia que a mulher estava receosa, ou melhor, paranóica demais com tudo aquilo.

Nascimento já tinha visto o quanto a mulher queria demonstrar ter uma pedra de gelo no lugar do coração. Estaria ele disposto a mudar isso? A derreter aquele gelo? A domar aquela “fera”?

Não sabia ao certo. Mas já não podia negar que estava gostando daquele jogo. Não podia negar que gostava de provocá-la. Não podia negar, principalmente, que gostava de beijá-la e, já também não conseguia mais negar que sentia algo por ela.

Para ele, a ruiva tinha se tornado ainda mais bonita do que ele já achava que era antes dos beijos. Preferia fingir que entendia como uma coisa que não ia além de atração. Mas admitir que sentia alguma coisa, qualquer coisa, ainda que fosse apenas para si mesmo, já era um grande avanço.

Daniel nunca tinha amado alguém na vida. Não romanticamente falando. Sempre confundiu seus sentimentos e raramente se apaixonava. As paixões dele eram efêmeras, tanto que ele mal conseguia vivê-las da forma que queria. Ele não queria considerar que estava apaixonado pela senhora estressada do trânsito, torcia para que não; mas nunca tinha sentido algo tão avassalador antes.

Apesar de viajar sempre, trabalhar com comédia e algo do gênero, as coisas em sua vida costumavam ser mais calmas. Não que não fossem intensas, mas eram calmas. Tranquilas. Karina, por sua vez, era um furacão. Ela chegou literalmente bagunçando muita coisa. Jamais poderia imaginar que sentiria uma atração tão forte por aquela mulher. Se dissessem isso a ele no dia em que a conheceu, era capaz de querer internar quem quer que fosse em um hospício.

Agora, ele quem gostaria de estar em um.
Porque inevitavelmente estava louco por ela.

A chefe de cozinha não conseguia dormir. Parecia estar com medo de pegar no sono e sonhar com Nascimento de novo. Ainda mais agora. Agora que sabia qual era o gosto de seus lábios e a sensação de seus toques... seria muito mais difícil.

Agora ela só tinha duas opções: ou sonhava dormindo, ou sonhava acordada. Ela acordaria cedo na manhã seguinte, então preferiu dormir.

Mas prometeu a si mesma que, mais uma vez, pelo menos quando estivesse perto dele, fingiria que nada aconteceu naquela noite.

Para muitos, a manhã chegou muito rápido. Como se tivessem apenas pregado os olhos por dois segundos e não dormissem quase nada, implorando para ficarem e dormirem por mais oito horas. Para os dois, a noite passou devagar – mas no pior sentido. Se acordados, pensavam um no outro. Se dormindo, sonhavam um com o outro. E a noite parecia não acabar.

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