capítulo 10: A Cozinha

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Sempre gostei de ficar na casa da Jéssica quando os pais dela viajavam, exceto por aquele dia em que eu havia dormido horrivelmente, e a Jéssica só apareceu no quarto pela manhã

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Sempre gostei de ficar na casa da Jéssica quando os pais dela viajavam, exceto por aquele dia em que eu havia dormido horrivelmente, e a Jéssica só apareceu no quarto pela manhã. Estávamos na cozinha; ela preparava o café da manhã para mim e disse que era um pedido de desculpas.

__ Café da manhã suborno, espero que esteja bom porque a bagunça - a cozinha estava de cabeça para baixo, uma zona polvilhada por todos os lados, e minha amiga corria tentando não queimar o bacon.

__ Vai ficar uma maravilha. - Ela se vira para mim sorrindo, mas então vejo fumaça logo atrás dela; era fogo.

__ Jéssica, tá pegando fogo! - Me levanto em um salto; ela pega um copo com água e joga na frigideira de bacon, o que faz o fogo aumentar. Eu pego uma tampa, cobrindo a frigideira e abafando o fogo, então vejo a Jéssica se acalmar.

__ Meus bacon! - Ela choraminga, e olho para ela indignada.

__ Você quase tacou fogo na cozinha, com a gente dentro! - Exclamo; a cozinha estava cheia de fumaça.

__ Que bagunça é essa? - escuto a voz grave do Neitan às minhas costas.

__ Fogo, fumaça, não está vendo? - respondo, voltando ao meu acento e me acalmando do que acabou de acontecer.

__ Que bicho picou você? Ou melhor, qual não picou? - seus lábios se curvam em um sorriso zombeteiro.

__ Rã, rã, rã. E você, tem quantos anos? 5 anos? - respondo, revirando os olhos.

__ Ah, vai começar de novo? Prefiro ver a casa queimando do que os dois brigando outra vez. - reclama Jéssica. Então, ficamos em silêncio; me senti como uma criança levando bronca dos pais. - Acho que temos que sair pra comer, a cozinha está interditada.

__ Já pensei nisso, priminha. Você não achou mesmo que eu ia comer sua comida. - disse o babaca convencido.

__ Você nem sabia que eu ia cozinhar.

__ Você liberou a cozinheira, é claro que eu sabia. - ela funga para ele.

Mas então, o moreno dá meia-volta e sai, voltando logo a seguir com algumas sacolas da minha padaria preferida. Ele coloca uma sacola na minha frente enquanto entrega a outra para a Jéssica. Quando eu abro, o cheiro adocicado invade minhas narinas, tudo tão familiar que faz minha boca salivar. Quando abro, fico surpresa; eram panquecas com calda de bordo, minha comida favorita. Como ele, sabia? Talvez fosse só uma coincidência?

__ Eu não vou comer nada vindo de você, vai que tem veneno - digo, afastando a comida, que logo faz meu estômago roncar; eu não havia jantado ontem à noite.

Então ele me olha; havia um divertimento em seu olhar, como se ele achasse aquilo um desafio.

__ Bem que eu gostaria, mas não tive tempo - ele responde, empurrando a comida de volta para mim.

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