Capítulo XVII - MAMA!

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POV Narrador

Debruçada sobre um monte de caixas coloridas, S/N limpa a gorda gota de suor que escorre a sua sobrancelha com a manga da camisola que usa, suspirando profundamente pela quinta ou sexta vez nos últimos minutos. Retirar os espinhos dos caules das flores é a tarefa que ela mais detesta de fazer na loja, principalmente quando tem de o fazer por horas a fio e até acabar as dezenas de caixas de flores. Não tendo uma televisão ou alguma outra forma de entretenimento nas traseiras da loja, S/N sente o seu aborrecimento crescer cada vez mais. Contudo, de vez em quando consegue ouvir a alta gargalhada de Amanda ecoar pela loja, fazendo-a praguejar baixinho todas as vezes.

Porque é que todas as vezes que ela está fechada nas traseiras da loja é que os clientes mais divertidos decidem aparecer ? S/N realmente não está nem um pouco ciumenta da melhor amiga! Realmente, não está!

Levando os olhos até à pequena janela à sua frente, S/N foca os olhos nos constante fluxo de carros que por ali passa, por vezes sendo interrompido por uma veloz ambulância e a sua acompanhante sirene. Todavia, apesar de toda esta caótica paisagem, S/N deixa a sua mente desligar, ao mesmo tempo ouvindo os sons à sua volta cada vez mais abafados.

Por longos minutos a florista continua a tirar os espinhos das flores, terminando caixa após caixa. Os seus movimentos são automáticos e a sua mente está livre de pensamentos, mas ao se viver numa das maiores e mais barulhentas cidades do mundo, por vezes silêncio e um momento de paz como este, é tudo o que se deseja.

Pulando levemente em susto, o seu momento de tranquilidade é interrompido por uma série de pequenas e agressivas vibrações no bolso do seu avental, quebrando o seu momento de tranquilidade. Pestanejando um par de vezes para voltar à realidade, os altos sons da cidade voltam a chegar aos seus ouvidos, e pousando a tesoura e pinça que tem nas mãos, leva uma mão ao grande bolso do avental escuro. O telemóvel vibra mais uma ou duas vezes, e vendo uma nova notificação surgir no seu ecrã, ela não hesita em abrir as suas mensagens.

O seu estado de humor melhora significativamente assim que vê o nome de uma certa loira surgir no ecrã do telemóvel, e perante o grande número de mensagens que recebeu dela, presume que ela tenha recebido a sua surpresa.

Florence: Não acredito que fizeste isto! Obrigada! Depois de um dia cansativo no estúdio, tudo o que eu precisava era de uma surpresa assim para melhorar o meu dia instantaneamente. Mas agora estou triste, porque isto só me fez ter ainda mais saudades tuas. :(

Uma pequena gargalhada escapa a garganta da florista, e continuando a ler as restantes mensagens, é surpreendida com uma adorável fotografia de Florence com um gigantesco ramo de flores nos braços e um enorme sorriso a acompanhar.

Ontem, enquanto falava com a Pugh antes de adormecer, a atriz mencionou que estava com saudades de ter em sua casa flores frescas e cheirosas todas as semanas, pois enquanto estava em Nova Iorque, fazia questão de enfeitar o seu quarto de hotel com ramos da loja de S/N. Aparentemente, este é um hábito que quer manter na sua casa em Los Angeles, mas estando tão ocupada com o seu novo projeto, ainda não teve oportunidade de visitar uma florista. Ouvindo isto, S/N então decidiu surpreender Flo ao contactar uma loja em LA e comprando o maior ramo de vários tipos de flores que pudesse. E ao que parece, Flo está animadíssima com esta sua surpresa.

Uma leve cor vermelha cobre as bochechas de S/N ao ler todas as doces mensagens da Pugh, que parece não querer acabar com o seu ataque de elogios e aclamações. Dezenas de pequeninas borboletas enchem o seu estômago, e de repente ela apercebe-se que já não se sentia assim há quase dez anos. Florence só voltou para Los Angeles há três semanas, mas por alguma inexplicável razão, três semanas parecem meses para S/N, e ela mal pode esperar para poder ver a Pugh novamente.

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