Capítulo II.

17 3 0
                                    

Um homem corre desesperado e com medo, esse homem é Hakari. Atrás dele, uma multidão de mortos-vivos o persegue, e cada um dele chora. Hakari sente um medo terrível e busca fugir de todas as formas possíveis, mas falha. Logo os mortos-vivos se amontoam entre ele, o deixando apertado e sem ar, e os mortos perguntavam, chorando: "Por que? Por que eu merecia isso?". Com muita dificuldade, Hakari consegue fugir do amontoado de mortos que estava em cima dele, e de repente, ao olhar para baixo, vê que tem uma katana em suas mãos. Ele fita a katana, ele decide terminar seu sofrimento cortando sua garganta, e assim o faz. E enquanto ele agonizava até morrer, seu irmão aparece em sua frente, com um buraco no lugar que fora seu coração. O irmão agacha perto de Hakari, e diz: "Busque a verdadeira felicidade", e então abre um sorriso macabro, "essa é a minha maldição para você. Não pode morrer até descobri-la", então seu irmão começa a rir. "Olá, senhor Hakari, não é?", Hakari acorda assustado. Foi apenas um pesadelo. Ele olha para cima e vê um idoso que lhe perguntando seu nome, esse idoso é Seung. "Sim. Hakari", responde enquanto se levantava lentamente, ainda acordando.

O velho Seung sorri: "Me disseram que meu genro o contratou recentemente. É um prazer te conhecer, me chamo Seung", O idoso levanta sua mão em direção de Hakari buscando um aperto de mão. "Hakari", responde, apenas. Rejeitando o aperto de mão do idoso. Mas Seung apenas abaixa a mão discretamente e continua a conversa: "Você veio de longe, não é mesmo? Japão... ah, como amo a sua terra. Me perdoe pelo meu japonês enferrujado, aliás. Então, por que decidiu sair de sua terra natal e nos conceder a honra de vir para a nossa querida terra coreana?". "A paisagem daquele lugar estava me enojando, foi por isso", respondeu, Hakari, rispidamente. Seung percebeu que o homem não queria conversar, e logo despediu-se com um sorriso de todos os cozinheiros e de Hakari.

Os cozinheiros olham torto para Hakari, eles não gostaram da forma como ele tratou o velho Seung, mas não falaram nada, apenas foram ao seus postos para começarem a cozinhar. "Imagino que tenha conhecido o novo integrante, sogro.", disse Junghoon, ao ver Seung saindo da cozinha. "Sim. Um homem de poucas palavras", respondeu Seung, rindo. "Sinceramente eu não gosto muito dele... mas imagino que ele tenha passado por muita coisa nas ruas, então tento relevar. Mas pelo menos ele limpa perfeita e rapidamente o restaurante, não vou mentir dizendo que ele não ajuda.", afirma Junghoon. Min-ji se aproxima de seu vô: "eai, vovô. Você viu o Hakari? O que achou dele? Ele falou de mim?". Seung já havia entendido: "sim, ele disse que estava pensando em propor-la em casamento ao final do expediente", responde Seung. Min-ji fica vermelha de vergonha: "S-sério?"; Seung ri, "Quem sabe algum dia, minha querida. Nunca desista". Min-ji fica com vergonha e afirma que não gosta de Hakari, Seung apenas acena positivamente com a cabeça e vai se sentar em uma das mesas, enquanto ria.

Ao fim da tarde.

Mais um árduo dia de trabalho havia chegado ao fim no restaurante de Junghoon. Seung ficou até tarde para ajudar a guardar os pratos e talheres, enquanto Hakari limpava todo o local. Então dois homens abrem a porta do restaurante, são dois soldados chineses. O imperador pagava tributos à dinastia chinesa para proteger a península coreana de qualquer tipo de invasões, logo, vários soldados da armada chinesa estavam espalhados por toda a península. O problema é que alguns desses soldados começaram um esquema clandestino: cobravam aos moradores para terem a proteção deles contra ladrões e animais, e , implicitamente, para terem proteção contra os próprios soldados chineses.

