Capítulo IV.

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Os dias começavam a passar de maneira mais leve para Hakari, ele finalmente começava a ver uma luz no fim do túnel, graças a conversa que ele tivera com o velho Seung. Hakari ainda tinha muita dificuldade em mudar sua postura anti social e nada convidativa, mas ele realmente estava se esforçando para mudar isso, e com muita ajuda de Seung e Min-ji, que voltou a conversar com o japonês logo após este, pela primeira vez desde que se conheceram, iniciar uma conversa com ela, por iniciativa própria. Hakari estava começando a se sentir acolhido de verdade, ele continuava dormindo na casa do velho Seung, o que cada vez mais solidificava o laço entre eles. Hakari respeitava verdadeira Seung, e admirava sua sabedoria, e logo eles se tornaram grandes amigos. E sua relação com Min-ji não estava muito diferente, já que a cada conversa eles se tornavam mais próximos, e Hakari finalmente a considerava uma amiga querida para ele, que o havia conquistado por sua gentileza e preocupação. Com o passar do tempo, Hakari, com muita dificuldade, começou a se socializar mais com os demais integrantes do restaurante; e por mais que tenha sido extremamente constrangedor no início, logo eles se entenderam, e se tornaram ótimos colegas de trabalho.

Hakari surpreendentemente também acabou criando uma boa relação com Minho, irmão mais novo de Min-ji. Minho via Hakari com grande admiração, pois percebia o grande guerreiro que ele era; Hakari, por sua vez, via Minho como um filho, um filho que ele nunca teve oportunidade de cuidar, mas agora seria a sua chance. Mais dias se passaram, e o restaurante estava em perfeito clima de união, como se fossem uma grande família que sempre protegeriam um ao outro. Junghoon foi o último com quem Hakari tentou estreitar laços, mas, apesar de ele ainda não ter cedido por completo, Junghoon vê como Hakari evolui como pessoa, e já o aceita como parte da família de seu restaurante. Os dias eram cara vez melhores, todos estavam muito felizes e sorridentes desde a drástica mudança de Hakari. O japonês já estava inclusive tendo aulas de coreano com seu grande amigo Seung, e estava aprendendo extraordinariamente rápido. Hakari, além de ajudar na limpeza, também ajudava Minho a pescar peixes para o restaurante, assim como também Seung, que os acompanhava em suas tarefas. Hakari não conseguia acreditar que ele passava os dias rindo alegremente junto daquelas pessoas, ele finalmente sentia o peso de sua vida anterior saindo, aos poucos, de seus ombros. Hakari finalmente estava encontrando a sua paz.

Certo dia, no meio da tarde, a senhora Ji-hye, antiga amiga da família de Junghoon, entra desesperadamente no restaurante de seu velho amigo, e exclama: "Jong-su foi capturado por uma gangue rival!! Eles afirmaram que vão executa-lo a qualquer instante!!". As palavras da senhora Ji-hye cairam como facas nas costas de Junghoon, ele demorou para entender a gravidade da situação, demorou pata entender que estava prestes a perder um filho. Apático, ele cai de joelhos no chão e começa a chorar copiosamente: "O que eu faço? O que eu faço?", se perguntava, mas sem nenhuma resposta. Min-ji abraça seu pai, sem saber como reagir também, sem esperança. Hakari se aproxima de Junghoon, põe a mão em seu ombro e diz: "Vai ficar tudo bem, senhor. Seu filho não morrerá hoje", então ele se vira e pergunta para senhora Ji-hye onde será a execução, e esta diz que seria na praça pública. Assim, Hakari anda em direção à porta do restaurante, mas Seung o segura: "Você não precisa mais empunhar uma espada, Hakari", diz o velho, enquanto olha diretamente nos olhos do japonês. "Eu não sei outra forma de salvar o seu neto sem usar uma"; "Não foi isso que eu quis dizer, meu amigo... quero dizer que você não precisa voltar a ser quem era, você não precisa matar ninguém hoje. Lembra do que conversamos? Não se vence o mal com o mal, mas com o bem. Não precisa descer ao nível deles para ganhar a luta. Por favor, me prometa isso", pede o velho Seung.

Pareceram alguns instantes, mas na cabeça de Hakari ele reviveu tudo o que ele havia sofrido em sua vida no Japão, e todas as mortes e sofrimentos que ele havia causado; e então ele se lembra de seu irmão, e lembra de como ele havia sorrido para ele, antes de morrer. "Eu prometo... eu prometo nunca mais matar alguém de novo. Juro pelo túmulo de minha esposa e filho.", Hakari afirma contundentemente olhando diretamente nos olhos de seu amigo. Seung abre um sorriso e diz: "Eu acredito em você", e então o solta. Os cozinheiros tentam parar Hakari dizendo que vão haver pelo menos cerca de 20 membros da gangue por lá, fazendo a proteção do lugar da execução. Hakari, antes de sair pela porta, olha para trás e diz a eles: "Eu sei.", e então parte para o local.

