Capítulo XX - Joe's Diner

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POV Narrador

Joe's Diner é um pedacinho do céu em Nova Iorque.

Escondido em pela vista, este pacato restaurante tem uma pequena lista de fiéis clientes que passam grande parte do seu dia sentados nos sofás de couro falso vermelho a conversar entre si, ou a jogar cartas.

Dolly, a grisalha mulher de avançada idade, é a única empregada de mesa do Diner, e normalmente passa o dia inteiro sentada num banco ao balcão a ler um barato livro de romance, ou uma revista que ela compra por poucos cêntimos no quiosque da esquina. Já Joe, o dono do restaurante, é um homem barrigudo com uma não muito saudável obsessão pela cultura Texana. Graças a isto, o Diner está coberto de moveis e decorações vindas diretamente do Sul do país. Entrar dentro do restaurante é como ser transportado diretamente para o Texas, e toda a gente que o descobre fica imediatamente enamorado com todo o ambiente familiar.

Isto não foi muito diferente para um certo grupo de adolescentes. Por mero acaso e depois de um longo dia de aulas, os sete amigos estavam a precisar urgentemente de achar um novo sítio para relaxar, já que o parque onde se costumavam encontrar depois da escola, de repente tinha sido tomado por um monte de skaters.

Caminhando sem destino pelas ruas de Nova Iorque, os jovens já há muito tinham perdido a esperança de encontrar um novo local de encontro, mas como uma luz ao fundo do túnel, a luz néon do sinal da vitrina iluminou os seus rostos. No princípio, todos eles estavam relutantes em entrar no estranho e acabado restaurante, mas ao verem o sorridente e extrovertido cozinheiro a conversar entusiasmadamente com alguns dos clientes, a hesitação praticamente evaporou instantaneamente.

E assim, a partir daquele dia, Joe's Diner tornou-se no novo local de encontro do grupo. A qualquer hora do dia, e a qualquer dia da semana era possível encontrar pelo menos um dos amigos sentados na cabine zero três, a cabine que apressadamente se tinha tornado deles.

Joe tornou-se rapidamente numa figura paterna para os jovens, que viam no homem calvo (não que alguma vez Joe fosse aceitar que estava a começar a ficar careca) um doce homem viúvo com desejos de manter longe a sua solidão. Num abrir e fechar de olhos, os sete amigos tornaram-se nos "ratos de laboratório" do mais velho, pois sendo muito aventureiro na cozinha, Joe gostava de inventar todo o tipo de novas receitas.

Dolly, sempre a mesma mulher resmungona e alérgica a sorrisos e alegria, tratava o grupo como qualquer outro dos seus clientes usuais, usando qualquer momento e oportunidade para levemente criticar "as novas tendências dos jovens de hoje em dia". Nunca nenhum deles ficou ofendido com os seus comentários, sabendo que debaixo de toda aquela frieza e indiferença mora uma doce mulher que adora os adolescentes com todo o coração.

Aliás, no Diner não havia ninguém que não gostasse de Dolly, algo que os clientes que por lá apareciam pela primeira vez achavam estranhíssimo. Como é que era possível adorar tanto alguém tão pessimista e frio ? Bem, ninguém conseguia achar uma boa resposta para isso, eles simplesmente a adoravam.

A constante presença do grupo no restaurante era marcada principalmente pelas dezenas de fotografias espalhadas por todas as paredes. Todos os tipos de marcos importantes e não importantes estavam ali expostos: aniversários, últimos dias de escola, primeiros dias de escola, términos de relacionamentos, Natais, Anos novos, e o favorito de todos: o Halloween.

Nessa particular fotografia, os sete amigos: Vanessa, Amanda, Margot, Christian, Scarlett, S/N e Hunter, olham para a câmara com grandes e maliciosos sorrisos, mostrando com orgulho as suas fantasias de anões. E no seu meio, uma muito mal humorada e carrancuda Dolly está vestida com uma fantasia de branca de neve. Joe não sabe muito bem como conseguiu convencer a sua empregada a vestir tal coisa, mas aquela noite rapidamente se tornou numa das preferidas de toda a sua vida.

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