𝗟an 𝗪angJi, era um belo e jovem estudante de direito que teve sua vida interrompida cruelmente por um desconhecido.
Com o mistério de seu desaparecimento e com tantos sonhos destruídos, o espírito do rapaz foi incapaz de se libertar. Condenado a...
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O fantasma passou toda a penumbra da noite em estado meditativo. Como um ser que já não vive mais, ele não tinha a necessidade de dispor de noites de sono, entretanto, ficar sozinho durante tanto tempo o fez criar o hábito de meditar, para que as horas passassem mais rápidas sem que ele notasse.
E foi por este exato motivo, que quando seus olhos se abriram, a primeira coisa que enxergou foram os raios de Sol que adentravam as frestas da persiana e iluminavam o quarto em tons dourados mesclados ao laranja e róseo. Era possível observar as partículas de poeira flutuando no ar conforme a brisa entrava pelo mesmo local que a luz natural, indicando o quanto aquele belo cômodo estava envelhecido pelo abandono. Era um cenário triste e melancólico, ver sua casa apodrecer aos poucos lhe causava uma angústia profunda.
Não apenas isso, seu olhar também observou ao canto da parede, a prateleira contendo suas dezenas de livros acadêmicos de direito. Era isso o que estudava antes de encontrar seu trágico fim. Entretanto, diferente do habitual, ele não escolheu aquele curso por amor ou por motivação familiar. Seu único interesse era descobrir seu senso de justiça.
Desde muito jovem, o dilema existencial sobre o certo e errado pairava em sua mente e, mesmo depois de horas, dias e até anos, ele ainda não tinha conseguido chegar em uma conclusão concisa. As respostas eram muito vagas e injustas. Um lado da balança sempre pende mais do que o outro. Dificilmente, ambas versões eram analisadas, era muito fácil acreditar em palavras vazias e ensaiadas. Ele não gostava daquilo. Era uma busca complicada e cansativa, mas ele não iria desistir.
Bom, ele não queria, só que o destino não quis colaborar com suas expectativas e planos. Ele nunca mais poderia buscar por essa resposta em vida. Jamais teria a satisfação correndo por suas veias ao chegar em uma conclusão. Tudo estava perdido na espiral infinita da morte.
Aquele caminho árduo nunca seria trilhado por seus pés novamente. Nada daquilo importava afinal. Quando o último grão de areia tocava o cilindro inferior da ampulheta,
tudo ficava para trás e ninguém poderia impedir. Infelizmente, só lhe restou aceitar o seu destino e sua busca mudou, tudo o que lhe interessava agora, era procurar por sua luz. Encontrá-la significava se libertar da eternidade fria e solitária do estado entre vida e morte, naquele falso limbo de esperanças infindáveis.
O espectro se levantou e em passos tão leves como plumas que flutuavam ao vento, ele chegou à frente de seu refúgio em vida. A cítara de sete cordas, que tocou na noite passada. Ele queria fazê-la soar aquela doce melodia mais uma vez, porém, era arriscado no momento. A aura azul que rodeava o espectro não brilhava tão intensa quanto em sua primeira aparição para Wuxian. Ele sabia que se abusasse daquela habilidade, algo ruim poderia acontecer consigo.
Quando um fantasma como ele, se atrevia a quebrar as barreiras da morte e interagir fisicamente com objetos ou pessoas, uma punição era certeira. Perderia o controle de seu ser e no pior dos casos, seria forçado a recuperar sua energia paranormal na vasta escuridão do vazio. Entretanto, seu esforço ainda não exigia que ele recebesse um castigo, ainda podia se movimentar livremente e estava visível aos olhos do rapaz adormecido no piso superior.