Chegando lá, Hakari se depara com cerca de 30 membros de gangue na praça, todos em volta do executor e de Jong-su, que estava amarrado e de joelhos no chão, enquanto o líder da gangue preparava para desferir um golpe com sua katana e cortar a cabeça do filho de Junghoon. Jong-su apenas chorava amargamente, sem esperanças e sem vontade de tentar reagir. Os membros da gangue percebem que Hakari estava se aproximando e o impedem de chegar mais perto do local de execução. "Alto lá, não está vendo que vai ocorrer uma execução aqui? Se manda, seu merda", falou um dos integrantes da gangue. Hakari cerra seu punho com força e relembra a promessa que ele fez para Seung: "Eu vim levar o garoto de volta para o pai". Todos ali começaram a rir de Hakari. "Cê ta de sacangem né? Vai se foder, se falar uma merda dessas de novo tu morre junto com ele"; Hakari suspira e diz: "Então podem me levar para ser executado junto dele". Os criminosos se enfureceram com a ousadia de Hakari, e o levaram para o meio da praça para ser executado junto com Jong-su. O líder da gangue, Jimin, foi posto à parte do que havia ocorrido, e aceitou executar Hakari. "Você é bem ousado em... é uma pena que tenha que morrer, seria um bom mem-", Hakari soca Jimin perto do queixo, o fazendo desmaiar na hora. Os demais membros ficam incredulos e tentando entender o que havia acontecido. Hakari pega a Katana de Jimin, suas mãos tremem enquanto ele a pega, ele se lembra da última vez que havia tocado em uma espada. A última vez foi quando ele tentara tirar sua vida, mas agora, ele a empunharia para proteger uma vida, e esse pensamento faz com que suas mãos parem de tremer e ele se acalma novamente. Hakari desembainha a katana e aponta-a em direção dos membros da gangue: "Que venham todos ou um de cada vez". Todos ali presentes sentiram o mesmo: medo. Seus instintos os alertava de que deveriam fugir, pois diante deles estava uma besta.

Então, um deles toma a frente, ele cria coragem e avança na direção de Hakari, com um grito de guerra. Hakari apenas faz com que o homem tropece e caia no chão com força, o desmaiando. Ele aponta novamente a katana para a multidão: "Mais alguém?"; então os criminosos gritam com raiva e vão todos em direção do japonês, com exceção de 11 que estavam plenamente conscientes que não tinha chance contra ele. Então 18 homens corriam em direção do japonês, que cerrou seu punho, segurando com força o cabo de sua katana, e repetia para si mesmo enquanto controlava sua respiração: "Ninguém morre, ninguém morre". E assim, começa uma batalha que deixou todos os cidadãos que a observavam atentamente completamente espantados. Hakari aparava e contra atacava quase que instantaneamente todos os golpes, e apenas desferindo cortes superficiais, nocauteava todos os membros da gangue, um por um. Essa foi a batalha mais difícil que Hakari havia participado até então. Ele poderia facilmente ter derrotado todos em questão de minutos, porém, Hakari ao mesmo tempo que lutava contra os 18 homens, lutava também contra a besta dentro de si, besta essa que queria apenas assassinar todos aqueles homens em um piscar de olhos.

A batalha foi cansativa, Hakari estava extremamente ferido, mas finalmente acabara. Hakari derrotou todos, sem matar um sequer. Ele suspira fortemente, usa sua katana para se apoiar e não cair no chão, olha para Jong-su e diz: "Vou te levar pra casa, garoto. Vai ficar tudo...", mas antes que terminasse a frase, ele cai desacordado no chão. Algumas horas depois ele acorda no hospital e nota que do seu lado está Seung, lendo a Bíblia. "Finalmente acordou", diz ele enquanto abre um sorriso. Hakari aos poucos se lembra do que havia acontecido: "O garoto está bem?", ele pergunta preocupado. "Ele vai ficar agora que está de volta em casa... Hakari, eu não tenho palavras para agradecer. Muito obrigado, de verdade"; "Apenas estou tentando retribuir tudo o que vocês fizeram por mim... minha dívida ainda é muito grande"; "Você não nos deve nada, Hakari. Você já é um membro da nossa humilde família, e eu fico muito feliz por isso". Hakari não demonstrou, mas ele ficou extremamente feliz com as palavras de Seung, e realmente se sentia acolhido por eles. "Obrigado, amigo... por tudo", diz Hakari, com os olhos lacrimejando, "Acho que eu finalmente entendi você, irmão... finalmente entendi o que é importante de verdade. Me perdoe, por favor ", e Hakari desaba a chorar. Seung, gentilmente, põe sua mão sobre a mão de Hakari: "Ele já te perdoou, Hakari... ele já te perdoou".

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