Capítulo X.

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Sangue é jorrado da mão de Hakari, que parou o golpe do agressor com suas próprias mãos. Ele se levanta devagar, e seu semblante é de puro ódio. "Eu preciso escutar isso da boca dele. Saiam da minha frente, seus lixos", rapidamente soca com toda sua força o seu agressor, que cai desmaiado no chão. Hakari olha para os outros dois, e somente com esse olhar os assaltantes sentiram um medo terrível correr por todo o seu corpo. Seu instinto animal diziam que eles morreriam ali mesmo se não atacassem o homem que esbanjava ódio bem em sua frente. Assim, o primeiro cria coragem e avança gritando na direção do japonês, que desfere rapidamente uma cabeça forte o suficiente para desacordar imediatamente o ladrão. Com a testa cortada e com o sangue escorrendo por sua face, Hakari parecia um verdadeiro demônio para o último assaltante.

O assaltante mira a katana em sua direção, enquanto ele caminha lentamente para ela. "Se prepare... isso vai doer", disse Hakari, enquanto caminha devagar em direção do ladrão. Este, por sua vez, se desespera e decide avançar na direção de um dos filhos de Si-u, para matá-lo, mas Hakari avança e pula na direção do ataque, recebendo o golpe da lâmina ao invés do filho de Si-u; golpe esse que atravessou seu ombro direito. O ladrão solta a katana, e ajoelha, chorando, perante Hakari, implorando por seu perdão. "Eu te perdoo, não estou em posição de te julgar", o assaltante olha aliviado para cima, "mas eu não posso te deixar fugir", e então Hakari enterra a cara do assaltante no chão, com um soco poderoso, não o matando, mas deixando inconsciente. Hakari sente que havia maneira melhor de resolver tudo aquilo, sem tanta violência, mas agora já está tudo feito.

Logo depois, ele liberta toda a família, e vai em direção do celeiro. Chegando lá, ele se depara com Si-u desmaiado no chão, ensanguentado; e vê o homem mascarado e seus dois subordinados retirando o dinheiro do alçapão. "Tire essa merda de máscara e me fale o que cacete você está fazendo, Kenji!!", grita Hakari. Kenji lentamente retira sua máscara, envergonhado, e pergunta: "Como... como você descobriu?"; "Isso não importa. Eu quero saber, por que?". Kenji hesita em responder, mas finalmente fala: "Por que eu não posso ser eu mesmo se não fizer isso... se não fizer isso, eu não sou ninguém... já estou longe demais para abandonar essa vida".

Hakari cerra seu punho com tanta força que sangue escorre pelos seus dedos. Ele relembra de todos os ensinamentos de seu velho amigo Seung, sobre o amor e o perdão; ele faz isso para acalmar o seu coração que ardia em fúria de Kenji. "Olha... você não vai acreditar, mas eu realmente sou grato a você... eu realmente fui feliz nesse tempo que passei com vocês, de verdade. Mas isso é algo maior que eu, não posso controlar"; "Você pode, só não quer", responde, rispidamente, Hakari. Kenji olha para baixo: "Talvez você esteja certo. Mas eu preciso continuar seguindo em frente", Kenji vira para seus subordinados e diz: "Continuem retirando o dinheiro, vocês não têm a mínima chance contra ele... mas eu sim".

Kenji avança, lentamente e cheio de amargura, em direção de Hakari, que diz: "É assim mesmo que você quer resolver isso? Depois de tudo o que passamos?"; Kenji nada responde, apenas segue em sua direção. Hakari sabe que não irá conseguir pará-lo apenas conversando, então, mesmo que contra sua vontade, ele levanta seus punhos e se prepara para lutar. Kenji chega na frente de Hakari, eles se entreolham, "Eu sinto muito... meu amigo", diz Kenji; "Eu não vou desistir tão fácil assim, meu amigo", responde Hakari. Eles hesitam por alguns segundos, mas finalmente a luta começa com um soco desferido por Kenji, Hakari desvia e desfere um ganho de direita bem no queixo de Kenji, que cospe sangue.

Ambos começam a trocar socos frenéticamente, os dois são extremamente ágeis e rápidos, mal se pode ver seus movimentos. Com o passar do tempo, os socos começam a ficar mais pesados, principalmente por conta dos fortes sentimentos que nele eram depositados, de ambas as partes. A cada soco, Kenji se lembrava dos momentos de risada que ele compartilhou com Hakari e sua família, e cada vez mais se tornava difícil lutar contra o único amigo de verdade que ele já tivera. O ritmo frenético de socos não para nem por um instante, ambos estão extremamente machucados e ensanguentados, mas não param a luta por nada. Mas então, finalmente um dos dois cede, e este foi Hakari, que recebeu um poderoso soco no rosto que o fez cair de joelhos imediatamente.

"Chefe, já tiramos tudo! Vamos fugir", disse um dos ladrões. Kenji olha para Hakari em sua frente, que está com sua face deformada pela quantidade de socos de recebeu, assim como também está o próprio Kenji. "Eu... me desculpe", diz Kenji para Hakari, que cai no chão. Kenji e os ladrões pegam seus sacos repletos de dinheiro e logo partem dali, mas quando Kenji passou ao lado de Hakari, este, ainda deitado no chão, segura a perna de Kenji: "Você... pode... ser melhor. Eu acredito no meu amigo", disse Hakari olhando no fundo dos olhos de Kenji. Um dos ladrões se irrita e enfia a katana no braço de Hakari: "Cala sua boca, já nos atrapalhou demais", então retira a katana do braço dele e se prepara para dar o golpe fatal, mas Kenji o soca com tanta força que ele desmaia. Então, ele se vira para Hakari, com raiva, principalmente com raiva de si mesmo, e pergunta: "Por que? Por que você se recusa a desistir de mim? Por que você não desiste de me ajudar mesmo depois de tudo o que eu fiz?"; "Porquê, quando eu mais precisava, não desistiram de mim. Você é como eu, Kenji... nós somos iguais. E seu pude ser salvo, você também pode", respondeu Hakari.

A cabeça de Kenji ferve de tanto pensar, "Vamos logo chefe, antes que-", Kenji nocauteia o ladrão. Ele cai de joelhos na frente de Hakari: "Me perdoa, Hakari... por favor, me perdoa... eu quero ser melhor... eu quero ser salvo". Hakari se levanta, com muita dificuldade, e levanta seu amigo também; coloca sua mão direita em seu ombro, e diz: "Eu já te perdoei, Kenji. O tolo é aquele que vive se lamentando de seus erros, mas o sábio aprende com seus erros e se torna mais forte... vamos nos tornar mais fortes, juntos".  Kenji acena com a cabeça, e estende sua mão para cumprimentar Hakari, que o cumprimenta de volta, e diz: "A partir de hoje, você é meu irmão, Kenji. Somos irmãos de um passado sombrio, mas em busca de um futuro luminoso"; "Sim, meu irmão. Eu prometo que não irei traí-lo novamente... prometo fazer de tudo para alcançarmos esse futuro luminoso... juntos", responde Kenji. E a partir desse dia, Hakari e Kenji não se tornaram irmãos de sangue, mas irmãos com base em algo maior, uma promessa. Uma promessa firmada na esperança de dias melhores.

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