capítulo 15: confusão

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Passei o dia arrumando meu quarto, pois estava uma zona

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Passei o dia arrumando meu quarto, pois estava uma zona. Aproveitei para limpar meus livros, o que era basicamente uma terapia para mim. Quando meu celular apita em cima da cama, indicando que chegou uma mensagem. Vou correndo, pegando-o em minhas mãos; a luz azul do aparelho ilumina meu rosto.

Scott: Oi, tá livre hoje?

Eu e Scott havíamos passado um bom tempo conversando por troca de mensagens sobre assuntos aleatórios.

Eu: Estou, só tenho que arrumar umas coisas agora à tarde.

Minto, eu não podia deixar transparecer que estava esperando que ele me chamasse para sair.

Scott: Tem um restaurante de frutos do mar que eu gostaria de ir. Você topa?
Eu: Vamos. : )
Scott: Te pego às oito então?
Eu: Estarei esperando.
Scott: ; )

Dou pequenos pulinhos na cama e logo em seguida corro pelo quarto da Cessy. Ela assistia a um filme no computador quando entrei correndo e pulei na cama dela. Ela retira os fones, pausando o filme, e logo abre a boca para falar, mas eu fui mais rápida.

__ Vou a um encontro!

__ Espera. - Ela abre a boca chocada. __ É o gato do Scott? Me diz que é ele.

Balanço a cabeça em concordância.

__ Aonde vão? Melhor, o que vai usar?

__ Ei, calma, são tantas perguntas. - Sorrio da animação dela.

Minha irmã sempre foi fanática por organização; seu quarto era prova disso, tudo milimetricamente em seu lugar. Diferente de mim, o meu era uma bagunça. Enquanto eu era apaixonada por livros, ela era por moda, vestidos, roupas e sapatos, suas obsessões.

__ Deixa eu te vestir. - Ela pede, quase implorando.

__ Tá, mas nada muito exagerado e nem muito curto. - Peço, já conhecendo os gostos dela.

__ Claro, ai meu Deus, estou muito animada!

Ela amava me arrumar, e depois do que aconteceu comigo e o Lucas, eu prometi a mim mesma.

Eu seria a melhor irmã do mundo, nunca daria tramas a ela, seria seu porto seguro, até por sermos só uma a outra.

                                 ♡

Faltavam apenas cinco minutos para que Scott chegasse.

Eu me olhei à frente do espelho antes de descer. Eu estava com um vestido verde delicado, com o comprimento até metade de minhas coxas, rodado e com alças finas. Meu cabelo estava solto em ondas, e eu usava uma sandália baixa.

Eu me sentia linda e estava bem confortável.

Enquanto me admirava, escutei uma buzina e fui até a janela; ele me esperava lá embaixo em um 4x4 preto. Desci as escadas e logo cheguei lá fora.

Ele desceu do carro com um sorriso.

__ Você está linda. - ele me elogiou, se aproximando.

Minhas bochechas ficaram vermelhas, então eu retribuí com um sorriso doce.

__ Obrigada!

Ele foi até o carro, abrindo a porta para mim e depois entrando.

O caminho para o restaurante foi uma maravilha, pois tocava música e puxava assuntos interessantes.

Mas o melhor foi quando chegamos ao local. Entramos em uma parte coberta e fomos direto para o terraço. As mesas eram de madeira de bambu com vidro, e o vento refrescante me fazia sorrir feito boba toda vez que passava.

Eu não sabia explicar, mas só pela vista do mar, aquele lugar já valia a pena.

Fomos nos pedidos. Eu pedi um drink sem álcool e ele, o gin.

Conversávamos sobre literatura clássica.

__ Gosto de Shakespeare, já assisti à peça dele, é encantadora.

__ Sério? Qual foi a peça? Eu já li várias obras do autor. - respondo.

__ Romeu e Julieta, foi incrível. - ele diz. __ Você gostaria de ir um dia?

Ele me perguntou, e sinceramente, eu nunca iria. Gosto de como a minha cabeça formula cada cena, cada personagem quando eu leio, e gostaria que ficasse assim e que minha expectativa continuasse a mesma.

__ Talvez um dia, não sinto muita vontade, mas não duvido que seja algo inesquecível de se ver. - digo a ele, levando o canudo do drink à boca.

O gosto do morango com leite condensado me invade, adoçando o meu paladar. Fecho os olhos para aproveitar a sensação, mas quando os abro, é como um balde de água fria.

Avisto Neitan ao fundo com a Camily, que parecia mais uma modelo de passarela.

Vários pensamentos sobre eles juntos me invadem. Sinto uma pontada de dor indescritível no peito e um incômodo no estômago ao ver aquela cena.

Tudo piora quando ela se inclina na direção dele. Puxo o ar, fechando as mãos.

__ Você tá bem? - Scott me puxa dos meus pensamentos. Torço um sorriso a sair dos meus lábios.

__ Nada, eu só... é, vou ao banheiro.

Ele dá um aceno de cabeça, concordando. Então, me levanto, indo em direção ao corredor indicado pelas placas, mas antes que eu possa pegar na maçaneta do banheiro, uma pessoa me interrompe.

O encontro entre mim e Neitan no corredor foi inesperado. Ver a obsessão pairar sobre os olhos dele, o jeito como ele me olhava com medo e preocupação, tirou meu ânimo do jantar inteiro.

Voltei à mesa sem nem um pingo de animação e pedi que ele me levasse para casa.

O caminho foi um pouco constrangedor; eu havia estragado tudo. Por um quê? Por uma pessoa que eu odeio.

— Entregue. — ele diz, calmo. Então, ele faz menção de sair para abrir a porta, mas eu o interrompo.

— Desculpa por estragar nosso encontro. — peço.

— Tá tudo bem, não podemos escolher quando passamos mal. — ele diz, tão compreensivo, que me dá uma dor no coração por ter mentido para ele.

— Mas eu gostei, mesmo assim. — digo. Então, ele pega minha mão com delicadeza.

— Tem uma festa que fui convidado e a abertura de uma imprensa. Se você topa a parte dois desse encontro. — ele sugere. Então, me sinto mal e acabo aceitando.

__ Eu adoraria.

__ Vou te deixar na porta - ele diz.

__ Não precisa, obrigado por me trazer para casa.

Mas ao perceber que ele olhava para minha boca, fui mais rápida, me inclinando e deixando um beijo em sua bochecha antes de sair rápido do carro.

Fico alguns minutinhos até ele sair, então entro na casa.

Estava tudo escuro, assim como meu quarto quando entrei, mas ao caminhar para procurar o interruptor, espantei-me com algo inesperado.

O começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora