dois

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Desde de que Nalú passou a viver do rap, as segundas-feiras se tornaram um dos pontos altos da semana. Era dia de Aldeia.

Não só ficava animada para tentar rimar, mas também para ver o espetáculo que acontecia naquela praça, onde todos os Mcs entregavam o melhor de si.

Nessa segunda em específico, algo inexplicável a fez acordar especialmente animada. Não sabia explicar, mas acordou com uma ansiedade absurda e só queria que o dia passasse rápido para estar logo na praça dos estudantes. Além disso, descobriu através do instagram da Aldeia que a batalha seria no formato 45 segundos, formato esse favorito de Nalú.

As horas foram passando e logo estava na hora de se arrumar. Ela tomou um banho super caprichado um vestiu um shorts biker preto e uma t-shirt laranja neon com uma escrita rosa. Nos pés calçava um air force branco bem surrado, que era um dos dois únicos tênis que tinha. Decidiu completar o look com colares e anéis dourados e um óculos de sol preto. Deixou soltas suas tranças que batiam na cintura, então pegou uma ecobag qualquer com seus documentos, cartões e seu celular e foi rumo a Batalha da Aldeia.

Já estava acostumada a demorar no mínimo uma hora pra chegar em todos os lugares de São Paulo, já que era de Osasco. Passava por trem, metrô, além de caminhar por boa parte do trajeto.

Chegou na praça dos estudantes por volta de 19h30 e tinham poucos mcs confirmados lá.
Ela deixou seu nome para sorteio e ficou junto a plateia, enquanto via os MCs confirmados chegando em um lugar privado para eles.

As 19h55, Alva anunciou que começaria o sorteio, que tinham apenas duas vagas e que tinham pelo menos 30 nomes no sorteio. O brilho de Nalú foi sumindo a cada palavra dita por Alva, mas tentava se manter confiante.

Alva sorteia o primeiro nome e anuncia.

— A primeira sorteada da noite é a...

Nalú abre um sorriso ao ouvir Alva chamando no feminino, pois não se recordava de ter visto outra mulher deixar o nome para rimar naquela noite, então tinha grandes chances.

— KISHA! — Alva anuncia.

Ela mantinha o sorriso forçado e aplaudia. Obviamente ficava genuinamente feliz por ver outra menina negra rimando no palco da aldeia. Mas não podia negar que sentia muito por não ser ela.

— Vamos para o segundo sorteado ou sorteada da noite, hein galerinha. — Bob diz chacoalhando o copinho com os nomes dos possíveis sorteados.

Depois de muito chacoalhar, Bob retira um dos papeizinhos do copo.

— A segunda pessoa sorteada pra rimar aqui no palco da Aldeia é... — Bob faz uma pausa dramática olhando para a câmera da transmissão ao vivo — NALÚ!

Os olhos da plateia e dos apresentadores se voltam a Nalú, que permanecia parada de boca aberta. Ela esperou tanto, mas tanto, por essa oportunidade que não sabe nem como lidar agora que finalmente vai ter sua chance. Com certeza, se fosse rimar naquele momento, travaria mais que tudo. Mas, por sorte, os primeiros nomes chamados para rimar foram de Kroy e Kisha.

A batalha começou e sinceramente Nalú mal estava prestando atenção. Naquele momento ela só estava focando em ficar calma, pois estava estranhamente nervosa.

Ela sentia suas pernas bambearem e suas mãos suarem e não sabia o porquê de tanto nervosismo se já tinha rimado na Aldeia duas vezes, uma vez em uma edição especial das Venenosas e outra através do sorteio.

Kroy vence a batalha contra Kisha e passa da próxima fase. Nalú só pensava em como não queria rimar naquele momento e torcia mais que tudo para que seu nome não fosse chamado naquele momento.

vesúvio • guri mcOnde histórias criam vida. Descubra agora