Medo.

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𝙶𝚞𝚗𝚜 𝙱𝚛𝚊𝚍𝚕𝚎𝚢

Acerto um soco no saco de pancadas de frente para mim, minhas mãos com uma faixa dói mas isso não alivia meu estresse.
Eu acerto mais um soco, o suor escorre por minha pele e mais um soco em seguida de outro e outro.
Eu estou destruído e extremamente irritado, minha cabeça gira de forma agonizante e um pontinho não para, nunca para. Sinto como se eu fosse me alto destruir, tenho vontade de destruir algo, eu tenho vontade de surtar.

Estou cego.
Puto de ódio.
Eu tô sem rumo.

Ouço a porta da academia se abrir e seguro o saco de pancadas puxando o ar por tanto esforço, engulo seco e me viro vendo Serena ali parada.
Seu cabelo está em um coque bagunçado, uma cueca box se faz presente e ela está usando um top, provavelmente Blad deve ter arrumado a ela.

Na noite passada foi difícil trazer ela até aqui, tive que pela primeira vez na minha vida matar alguém, mas eu não sei oque ouve.
Eu senti uma raiva repentina, ódio genuíno e simplesmente foi automático.
Mas estou preocupado por não ter sentido nada em relação a isso.

Depois do ataque do Serial Killer passei por uma cirurgia, me adaptei rápido a ideia de ter um olho só, não afetava muito na minha visão mas mesmo assim era um pouco estranho.

Assim que saí do hospital, não vi Serena por longas semanas, um mês ao todo, e eu pensei em dar o tempo dela. Depois de mais semanas eu já estava começando a ficar louco. Transformei minha casa em um campo de treinamento, eu treinava dia e noite e me sentia fraco por ter sido pego tão fácil.

— Quero ir embora. — ela diz. Sua voz doce.

Eu a olho neutro e nego com a cabeça quando ela me olha incrédula e por sua expressão, ela está prestes a surtar.

— Guns me leva pra casa! — ela pede nervosa.

— Você já está nela. — eu afirmo.

Serena cruza os braços de frente pro peito e eu tinha que admitir que essa teimosia estava me causando raiva. Ela olha em volta, checa as paredes, vê também os aparelhos de academia, o ringue no centro, as janelas fechadas e um espelho gigante mostrando nós dois e a academia inteira.

— Ninguém vai me fazer ficar aqui! — ela bate o pé. — Porra eu vou embora! Quem você pensa que eu sou? Uma escrava, sai fora essa fase já passou a anos.

Ela se vira para sair da academia mas para prestes a segurar a maçaneta. Bufa aborrecida e eu eu sorrio ladino vitorioso.

— Não tenho carro. — ela se amaldiçoa baixinho mas mesmo assim ouço.

— Eu te dou um se for uma boa menina. — falo. Meu tom rígido.

— Não preciso de merda nenhuma sua! — ela responde de imediato se virando de volta pra mim me fuzilando com os olhos.

— Qual é, eu insisto, é um cavalheirismos da minha parte, pegue meu celular e escolha o modelo. — limpo o suor escorrendo por meu abdômen e percebo seu olhar fixo no lugar, oque me faz sorrir ladino. — Você vai comprar?

— Já falei que não!

Eu bufo voltando a socar o saco de pancadas, mas tudo me invade, o cheiro do cadáver queimando e como fui capaz de fazer tudo aquilo de forma tão fria.
Eu seguro o saco de pancadas de novo respirando fundo. Será que eu sou um... assassino de sangue frio? Por que eu não consigo sentir pena? Por que eu simplesmente não, me afeto com isso?

Noite de Sedução.Onde histórias criam vida. Descubra agora