" Essa história conta sobre uma garota chamada Sara, que tem uma vida conturbada e enfrenta uma tragédia: a perda de sua mãe e o abandono de seu pai, resultando em um passado doloroso. No meio do caminho, o inesperado acontece: o que ela pensava ser...
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Passei a tarde toda em meu quarto, dando uma geral e retirando todos os pertences dele e colocando em uma caixa, logo depois de ter mandado uma mensagem de ódio para ele.
Mas assim que vejo que não tem mais nada dele ali, encaro a caixa e fico reflexiva.
Um ano e quatro meses, em uma caixa que peguei em meu porão, todos os momentos que jurei ser pra sempre e todos os "eu te amo" que pensei ser verdadeiros. Mas o fato de aquilo tudo não ter me deixado triste me fez me questionar se eu realmente o amava. Eu conhecia esse tal amor que tanto li em livros.
Sou despertada dos meus devaneios pelo meu celular que não parava de tocar, mas ignorei, eu tinha uma festa para ir e já estava tarde.
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Eu estava esperando a Jéssica do lado de fora da minha casa quando um carro esportivo para em minha porta, Ergo minha sobrancelha e me aproximo.
A Jéssica abaixa o vidro e me lança um sorrisinho animado.
__ É sério, você tinha que ver sua cara. - ela diz gesticulando com a mão para que eu entre. __ O que achou do carro?
__ A... meio chamativo. - respondo me acomodando no assento.
__ Sim! Peguei na coleção do Neitan. - reviro os meus olhos com um sorriso irônico, enquanto observo o carro vermelho e reluzente, um modelo esportivo que ele tanto se orgulhava. Era bem a cara dele, ostentando por aí como se o mundo fosse seu. __ E aí, pronta para a melhor festa do ano?
Só espero que o meu término não estrague tudo essa noite.
__ Com certeza. _ respondo sorrindo para ela, que amou minha resposta.
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As pessoas estavam amontoadas e suadas, o que era bem nojento. A música era tão alta que era quase ensurdecedora. Passo o olhar entre as pessoas enquanto me esforçava para atravessar a multidão com Jéssica. Finalmente, chegamos ao bar. Eu olhei para todas aquelas pessoas sorrindo e incrivelmente fora de si; muitos ali estavam tão bêbados que mal sabiam o próprio nome. Eu nunca gostei de festa, nunca tomei bebidas alcoólicas, nunca usei drogas; era um saco frequentar esses lugares, eu não me encaixava.
Mas eu ia para parecer normal; eu sorria e fingia que aquelas pessoas alcoolizadas falando tão perto de mim não me incomodavam.
Dou um sorriso para Jéssica, que se sacolejava ao meu lado no balcão.
__ Que fui? - ela se aproxima do meu ouvido para que eu escute.
Fui traída, terminei com meu namorado, estou fora da minha zona segura chamada quarto, e essa festa não está agradável. Fui o que eu pensei, mas não a resposta que eu dei.
__ Nada! Só tá um pouco quente aqui. - me abano com a mão para que ela entenda.
__ Já sei como resolver isso. - ela pega em meu braço e me leva para a pista de dança relutantemente.
__ Jéssica, que tal eu só te observar? - digo, ainda tentando escapar.
__ Nem pensar. - ela se anima ainda mais quando vê o Neitan. __ O Neitan tá ali, vamos.
Ele estava mais atraente do que da última vez que o vi, seus cabelos estão bagunçados e molhados, ele vestia uma camiseta preta sem estampas. Assim que ele me olha, noto que os olhos dele ficaram ainda mais verdes naquela luz.
__ Achei que fosse inimiga da diversão, ruivinha. _ Ele diz com um meio sorriso.
__ E, ela é - diz Jéssica, dando um gole em sua bebida.
__ Não sou eu...
__ Você precisa beber pra ficar mais animada, esquece os problemas. - Ele ergue um copo de bebida para mim e eu sabia que ao falar "problema" ele se referia a Nolan. - Não sei por que, mas aquilo me despertou irritação.
__ Não preciso de álcool pra ser feliz ou sumir qualquer tipo de problema. - Respondo para ele.
Mas ele ainda me olhava como se eu fosse cair no choro.
__ Tá bom, que tal uma dança? - Ele me chama com um sorriso sedutor em seus lindos lábios.
__ Perfeito. - Digo com um olhar zombeteiro. __ Vamos, Jéssica.
Pego na mão dela e passo por ele, levando-a mais para o meio da pista de dança. Uma das poucas coisas que eu gostava de fazer como uma adolescente normal era dançar. Eu me entreguei naquela pista, dançando como se não houvesse amanhã.
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Passei horas lá até sentir minhas pernas doerem e minha respiração ficar cansada. Amarrei meu cabelo em um coque e fui até o bar e pedi um refrigerante de limão. Escuto uma voz gritar meu nome, fico irritada ao ver Nolan vindo em minha direção.
Pego a bebida que havia chegado e me afasto dele, mas ele pega em meu braço. Me viro para ele e puxo meu braço com agressividade.
__ Não encosta em mim! - exclamo irritada.
__ Por favor, vamos lá fora conversar? - ele me pede com uma cara de cachorro abandonado.
__ Não temos nada pra conversar, você me traiu, eu terminei, não tô afim de ouvir suas desculpas. - Me viro para sair, mas ele me puxa novamente, mas agora fui com tanta força que minha bebida cai no chão.
__ Ela disse pra você soltar! - fala Neitan atrás de mim. A voz dele era tão aguda e tinha tanta raiva naquela pequena frase.
__ Sara, o que tá acontecendo? __ pergunta Jessica, que também estava atrás de mim.
Aquilo tudo era tão vergonhoso e patético. Eu estava irritada e tudo só piorou quando percebi que algumas pessoas olhavam aquele teatro.
__ Não faz nem 24 horas que terminamos e tu já tá com outro. Você é mesmo um... - Nolan fui interrompendo.
__ Sugiro que não termine a frase. - disse Neitan, com os punhos cerrados. Os olhos verdes agora pareciam que iam sair faíscas.
__ Ou então o que? - pergunta meu ex, babaca.
Eles iam brigar. Vejo eles se aproximarem, então me meto entre os dois.
__ Chega! - grito. __ Neitan, não preciso que você me defenda, sei fazer isso sozinha. Nolan, eu já disse que acabou. Você que é o quê? Quer que eu desenhe?
Saio da festa porta afora, extremamente irritada. Eu só queria me teletransportar pra casa ou nunca ter vindo a essa maldita festa.