Os dois soldados entram no restaurante, um deles se senta e fala para o outro: "Pede uma cerveja pra mim", e o outro se dirige ao balcão para falar com Junghoon. "Boa noite, chefia. Tudo bem?", pergunta em coreano, o soldado. Junghoon engole seco: "sim. E com os senhores?"; "ah, vai bem. Dia cansativo de trabalho hoje, vamos precisar de duas cervejas para podermos relaxar um pouco"; "É pra já!", então Junghoon busca duas cervejas geladas e entrega ao soldado, que logo pergunta: "e o nosso pagamento? Está em mãos?". Junghoon acena positivamente com a cabeça, e vai ao fundo do restaurante para pega-lo. O soldado abre o pacote e conta o dinheiro: "Ta faltando". "Veja bem, é que esse mês foi um pouco apertado sabe... mas mês que vem iremos compensar por isso, eu prometo", respondeu, trêmulo, Junghoon. O soldado abre um sorriso: "Acho bom mesmo", assim, ele pega as duas cervejas e seu pagamento, se senta ao lado do outro soldado e o entrega sua cerveja.

Eles terminam de beber e vão embora. Junghoon volta a respirar tranquilamente, mas Min-ji se irrita: "Até quando isso vai continuar? Por que não lutamos contra isso? Isso não está certo!", e sai nervosa do restaurante. Joon se aproxima e diz: "Sabe, ela não está errada, chefe... detesto ver uma pessoa boa como você sendo extorquido por esses vagabundos", Junghoon põe sua mão no vasto ombro de Joon: "Muito obrigado por se preocupar, meu amigo. Mas está tudo sob controle. Vocês fizeram um ótimo trabalho hoje, podem ir para casa descansar.". Assim, terminou o expediente e todos os funcionários se despediram do chefe e foram para suas casas. "Acho que você precisa de um tempo para descansar, Junghoon. Deixa que eu termino de fechar o restaurante enquanto você leva seus filhos de volta para casa", diz Seung, e Junghoon aceita a sugestão.

No fim, restou somente Seung e Hakari no restaurante. Hakari estava terminando de limpar o chão, como se nada tivesse acontecido. Então, Seung toma a palavra: "Já aconteceu isso com você em sua terra natal, Hakari? Ser oprimido por meio da força?"; Hakari esboça um pequeno sorriso sarcástico, "Pode-se dizer que sim". "E como você lidou com isso?", pergunta o velho; "Muito simples, eu simplesmente virei o opressor", responde Hakari, enquanto guardava seus equipamentos e se preparava para ir dormir. "Você está dormindo aqui?", perguntou Seung, Hakari apenas acenou positivamente com a cabeça, então Seung insiste que Hakari vá dormir em sua casa com ele, e após tanto insistir, Hakari aceita. Tinha algo no velho que inspirava confiança, mas Hakari não conseguia entender o que, até que enfim: "Ah sim, agora eu entendo", pensava consigo, "ele me lembra eu mais jovem... quando eu pensava que a felicidade realmente existia". Assim, Hakari foi junto com o velho Seung para sua casa.

Chegando lá, Hakari viu que em todo canto da casa do velho Seung tinha uma imagem de Jesus ou de Maria, mãe de Deus. Seung observa que Hakaria estava fitando as imagens, e diz: "Lindas, não é mesmo?"; "Claro", responde Hakari, sem entusiasmo. Seung aponta para a imagem de Jesus: "Você sabe quem é?"; "Algum líder coreano ou coisa do tipo?", responde Hakari. Seung da uma gargalhada, Hakari não entende. "Essa imagem é de alguém que é maior do que o maior líder deste mundo. Esse é Jesus Cristo, O Filho de Deus, que é Deus com O Pai.", responde o velho. "Ah... então esse é Jesus...", Hakari diz, se lembrando das palavras de seu irmão sobre Jesus. "Alguém já lhe falou sobre Ele?", perguntou o velho; "Um pouco...", respondeu Hakari, perdendo interesse na conversa. Seung arruma uma cama improvisada para Hakari e o deixa à vontade. Hakari deita na sua cama e logo começa a cair no sono. Então ele começa a suar, gemer e se agitar. Os pesadelos haviam começado de novo.

Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora