CAPÍTULO-10

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- Estou atrapalhando?

- Diretora?! - exclama Malee se afastando rapidamente da tutora.

- O que está acontecendo aqui?

- Ãnh...

- Estava ajudando N'Malee a amarrar o blazer em sua cintura - explica Wann fazendo a garota encará-la.

- Ela não é adulta o suficiente para fazer isto sozinha?

- Sei que parece inadequado, diretora - fala Malee nervosa - Mas garanto que P'Wann só estava tentando...

- N'Malee! - interrompe - Não precisa se explicar. Tenho certeza que a diretora compreende que eu só estava tentando ajudar - fala sendo fuzilada pelo o olhar da mulher.

- Senhorita, N'Malee. Creio que deva ir para casa agora, tenho assuntos importantes para tratar com a sua tutora - diz fazendo a garota assentir.

- Até amanhã, P'Wann - despede-se, deixando a sala em seguida.

A diretora de pequeno porte e vestes longas se dirige até a porta, fechando a mesma. Depois caminha em curtos passos até a tutora que a observava de braços cruzados.

- Como vão as coisas?

- Como pode ver - retruca.

- Wann, eu lhe dei este emprego...

- Eu sei! Me deu este emprego por um único motivo, e não quer que estrague as coisas.

- Se lembra do que eu disse, quer dizer que colocou em prática uma solução para o problema. Não é? - indaga não obtendo resposta da mulher - Wann!

- Não! Ainda não consegui novos alunos.

- Então você não me dá escolhas - diz fazendo a mulher soltar os braços.

- Disse que eu teria até a semana de artes.

- Próxima semana é a semana de artes, Wann.

- Então ainda tenho tempo - fala fazendo a mulher a sua frente rir.

- Não conseguiu nenhum até agora. Como acha que vai conseguir alunos suficientes em menos de uma semana?

- Eu não sei! Mas não me subestime.

- Subestimo a todos que pensam como estúpidos.

- Está me chamando de estúpida?! - exclama exasperada.

- Estou! Isto tudo é uma estupidez, Wann.

- Tudo? Ao que está se referindo exatamente?

- Não se faça de boba.

- Não estou me fazendo de nada. Pelo contrário, fiz uma pergunta.

- Tudo! Trabalhar como fotógrafa, abrir mão dos negócios da família, agir com indiferença com seu próprio marido... Tudo isto te faz agir como uma estúpida!

- Não - retruca se aproximando da mulher - Na verdade, acho que você considera estúpidos todos os que você não consegue controlar. Não é, vovó?

- Você realmente acha que todo este teatro vai me fazer desistir de te colocar nos eixos, não acha? Eu criei a sua mãe, que era milhões de vezes pior do que você.

- Criou? - indaga sorrindo de forma sarcástica - e onde ela está agora?

- Sua... - murmura depositando um tapa no rosto da neta - Eu sempre dei o meu sangue por esta família! - fala para a mulher que ainda possuía os olhos vidrados no chão - Meu pai, meu avô... Todos lutaram para que esta universidade se tornasse o que é hoje, e eu não vou deixar que uma garota insolente acabe com tudo! Você ainda vai assumir o seu papel! Não importa o que eu precise fazer para que isto aconteça - finaliza fazendo a mulher, que agora possuía o lábio inferior levemente inchado, encará-la.

- Nem morta! - diz encarando a mulher de meia idade por mais alguns instantes antes de deixar a sala.

Ao sentir a falta da presença da neta no ambiente, Yang encara a própria mão. A mulher leva a mão ao próprio peito, sentindo o mesmo apertar demasiadamente.

- Me perdoe, Anong - murmura deixando algumas lágrimas escaparem - Me perdoe.

7642 (GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora