cinco

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O final de semana passou voando e o momento mais esperado da semana de Nalú chegou: A Batalha da Aldeia.

Ela ganhou mais um chance de participar, já que teve que se ausentar na edição anterior. E sinceramente? Olhando agora, ela percebe que foi até melhor isso ter acontecido.

Após ganhar a Norte na sexta ela se sente muito mais confiante, porém sabe que também carrega a responsabilidade das expectativas que foram colocadas nela desde sexta-feira.

O meio da tarde se aproxima e Nalú começa a se arrumar enquanto conversa com Bruna, namorada de Youngui. Ambos foram para a casa de Nalú para irem juntos para a Aldeia.

— Como 'cê tá hoje, Nalú? — Bruna pergunta sentada na cama olhando para Nalú.

— Ah, eu tô bem. — ela responde enquanto olha para o guarda-roupa procurando o que vestir — Eu vou rimar. Isso já me deixa feliz. Só de saber que eu não vou precisar passar pelo sorteio...

— Essa é a pior parte, né? O Gui ficava desesperado toda segunda por causa do sorteio.

— Eu fico também. Por isso hoje vou rimar leve. Quero rimar bem agressiva, quero nem saber, mas meu coração vai estar leve... — ela fica em silêncio por alguns segundos enquanto olha para o guarda-roupa — O que será que eu uso?

— Tem que pensar num look pra ficar bonita na foto com a folhinha.

— Ah, claro — Nalú ri — Cara, eu tenho muita pouca roupa. Como que eu vou ser nega doce assim?

— Da pra se virar com o que tem, pô. — Bruna se levanta — Tem um que eu já vi você usando que fica linda, meio tenista sabe? — ela se aproxima do guarda-roupa e começa a procurar.

— Eu sei! — Nalú tira uma saia plissada branca que parecia de tenista do guarda-roupa — É com essa saia, né?

— Isso! Usa ela com alguma camiseta meio oversized.

— Tem uma de time que eu comprei do brechó e nem sei de que time é.

— Ai, Nalú, só espero que não seja um time que só perca.

— Aí vai ver e é um time rebaixado, tá ligado. — ela ri.

As garotas continuaram conversando e se arrumando, e quando terminaram foram até a sala se juntar ao Youngui.

Os três pediram um carro de aplicativo e foram até a Batalha da Aldeia.

Chegando lá, eles se juntaram a outros MCs. Ela teve a oportunidade de conversar brevemente com o Kant, uma de suas maiores inspirações do freestyle. Cumprimentou Levinski, Apollo e Lucão, que foram as pessoas que a ajudaram quando ela passou mal na semana anterior. Chegou a ver Guri conversando com Barreto e Kroy de longe.

Logo começam as batalhas e Nalú foi chamada para batalhar com Tavin.

Ela entrou para rimar bem focada e calma e ganhou a primeira fase de 2x1.

Na segunda fase veio o maior desafio: Foi chamada para rimar contra Barreto. Era a primeira vez rimando contra o garoto, mas sabia que ele tinha um poder especial de tocar as pessoas com seus versos.

Nalú e Barreto rimaram nos três rounds em cima de beats de boombap lento que pareciam que haviam sido escolhidos especificamente para aquele momento.

Rimaram sobre fé, sobre amor, sobre sentimentos reclusos e fizeram uma das melhores batalhas da noite.

Nalú ganhou o terceiro round e ao cumprimentar o Barreto, ele a olhou nos olhos e disse algumas palavras motivadoras para a garota.

— Você rimou muito, muito, Nalú. Te acompanho faz um tempo já, você é muito boa, mano. Hoje 'cê vai longe aqui, pode confiar.

Ela apenas agradeceu. Gostaria de ter falado mais, tipo o quanto ela é inspirada por ele, por suas rimas. Falado sobre todas as vezes que estava prestes a desistir de rimar e viu uma batalha dele e sentiu vontade de ir pra batalha mais próxima que estivesse acontecendo no mesmo segundo.

Mas enquanto muitas pessoas pecam pelo excesso, Nalú sempre pecou pela falta. Pelo não dito, pelo não demonstrado.

Na área dos Mcs ela vê todos eles conversando, rindo, interagindo e só conseguia pensar se um dia ela conseguiria fazer isso também, pois em toda batalha, nos intervalos entre elas, ela só conseguia pensar obsessivamente na próxima fase.

Ela acabava se isolando, se fechando completamente. As únicas pessoas que conseguiam acessá-la nesses momentos eram Kroy e Youngui, seus melhores amigos de vida e de batalha. Porém, até mesmo eles conheciam Nalú o suficiente para saber que ela era de poucas palavras nesses momentos e preferiam conversar com ela no final do evento.

Nalú espera sentada de cabeça baixa a próxima fase enquanto toma uma água. Olhando para o chão ela percebe os pés de uma pessoa se aproximando. Ela levanta o olhar e por algum motivo não se surpreende ao ver a figura de Guri parada na sua frente.

— Oi. — ele diz sem muita entonação enquanto olha para Nalú — Tá bem?

— Oi, eu tô bem. Não parece? — ela diz abrindo um leve sorriso.

— Não muito, 'cê tá quietinha aí.

— Tô me concentrando só. — ela diz e desvia o olhar tentando enxergar o palco.

— Falta mais uma pra semi. — ele diz ao perceber que ela estava tentando ver a batalha.

— Você passou? Desculpa, eu realmente não tava prestando muita atenção — ela ri sem graça.

— Sim, eu acabei de batalhar. — ele ri — Será que eu te vejo na final?

— Que pergunta é essa se nem passamos da semi ainda? Que soberba! É assim que a pessoa fica depois de ganhar 300 aldeias? — ela ironiza cruzando os braços e levantando uma das sobrancelhas.

— A gente sente quando vai chegar longe. Você não tá sentindo isso?

— Eu não costumo sentir, mas me disseram que eu ia hoje. — ela diz e sorri ao se lembrar das palavras do Barreto.

— O Barreto diz isso pra todo mundo e ainda mete o nome de Jesus do meio.

Ela arregala os olhos olhando para Guri e ri.

— É, então não tenho argumento nenhum — ela ri — Respondendo a sua pergunta se vamos nos encontrar na final, depende de quem eu vou enfrentar agora. — ela diz após escutarem Bob anunciar o fim da segunda fase.

— Depende de você, na verdade. E se ter muitos títulos da aldeia importam pra você, esse que você vai batalhar agora tem só uns 40.

Ela automaticamente percebe que se tratava de Kant e percebe que aquela sim seria a batalha mais difícil da noite, mas sorri ao pensar que iria batalhar com seu ídolo.

— Eu acabei de te contar que você vai batalhar com o maior campeão da aldeia e você sorri, que psicopata. — Guri ri e eles escuram Bob chamar Nalú para o palco. — Vai lá, acaba com ele. — ele diz e ela se levanta — Vou te esperar na final.

vesúvio • guri mcOnde histórias criam vida. Descubra agora