Mas vampiros são feitos de tempo

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[ . . . De volta a 22 de julho . . . ]

Alexandra Woods Cullen esperou até a noite, pensou o dia inteiro e tomou uma decisão para sua vida: independente de tudo, não aceitaria viver o resto da eternidade sem Clarke. Entenderia sua raiva, poderia lidar com sua fúria, aceitaria manter a distância pelo tempo que ela determinasse, mas não deixaria isso romper o único amor que sentiu em 100 anos.

Jake abriu a porta, normal, um pouco triste — Posso te ajudar?

Boa noite senhor Griffin, posso falar com a Clarke? — seus olhos verdes brilhantes por culpa de lágrimas superficiais, ou talvez fossem emoções, sua postura não era confiante como sempre, e pela primeira vez na vida, Jake não viu Lexa como uma garota determinada e toda firme, ele viu apenas uma adolescente

Não é um pouco tarde? — "Ela não se despediu?"

Lexa arregalou os olhos com o pensamento dele — Eu gosto da sua filha, Jake. Gosto grandiosamente.

Jake sorriu sem jeito — A Clarke.. — suspirou e desmanchou qualquer traço de alegria, engoliu em seco antes do golpe — Foi pra casa, sabe, com a mãe dela.. sinto muito que não tenha sido avisada

Quando ela volta?

Ela não volta.

O desespero da breve hipótese dela se tornar algo distante demais para tocar começou a pesar, e arrastou toda a alma de Lexa ao inferno — Ela foi embora? Sem se despedir? Não, isso não é algo que ela faria, ela não.. não faria isso comigo — sussurrou para si mesma, esquecendo que Jake estava ali e quase se assustando quando ele voltou a falar e a fez lembrar do mundo ao seu redor

Tem sido um ano difícil, ela precisava de um tempo aqui, se curar para voltar a sua vida normal. Sempre esteve esperando para voltar — Jake levantou um pouco seus ombros, uma situação em que não havia mais nada a ser feito — De verdade, eu sinto muito, se quiser posso te oferecer uma carona até sua casa

Não, me desculpe incomodar — forçou um sorriso gentil enquanto dava um passo para trás — Eu vou ligar pra ela, aposto que.. hum, se esqueceu, ela saiu com pressa?

Muita, deixou um monte de coisa pra trás — concordou, desconfortável — Eu posso fazer algo por você, Lexa? Eu realmente peço desculpas por essa atitude, eu não a ensinei a ser mal educada.

Não, não se preocupe, eu me viro — sorriu com os lábios levemente trêmulos, sentindo o corpo ficar dormente enquanto se afastava mais e mais

Toma cuidado, não é bom ficar até tarde na rua, essa cidade é cheia de vampiros — ele brincou, como Clarke costumava falar. Mesmo depois de fechar a porta, Lexa sentiu a dor emanando de Jake, chateado por voltar a estar sozinho.

Quando se virou, Anya estava a sua espera, não disse nada mas seus olhos falavam por si, queria demonstrar que estava ali, que ela não estava sozinha, ser um apoio, ofereceu seu abraço mas Lexa a ignorou, não sabia dividir sua dor, e muito menos a sua raiva.

Aquela foi a pior noite de toda a sua existência.

Vagou esvaziando seu coração por toda a floresta, a chuva caiu durante toda a madrugada, apreciou e se desesperou com sua própria eternidade, odiava não sentir o frio, e tremia da mesma forma que um humano faria, porque queria mentir a si mesma que existia alguma humanidade nela, tentava sentir algo além do coração partido, algo além daquela dor exuberante que se tornava, assustadoramente, maior a cada segundo, tão grande a ponto de ser muito pior do que a dor do veneno dos vampiros, pior do que a morte, pior do que tudo que já experimentou, mil vezes pior do que o dia em que Costia morreu.

Sangue proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora