Um recomeço

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A névoa da madrugada gelada tornava as ruas da pequena cidade de Forks em um cenário perfeito para segredos tão antigos quanto o tempo despertarem. No canto escuro, entre as sombras das árvores centenárias, algo mais sombrio do que a escuridão da noite se escondia.

Niylah andava apressada pela calçada deserta, a névoa da madrugada envolvendo-a como um véu gélido. Seu caminho era iluminado apenas pela luz fraca dos postes, criando sombras dançantes ao seu redor. O som dos seus passos ecoava solitário, misturando-se ao silêncio opressivo da noite.

Subitamente, um ruído agudo cortou o ar, fazendo-a parar instintivamente. Antes que pudesse reagir, algo agarrou seu pescoço com uma força sobrenatural, puxando-a para dentro da escuridão de um beco próximo. Ela tentou gritar, mas sua voz se perdeu no vazio.


3 de março de 2023, sexta-feira — Dwyer, Arizona


Os olhos azuis observavam o teto da casa, jogando para cima aleatoriamente uma bolinha de tênis, com a qual costumava treinar malabarismo, os fones de ouvido apreciavam o Rock Alemão da banda "Rammstein" no máximo. A voz de sua mãe sobressaiu ao som. Clarke ignorou

Hey! Você está ficando surda? — Abby invadiu o quarto depois de bater na porta algumas vezes, abrindo as cortinas e deixando o sol entrar, Clarke se encolheu como uma vampira sendo queimada, Abby puxou seus fones de ouvido — Tá na hora

É! Tá na hora diaba! — sua irmã mais nova falou animada na porta, pegando a primeira coisa a vista e jogando com força outra bolinha de tênis, atingindo sua coxa

Você tá morta— Griffin se sentou brava e Hope arregalou os olhos, correndo o mais rápido que podia enquanto gritava por ajuda, se trancando no próprio quarto. Porém Clarke não foi atrás, apenas voltou a atenção até sua mãe — Promete que não vai me substituir? Não quero que ninguém use meu quarto

Que absurdo, é claro que não vamos te substituir, você não pediu para ficar mais tempo com seu pai? já desistiu da ideia? — a mais velha voltou para a porta, levando consigo os fones da filha — Vamos nos ver nas férias

Bem, não vamos nos ver se eu virar uma vampira e me mudar para a Romênia — sorriu com a sugestão — Ou, que tal, um lobisomem me morder e eu adquirir licantropia? Uma bruxa pode me amaldiçoar, mamãe — se aproximou — Não tem medo de me perder?

Você tem que parar de ler esses livros, anda, pega sua planta e vamos — Abby ainda não aceitou que Clarke vivia em seu próprio país das maravilhas mental

Estava quente, como a maioria dos dias, a pequena família se reuniu na sala, Marcus tinha um sorriso generoso, como em todos os outros dias — Eu vou sentir a sua falta.

Eu também vou — Clarke assumiu em tom baixo, ele era seu padrasto desde que tinha 9 anos, era um conselheiro compassivo e uma presença constante em sua vida, e sempre foi muito respeitoso, jamais tentou assumir o papel de Jake mas também preencheu o vazio deixado pela ausência de seu pai biológico.

Eu não vou! — Hope mostrou a língua e fechou os olhos em um ato infantil, uma brincadeira antiga entre elas, assim ela não poderia ver Clarke retribuir o gesto, o que a tornava a "vencedora", e se afastou junto com Abby para guardar a mala no carro.

Fique com isso, e não diga a sua mãe — Marcus estendeu o braço e entregou um bolinho de dinheiro, Clarke empurrou com a mão aberta de volta — Não posso aceitar — ele continuou insistindo — Eu sei, você tem pai, não vai precisar, eu só quero que.. comprei algo que goste, sabe? Guarde para emergência, qualquer coisa.

Sangue proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora