Rebecca Patrícia Armstrong
Hoje fazem exatamente 3 anos que perdi meu amor, ainda dói como no primeiro dia. Aquele dia passou, corriqueiramente em meio a movimentada cidade de Nova York .
Estávamos no carro quando Ollie começou a se agitar em sua cadeirinha, meu marido aparentava estar muito cansado do trabalho, então parei o carro em um estacionamento qualquer, o deixei descansar um pouco em seu acento, tirei o Oliver de sua cadeirinha para tentar o acalmar, fiz tudo isso com o intuito de não atrapalhar o sono de seu pai. Erro meu, ela veio do nada, a carreta completamente desgovernada acertou em cheio nosso carro com Justin dentro, ele não sofreu, afinal acabou morrendo na hora, mas o meu inferno pessoal estava apenas começando.
Estava em choque com meu filho de 3 anos no colo, só conseguia ver borrões, fogo e a chuva que não dava uma trégua, isso estava me sufocando, me sentia desesperada e sem chão. Passei 3 meses em puro luto e dor, era tão forte que chegava a ser palpável, agora eu tinha somente meu filho e sua babá que era como uma mãe para mim.
Oliver nunca deu indícios de fala, fiquei preocupada e então acabamos por o levar a um especialista, foi descoberto que ele possuía a síndrome do espectro autista, sendo nível 2 de suporte, “ não verbal”.
Eu sempre soube que ele não gostava muito de contato com pessoas, claramente isso o incomodava, entretanto, confesso que não esperava esse diagnóstico. Para ele sempre foram seu pai, eu e sua babá Julie. Seu ponto forte nunca foi o contato físico, contudo, quando a agitação era persistente ele só conseguia se acalmar em meio a um forte abraço.
O fato é que depois de tudo o que houve, não consegui permanecer em Nova York, voltei para Tailândia onde estou refazendo minha vida novamente, precisava esquecer de tudo, tentar verdadeiramente seguir minha vida, teoricamente abandonei minha carreira em um hospital renomado como cirurgiã cardiotorácica. Estou em uma cidade pequena próxima a Bangkok, onde ajudo em um pequeno hospital e nos meus horários vagos eu cuido de uma terra que quero plantar flores, é bom manter a mente ocupada. Não consigo ficar muito tempo parada com meus pensamentos conflitantes.
Meu pequeno homem, a mais ou menos 1 e meio começou a falar, simplesmente do nada, nem mesmo a Irin sua psicóloga que o acompanha de perto, soube explicar exatamente o que aconteceu, essa nem a parte mais estranha disso tudo, mas o fato do Oliver falar fluentemente 6 línguas, o Tailandês, o Inglês, o Português, o Mandarim, o Espanhol e por último agora o Coreano. Entendo mais ou menos o espanhol coisas muito básicas e claro o inglês e tailandês.
Ollie toca piano como ninguém e sua paixão não acaba somente ai, ele ama planetas, constelações e não podemos esquecer da física. Ele tem apenas 6 anos e parece que tem 30, as vezes fico chocada com suas facetas. Ele nunca foi à escola, não por falta de tentativas, segundo ele o problema de não frequentar a escola, são as pessoas. Não quero impor ou forçar seus limites, eu o ensinei a ler, sigo o ajudando, só sinto que ele ainda não está pronto para o mundo lá fora, lá na frente eu e Irin tocaremos no assunto com ele novamente.
- Cheguei família. – Abro um largo sorriso enquanto passo pela porta.
Dou um beijo no topo da cabeça de Julie. – Como foi o dia de vocês? – Dou uma piscadela para meu garoto.
Ele só me olha e continua a comer sua salada de frutas. Enquanto isso, Julie sorri para mim. – Nosso dia foi produtivo, Ollie tocou piano e cantou a tarde toda em uma língua que não sei ao certo qual é. – O olho com a sobrancelha arqueada.
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Incógnita
RomanceRebecca é uma viúva, que decidiu abandonar tudo e recomeçar do zero em seu País Natal. Uma mulher misteriosa aparece do nada e pula de cabeça na sua vida e a transforma de cabeça para baixo. Simplesmente essa estranha se torna mãe do único filho de...