Capítulo seis

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Karina voltou para casa desnorteada. Parecia ter desaprendido a respirar direito e seu coração talvez não soubesse mais como bater normalmente.

Entrou no apartamento largando as coisas pela sala até chegar em seu quarto. Se jogou na cama de barriga para cima, tentando processar tudo o que tinha acontecido. Não queria acreditar que mais uma vez tinha beijado o homem que jurava odiar e, para piorar, talvez fossem além daquilo.

Não que Zoca já tivesse beijado tantas vezes e tantas pessoas na sua vida, mas não se lembrava de ter trocado beijos tão intensos como eram os de Daniel. Era inegável; o homem sabia beijá-la da mesma forma que sabia irritá-la. Ele parecia querer transmitir num beijo tudo o que não conseguia dizer com palavras.

Ela pensava se o comediante realmente estava sentindo algo por ela. A filha de Wagner conseguia perceber quando um homem lhe tinha algum tipo de interesse, por mais que demorasse a acreditar e fingisse que não era real. Mas, geralmente, queria ter certeza para saber o momento certo de dar um fora.

Uma vez sua amiga Ivonne disse que aquele jeito dela iria afastar até pretendentes que futuramente ela pudesse querer. Chegou a acontecer uma vez. Ela esnobou tanto que, no fim, até quis, mas não teve mais chances. E jurou que aquilo não iria acontecer novamente.

Não iria?

Nascimento para ela às vezes era apenas uma incógnita. Não tinha um pensamento definido sobre ele. Seus beijos a deixavam fraca, a forma como ele tocava em seu rosto ou em sua cintura faziam seu corpo arrepiar e o jeito como ele a olhava parecia fazê-la perder o rumo de tudo. Mas também tinha o fato de ela ter certa raiva dele que não sabia explicar o porquê da existência. Era incrível como em questão de segundos ela podia mudar do desejo de beijá-lo para a vontade de esganá-lo.

Ele tinha alguma coisa que a intrigava. E ela, honestamente, gostaria de não querer tanto descobrir o que era.

Se levantou, enchendo a bochechas de ar e soltando em seguida. Ainda sentia calor pelos beijos que trocaram. Não aguentava mais aquela situação. A mulher já estava entrando em desespero.

Mais uma vez, não sabia como iria agir no dia posterior. É claro, precisaria vê-lo de novo. E mesmo se não precisasse; o destino faria questão de fazer com que os dois se encontrassem.

Não via a hora de seu carro ficar pronto. Já era domingo e não tinham nenhuma resposta. Ou pelo menos, se tivesse, Daniel não tinha contado a ela.

Precisava respirar. Precisava de um tempo longe dele. Precisava entender o que estava acontecendo. Precisava compreender seus sentimentos. Precisava urgentemente que ele parasse de ser tão... ele.

Depois de tomar um banho gelado, foi dormir. Ou pelo menos tentar dormir. Não só pensava em Nascimento como também estava preocupada com ele. Claro, o homem parecia ótimo e cheio de disposição no momento em que eles estavam quase... ok, vocês sabem. Mas não estava totalmente bem.

Ela negou com a cabeça rapidamente para afastar os pensamentos e fechou os olhos mais uma vez. Não ia demorar muito para o seu despertador tocar. A chefe de cozinha tinha menos de três horas para dormir.

[...]

Karina acordou agitada. Na verdade, dizer que acordou é até incoerência; afinal, não havia realmente conseguido dormir. Estava morta de sono, mas precisava agir. Eram dez para as sete da manhã quando levantou da cama. Ativou o modo soneca de cinco minutos do alarme por quatro vezes antes disso.

Mal tinha levantado e já não via a hora de voltar para a sua cama novamente. Constantemente abria e fechava os olhos, ora apertando eles e coçando, parecia uma criança acabando de acordar. E mesmo sonolenta, parecia fazer quinze coisas por minuto. Queria que aquele domingo passasse o mais rápido possível.

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