Felix e Lee Know - Parte 2

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Minho nasceu em uma família tradicional coreana. Ele morava com os pais, os avós, os tios, os primos, todos juntos. Minho odiava isso. Falta de privacidade total, ele odiava barulho e a casa dele era a personificação do caos. Ele amava sua família, mas uma grande certeza que tinha era que ia se mudar assim que pudesse.

Todos chamavam ele de mal humorado, mas era o jeitinho dele de ser, ele amava toda a sua família, e eles sabiam que não era por mal a sua carinha zangada de todos os dias. Tanto que ficaram muito tristes quando ele disse que se mudaria de Gimpo e iria pra Seul. Mas todos apoiaram pois ele ia seguir seu sonho. Ser policial e ajudar as pessoas. Esse era o sonho de Minho. E sua família tinha muito orgulho dele.

Assim que terminou o colegial, Minho foi estudar em Seul. Logo ele conseguiu ser policial. Mesmo jovem ele era muito competente, tinha muito senso de justiça dentro de si. Mas também descobriu o lado obscuro da vida, viu a corrupção de perto. Seus superiores se vendiam pra pessoas ricas, ele via inocentes serem presos e culpados sendo soltos por ter dinheiro. Ele não sabia fingir que não via aquela injustiça. Ele já tinha sido ameaçado dentro da polícia várias vezes, mas aqueles olhinhos raivosos que buscava o certo e a justiça nunca mudava.

Quando conheceu Felix, ele ouviu sua história. Sabia que se o garoto ficasse ali ele iria pra detenção, então com pena do garoto ele fez o que achava certo, saiu com o garoto em vez de colocar ele naquela cilada, ele sabia que os homens com dinheiro iam colocar a culpa toda nos menores. No momento Felix era o único que ele podia salvar, então ele salvou. Deu dinheiro a Felix pra que levasse sua mãe ao hospital e voltou o mais rápido possível pra delegacia. Alguns policiais que já não gostavam dele por ele não aceitar suborno ou injustiça calado, o observava. Ele sabia que tinha que ser muito cauteloso dali por diante.

Ao passar dos anos, Minho tentava ajudar as pessoas, mas sendo somente um policial ele não conseguia fazer muito. Seus superiores vendidos sempre acabavam impedindo que ele conseguisse fazer o certo.

Ele andava com início de depressão, não conseguia voltar pra sua casa. Sentia vergonha de ser policial e não ajudar ninguém. Sentia vergonha de ver a injustiça na sua cara e não poder fazer nada sendo que ele era pra ser parte da justiça.

Minho estava de férias. Seus pais o ligavam sempre pra saber quando ele podia ir visitar, mas ele ignorava as ligações. Não tinha cara pra aparecer na sua casa sendo um grande mentiroso e covarde que não podia fazer justiça. Sua família o chamava de herói, e de herói ele sentia que não tinha nada.

As suas férias se resumia em comer miojo e jogar vídeo game. Não via jornal, não via tv, não queria ver ninguém, não saía de casa. Então um dia, enquanto tomava banho, sentiu vontade de tomar um sorvete. Ele foi até o posto de conveniência mais próximo e escolheu um sorvete qualquer e foi pagar.

Um jovem bonito de cabelos loiros o atendeu. Quando o jovem olhou nos seus olhos ele ficou pálido, Minho achava que ele podia estar passando mal.

- Tudo bem com você garoto? - Minho perguntava preocupado

- Oi, tudo sim, desculpa, eu não esperava te encontrar aqui. Do nada.

- Você me conhece?

- Sim! Na verdade não, não sei nem o seu nome, mas você me ajudou quando eu mais precisava. Eu queria muito muito te encontrar e te agradecer. Muito obrigada, de verdade. - Minho o olhava desacreditado, ele? Ter ajudado alguém?

- Eu? Tem certeza? Não me imagino fazendo nada de bom pra ninguém na verdade.

- Você salvou a minha vida, se não fosse você eu não estaria aqui hoje. Você é policial né?!

- Sou.

- Um dia você me salvou de ser preso e ainda deu dinheiro pra salvar a minha mãe. - Minho então lembrou daquele garoto que ajudou. A única pessoa que ele tinha conseguido fazer algo de bom pelo visto.

- Você é aquele garoto? Desculpa, mas eu nunca reconheceria você. Você era muito magro, tinha cabelo preto e andava olhando pra baixo. Nem achava que tinha visto meu rosto.

- Eu olhei uma vez, olhei pro seus olhos e nunca esqueci eles. Eu queria muito te agradecer. Se não for pedir muito, o senhor pode sair comigo pra beber algo? Não é o que você tá pensando, eu só quero pagar um churrasco pra lhe agradecer.

Minho pensou, não era nada de mais. E ele estava tão depressivo, pelo menos alguém ele tinha conseguido ajudar, então porque não?! Queria saber se o garoto estava indo bem na vida.

- Claro, porque não.

-Qual é o seu nome, senhor?

- Não precisa me chamar de senhor, me chamo Minho. Lee Minho.

Felix o olhava com um brilho enorme no olhar, como se ele fosse uma pessoa admirável. Minho não se sentia assim.

- Bom, quando o senhor...digo, quando o hyung? Posso te chamar de hyung?

- Pode. - O garoto sorriu

- Quando o hyung vai ter folga? Posso dar um jeito de arrumar uma folga no estágio e no emprego de meio período.

- Qualquer dia que você esteja livre. Eu tô de férias. Não ando fazendo literalmente nada.

- Pode ser hoje a noite então? Se não for atrapalhar algum compromisso seu.

- Pode sim. Que horas você sai daqui?

- As 20:00.

- Então eu passo aqui às 20:00. Qual o seu nome mesmo? Desculpa, faz muito tempo que vi sua identidade.

- Felix Lee

- Outro Lee, legal. Até às 20:00.

Minho saiu da loja de conveniência e foi pra casa. Ele pensava se tinha feito o certo em ter concordado em sair com o garoto. Mas que mal tinha? Ele apenas ia conversar com alguém depois de tanto tempo trancado em casa. Por algum motivo ele queria muito saber como ia a vida do garoto, se ele ia bem. E também se sentiu um pouco menos triste conversando com o garoto mesmo que por pouco tempo.

Quando estava perto das 20, Minho tomou banho e foi buscar o garoto no seu trabalho. Felix o esperava em frente a loja. Ele tinha um sorriso enorme no rosto. Minho nunca tinha conhecido alguém assim. Uma pessoa que era tão sorridente que contagiava as pessoas ao seu redor. Ele tinha uma leve vontade de sorrir olhando pra ele enquanto se aproximava.

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