Nalú desvia o olhar de Guri e passa por ele enquanto caminha em direção ao palco.
É muito difícil não ter a confiança abalada quando percebe que o adversário está em casa. No lugar que ele mais ganhou títulos, que todos pedem a presença semanalmente, que todos lembram dele quando falam em Aldeia.
E quem é Nalú ali?
Mesmo com muita coisa contra ela, ela sabia que não deitaria fácil pra nenhum MC dali. Se fosse cair ela cairia atirando. Mas ela não queria cair de jeito nenhum. Ganhar de Kant naquela batalha seria uma provação imensa do potencial que ela tem e sabe que tem.
Todos esses pensamentos e possibilidades rondaram a cabeça de Nalú no meio tempo entre subir no palco e mandar a primeira rima para Kant.
Ela começou o round atacando bem, cheia de agressividade e com sangue nos olhos. Mesmo não tendo o costume de olhar seus oponentes nos olhos enquanto rima, ela notou um olhar diferente vindo de Kant. Era um olhar de alegria, mas não parecia com um olhar de autoconfiança, mas sim de orgulho talvez.
O round acaba e Nalú vence com sobra, com os votos dos três jurados ao seu favor.
O segundo round começa com Kant atacando num beat de trap. Ele ataca razoavelmente bem e no final manda um speedflow trazendo uma certa nostalgia para a batalha e levantando muitos gritos.
O que ele não sabia é que Nalú era de fato muito fã dele e também aprendeu a fazer speedflow com ele. Ela começa sua resposta com o speedflow, fazendo a plateia ir a loucura. Termina o round encaixando boas punchlines, boas o suficiente para ela ter a certeza que havia vencido aquela batalha.
Algumas pessoas da plateia pediram terceiro, algumas negaram, mas no final os jurados deram a vitória para Nalú.
A garota comemora com pulos sobre o palco e ganha um abraço de Kant, junto com palavras reconfortantes.
— Eu sabia desde o ataque que você ia levar hoje. — sua voz é abafada durante o abraço com Nalú — Você tem um potencial gigante, você é gigante.
Nalú se emociona e decide em um impulso deixar sua timidez de lado e pedir a palavra para Bob, que entrega o microfone para ela.
— Primeiramente eu queria pedir muito barulho pro Kant. Ele falou aqui pra mim que eu sou gigante, mas gigante é ele e as vezes o público...as pessoas não vêem isso.
A plateia grita enfurecidamente e Kant coloca as mãos nas costas da garota e lança um olhar agradecido para ela.
— Independente do resultado de hoje eu gostaria de agradecer muito a Aldeia por me dar a oportunidade de voltar aqui hoje. Eu tô vivendo um sonho desde o momento em que eu vi meu flyer lá na página da Aldeia, desde que me chamaram pra vir aqui. Então vocês imaginam como eu tô agora vendo que eu tô na final. Caralho, isso é muito foda. — ela sorri e respira fundo tentando conter as emoções — Família, eu tava a semanas sem rimar. Eu tava ficando sem dinheiro e sem comida em casa e hoje eu to na final da Aldeia. Acreditem nos sonhos de vocês. É possível. E bora fazer uma vibe linda que faltam só duas batalhas.
A plateia grita muito para Nalú e ela finalmente consegue olhar para cada um dos rostos que estão na plateia. Ela vê crianças, adultos, homens, mulheres, olhares alegres que a fazem sentir esperança.
Ela caminha rumo a área dos MCs e se recebe um abraço inesperado de Kroy e Youngui. Quando se dá conta, está sendo abraçada também por Barreto e Levinsk. Eles pulam e comemoram com a garota como se ela já fosse campeã.
— É A NALÚ CARALHO. — Youngui grita enquanto os MCs pulam em comemoração.
— Ai gente... Calma aí. — ela diz rindo.
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vesúvio • guri mc
Fanfictionnunca tive pra mim que você fosse tanto. essa fanfic é inspirada no álbum "vesúvio" do Djavan.