Incógnita

2 Turbilhão

Rebecca Patrícia Armstrong

Acordei imaginando que teria um dia agradável, tomei meu café como todos os dias em completo silêncio com Oliver, antes de sair dei um beijo em Julie e um bom dia aos dois.

Cheguei no hospital e estava em puro caos, não sei o que houve para tudo começar a dar errado logo cedo pela manhã. Houve um acidente de carro, foi uma completa confusão, tivemos que correr para a sala de cirurgia e passei horas a fio tentando manter aquele homem vivo, sendo que ele teve 3 paradas cardíacas, sinceramente achei que iria perdê-lo, por sorte conseguimos mantê-lo estável.

Sequer pude ir em casa almoçar, haviam muitas pessoas aqui, com feridas abertas e machucados. Nem sei ao certo como este hospital  ainda está de pé, com muita luta, disso não tenho duvidas, muita gente não tem essas condições de ir até Bangkok, a procura de hospitais mais completos e estruturados. O que nos resta é dar nosso melhor para essas pessoas.

No final da tarde, eu recebi um telefonema de Julie. – Oi, Julie? Aconteceu algo? – Perguntei preocupada, geralmente ela nunca me liga no trabalho.

- Becky desculpa te incomodar, sei que você deve está ocupada, mas o Oliver está em um momento de crise, não deixa eu chegar perto dele, sendo que não fala a horas, estou começando a ficar preocupada. – Quem está preocupada agora sou eu. Geralmente depois de um episódio ele sempre se acalma, não fica horas dessa maneira.

- Julie, irei ligar para a Irin ir ai em casa, ver se ela tenta falar com ele, quem sabe ele não escuta ela não é mesmo? Nesse momento eu realmente não posso sair daqui, sou a única medica, trabalhando no plantão. Tem como me manter atualizada? – Falo suspirando pesado, passando a mão no rosto.

- Tudo bem, minha menina, lhe manterei informada, mais uma vez, desculpa te atrapalhar.- Ela fala com pesar na voz.

- Você jamais me atrapalharia, sei que ligou porque se preocupa  com o bem estar do Ollie. – Falo tentando mantê-la tranquila mesmo que eu não esteja. – Obrigada mais uma vez, Beijos Julie. – Encerro a ligação e ligo em seguida para Irin.

- Irin te incomodo? Sei que não tenho te ligado com frequência, mas dessa vez não é sobre mim é sobre Ollie. – Não deixo ela falar desato a falar em um único fôlego, sinto a ardência em meus pulmões, começar a incomodar.

- Ei, amiga, calma, respira. – Ela fala preocupada. – Pode me explicar melhor o que houve?

Bom estou no hospital, não posso sair agora e Julie acabou de me ligar, dizendo que Oliver está em crise a horas e ela não sabe mais o que fazer. Ele não fala nada. – Falo quase chorando e gesticulando com as mãos freneticamente. – Sei que não está mais em horário de trabalho, mas poderia ver o Ollie e tentar acalmar ele?- Não aguento acabo me recostando na parede e agachando no chão, começo a chorar, nervosamente.

- Ei ei Becky, calma amiga, você não me atrapalha, vocês são como família, é claro que irei ir ver o Ollie agora mesmo, não precisa ficar assim, sei que gosta de estar presente quando isso ocorre, mas respira e tudo vai ficar bem. – Ela fala com gentileza e calma, tentando me transmitir paz por sua voz.

Tento me acalmar, entretanto, continuo chorando, me reergo de onde estava, e caminho ate o banheiro, ela continua na linha calada esperando eu me recompor. Me olho no espelho, coloco o celular em cima da bancada, jogo uma água no meu rosto, depois  me enxugo, pego o celular novamente e o coloco no ouvido.